Quem vê hoje uma loja da marca em cada esquina já está tão
acostumado com o nome que nem percebe o significado da vinheta na
TV: “Lojas Americanas, Americaaanas”. Ela é americana porque foi
criada por americanos, sim (norte-americanos), e um austríaco em
1929. Mas sabia que quase que ela ganhou um nome diferente? Por
pouco não foi lançada em Buenos Aires – talvez hoje se chamasse
algo como Lojas Soy Latina Americana.
Os fundadores, John Lee, Glen Matson, James Marshall e
Batson Borger, estavam em viagem para a Argentina a fim de
empreender sua loja no estilo norte-americano de preço baixo, porém
conheceram na viagem os brasileiros Aquino Sales e Max Landesman,
que os convidaram para apreciar o Rio de Janeiro. Parece coisa de
filme: “já que estamos todos aqui, reunidos, que tal dar uma
passadinha para conhecer meu país?”, “sure, com certeza,
vamos lá”.
A Cidade Maravilhosa encantou o grupo, e também se mostrava
muito mais promissora para os negócios. Foi então que os
empreendedores fundaram a Lojas Americanas (BOV:LAME3) (BOV:LAME4)
com o slogan “Nada além de dois mil réis”. E foi de dois
mil réis em dois mil réis que, dez anos depois, a empresa já estava
com capital aberto.
Já na década de 1990, mais precisamente em 1994, as Lojas
Americanas S.A. e a Wal-Mart Store Inc. criaram uma
joint-venture (palavra bonita para dizer “parceria”),
dando origem à Wal-Mart Brasil S.A. Mas a união não durou muito e
três anos depois elas se separaram, para as Lojas Americanas
focarem ainda mais no seu negócio. Com a meta de ser sempre uma
loja popular, em 1998 a empresa também vendeu 23 lojas de
supermercado que detinha.
Aproveitando a época marcada pelo avanço da tecnologia, em 1999
foi lançado o Americanas.com, portal de compras on-line.
Não demorou muito para a empresa ver o grande potencial do meio
digital e, em 2006, Submarino, Shoptime e Americanas.com se
fundiram e deram origem à B2W Digital, que também tem ações
listadas na bolsa de valores brasileira e oferece serviços de
tecnologia, logística, distribuição, atendimento ao consumidor e
pagamentos.
Hoje, quem compra no Americanas.com tem acesso a mais de 55
milhões de produtos oferecidos (entre artigos de vestuário,
alimentos de conveniência, brinquedos, itens para a casa, perfumes
e cosméticos etc.), 79 mil vendedores (os chamados
sellers, companhias que vendem seus itens em parceria com
o portal) e pode receber tudo em casa em até 24 horas – 33% de
todos os pedidos da plataforma digital foram entregues nesse
sistema em 2020. Pense em quantas empresas que você conhece fazem
isso…
E, falando em empresa, se você tem uma, talvez já tenha
adquirido produtos pelo site, mas agora a novidade é uma página
específica, o Americanas.empresas. O site é recente, surgiu no
começo de 2019, mas ele é voltado para compras na modalidade pessoa
jurídica. Uma segmentação necessária, para ir de acordo com as
novas regras de emissão de notas fiscais eletrônicas impostas em
2018.
Democratização do acesso
Como já vimos, as Lojas Americanas, apesar de já terem mais de
90 anos, nunca mudaram sua essência, prezando sempre pela
facilidade de o cliente encontrar tudo o que precisa e a preço
acessível. Atualmente, são mais de 1.700 lojas espalhadas por 747
cidades brasileiras, com cinco frentes de atendimento:
- 936 lojas tradicionais;
- 705 no modelo Express (lojas menores);
- 53 em formato de conveniência (local);
- 7 lojas digitais (sendo 70% dos itens compostos por
eletroeletrônicos);
- 2 Ame Go (loja sem funcionários, que opera pelo uso de
inteligência artificial e outras tecnologias – muitas delas
exclusivas no Brasil).
Segundo a empresa, “a base total de lojas está assim
distribuída: 50,1% no Sudeste, 22,7% no Nordeste, 10,4% no Sul,
9,1% no Centro-Oeste e 7,7% no Norte”. E acha que os números
acabaram? Ainda não.
