Para saber se investir em CVC (BOV:CVCB3) é uma boa opção,
e ainda se é interessante se manter comprado nessa ação no médio e
longo prazo, é importante conhecer melhor a empresa a fundo.
A CVC foi fundada em 1972, começando a atuar com excursões
rodoviárias lá em Santo André, São Paulo. De excursão em excursão a
empresa foi crescendo e um grande marco veio em 2010, quando um dos
maiores fundos de private equity do mundo adquiriu mais de
60% de participação na empresa: o Carlyle.
Até esse momento, a companhia já oferecia um portfólio completo
de opções para turismo e lazer. Segundo ela: “São produtos em todas
as frentes: turismo aéreo, terrestre e marítimo, com pacotes já
formatados, opções de o cliente criar o próprio pacote, além de
comprar individualmente, ou atrelado a algum pacote, passagens
aéreas, diárias de hospedagem, bilhetes de trens, seguro-viagem,
locações de automóveis, ingressos para parques temáticos etc.”.
Com a entrada do fundo Carlyle, foram muitas as expansões
realizadas pela CVC, tanto em se tratando de postos de atendimento
(que, além de lojas de rua e em shopping centers ganhou também
espaços em locais como hipermercados, posto de combustível e até em
estação de metrô) como na incrementação de novos roteiros dentro e
fora do Brasil. Destaque também para o Rock in Rio (se você curte,
já sabe), evento do qual a empresa se tornou a operadora de viagens
oficial.
Em 2014, a companhia bateu um recorde histórico de vendas, que
aumentaram expressivos 20% na comparação com o ano anterior. Para
celebrar o feito, e ao mesmo tempo comemorar o primeiro ano dela na
bolsa de valores, a CVC pagou antecipadamente os proventos aos
acionistas. “A companhia aprovou, por deliberação de seus
Conselheiros, antecipar e pagar até o dia 31 de Dezembro de 2014, o
valor de R$ 14,5 milhões, em pagamentos via juros sobre capital
próprio – modalidade de dividendos escolhida pela companhia, pela
sua capacidade de geração de caixa e modelo asset light. A
novidade, inédita no mercado brasileiro de turismo, reforça a
compromisso da CVC em remunerar seus acionistas dentro de uma
política competitiva e atraente, com distribuição de até 50% do
lucro, sendo este percentual o dobro do exigido pela legislação”,
revelou a empresa.
Em 2015, ela fez a aquisição da Submarino Viagens e deteve 51%
de participação na RexturAdvance, empresa que oferece soluções para
viagens corporativas (em 2017, a CVC passou a abarcar 100% dessa
companhia, mesmo ano em que adquiriu também a Trend e a Visual
Turismo). Já em 2016 a empresa seguiu a tendência de muitas outras
empresas e pulverizou seu capital (isso significa que deixou de ter
um acionista controlador), tornando-se uma empresa de capital
disperso.
Entre 2015 e 2019, além de aquisições internas, houve ainda
externas, com a companhia entrando também em solo Argentino. Porém,
não foi isso exatamente o que mais ficou marcado nesse período – e
sim problemas contábeis.
A CVC estimou valores de contratos com fornecedores antes de
serviços serem realizados, porém os pagamentos posteriormente
efetivados se sobrepuseram ao que havia sido acordado – e isso não
foi feito uma única vez, mas sim de 2015 a 2019. A estimativa era
que a perda de receita com essa falha fosse de até R$ 250 milhões,
porém o rombo foi bem maior: acima de R$ 360 milhões. As ações da
empresa despencaram mais de 20% quando veio a mercado a
informação.
Vale dizer que essa distorção contábil chegou a ser encarada
como fraude interna e ainda como manipulação de resultados. Na
reapresentação dos resultados de 2019, realizada por uma auditoria
independente para analisar as informações financeiras, a companhia
afirma ter encontrado “falhas em seus controles internos que
resultaram em distorções decorrentes de erros em determinadas
contas contábeis e de atos praticados com indícios de
fraudes contábeis”. Grifo nos “indícios”.
Com essa situação, o então presidente da empresa renunciou (Luiz
Fogaça) e ela ficou sob nova direção, agora de Leonel Andrade. A
CVC ainda criou uma área de compliance, ou seja, um grupo
que assegura que todas as regulamentações corporativas sejam
seguidas à risca. A intenção, é claro, é não passar mais por
momentos como esse – que, espera-se, fiquem registrados apenas na
história de um passado bem distante da companhia.
2020: luz no fim do túnel ou mais
escuridão?
Pense você tendo uma agência de viagens como a CVC (BOV:CVCB3),
muito bem recomendada, oferecendo os mais variados destinos
turísticos do Brasil e do mundo, realizando sonhos, promovendo
novas descobertas, facilitando encontros… Porém, chega uma pandemia
e com ela:
- Lockdowns totais;
- Isolamento social;
- Distanciamento obrigatório;
- Quarentena;
- Fechamento de fronteiras.
O ano de 2020 já é histórico por esses e outros motivos, mas
fica marcado principalmente pelo fato de as pessoas não poderem
fazer aquilo que esperam muito para fazer: viajar. Seja para
encontrar familiares ou para turistar por aí, ficar enraizado em
casa é um cenário que não faz bem para o corpo e principalmente
para a mente.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, no auge da
pandemia, entre março e abril, foram solicitados mais de 50 mil
pedidos de profissionais para poderem atuar de modo
on-line, um valor histórico e que, é claro, fundamenta-se
na demanda de clientes pelos serviços obedecendo também as questões
de distanciamento social.
A alta da taxa de desemprego e a redução salarial também foram
fatores que impactaram muito na mente das pessoas. Segundo um
levantamento feito pela Universidade do Rio de Janeiro (UERJ), os
casos de ansiedade aumentaram em 80% durante o período da pandemia.
O Brasil, por si só, já está escalado como um dos mais ansiosos do
mundo, em que 10% da população total se insere nesse quadro.
Nesses casos, o que a mente pede e o corpo respeita é poder
sair, passear, turistar. Sem poder fazer isso, quem perdeu foram as
pessoas e também, é claro, as empresas ligadas ao turismo, como é o
caso da CVC. A companhia passou por uma paralisação das vendas,
além de cancelamentos no período. Isso incidiu no desempenho
financeiro, que foi expressivamente prejudicado – para se ter uma
ideia, no 2T20, a receita foi de R$ 3 milhões, valor 99% menor do
que o registrado no mesmo período do ano anterior.
Como até aqui só falamos em tragédias, vamos saltar agora para o
fim de 2020 e ver se as coisas melhoram? Com a expectativa de uma
vacina para imunizar a população e se esperando um aumento da
mobilidade no mundo, houve uma retomada da injeção de capital pelos
investidores na empresa. Mas não foi algo de leve: nos meses de
outubro e novembro, por exemplo, a ação da CVC era uma das mais
negociadas na bolsa, estando sempre entre as maiores altas mensais,
acima de 20%.
A maior operadora de viagens do país, e a maior agência de
turismo da América Latina, acabou