Em 2005, a companhia fez uma parceria com o Banco Itaú, dando
origem à Financeira Americanas Itaú, ou Americanas Taií, como ficou
conhecida. O cartão dava direito ao financiamento de compras e
crédito pessoal, aumentando ainda mais as facilidades para os
clientes. Preço baixo já era bom, pagar parcelado era melhor
ainda.
A joint-venture com o Itaú durou até 2012, em 2014 os
clientes podiam usar o +Aqui, cartão de crédito das Lojas
Americanas. Já em 2018, a empresa lançou o Ame Digital, uma
fintech (financial technology, ou seja, serviço
financeiro por meio de aplicativo ou outra tecnologia digital) e
plataforma de negócios mobile (pelo celular,
tablet, notebook). Traduzindo em miúdos, já era
possível comprar pelo celular e ainda parcelar tudo.
Mas não só isso, com o Ame Digital o cliente pode comprar nas
lojas parceiras também: Submarino, Shoptime, Sou Barato, além de
poder usar o cartão em alguns comércios específicos do Rio de
Janeiro e de São Paulo. Com isso, a empresa se posiciona de acordo
com seu novo slogan: “Tudo. A toda hora. Em qualquer
lugar”.
Governança Corporativa
E para os acionistas das Lojas Americanas, será que também
existem facilidades? Quem responde isso é a própria empresa: “A
companhia possui uma base acionária composta de ações ordinárias
(BOV:LAME3) e ações preferenciais (BOV:LAME4). Além disso, desde
agosto/17, faz parte do Nível 1, um segmento especial da B3 de
Governança Corporativa. Desde 2006, Lojas Americanas mantém em seu
Estatuto Social o compromisso de conceder tag along
integral (100%) às ações ordinárias e preferenciais da companhia.
Em julho de 2020, a agência de classificação de risco Fitch
Ratings, Inc, atribuiu à companhia rating corporativo
AAA(bra) na Escala Nacional Brasil, com perspectiva estável”.
Vamos entender melhor tudo isso. Participar do Nível 1 da B3
significa que a companhia precisa divulgar de modo ainda mais claro
suas informações ao mercado, principalmente em se tratando dos
resultados dos seus balanços trimestrais, que precisam ser ainda
mais detalhados. Com isso, o investidor tem acesso a mais
informações, pois a empresa se compromete a ser mais
transparente.
Quem entra para o Nível 1 também precisa ter um free
float de no mínimo 25%. No caso de Lojas Americanas, está em
39%. Só para entender o conceito, free float significa
exatamente o que o nome em inglês já diz: circulação livre, isto é,
a empresa se compromete a garantir até 39% de suas ações circulando
no mercado, desconsiderando aquelas pertencentes aos acionistas
controladores da empresa e as pertencentes à Tesouraria dela.
Lojas Americanas também tem um tag along de 100%. Oi? A
gente explica: isso quer dizer que, caso a empresa seja comprada, o
investidor minoritário detentor de ações ON e PN não será
prejudicado, porque o novo controlador se compromete a comprar as
ações do pequeno investidor pagando, no mínimo, 80% do valor que
está sendo pago pelo controle. No caso de Lojas Americanas, essa
porcentagem é de 100%. Vale dizer que essa exigência, por lei, é
apenas sobre as ações ON, mas LAME4, como revelado pela empresa,
também faz parte.
Em se tratando do rating, isso se refere à capacidade
de a empresa honrar suas obrigações financeiras dentro dos prazos
determinados. Assim como nos filmes hollywoodianos, uma nota “A” em
uma prova tem o mesmo significado para uma agência de classificação
de riscos como a Fitch, portanto nossa companhia-alvo está com
pontos positivos na praça e você pode ler cantando: Lojas
Americanas, AmericAAAnas.
Vale dizer que a companhia também paga dividendos e juros sobre
o capital próprio. Pense que isso é como uma bonificação por você
permanecer com as ações durante um período de tempo (quanto mais
longo, mais você recebe).
Desempenho LAME3 e LAME4
Para você ter uma visão mais abrangente desses papéis, temos, a
seguir, gráficos que mostram o desempenho dessas ações no período
de cinco anos (2015 a 2020).
Obs.: a última cotação data de 18 de novembro
de 2020.
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Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024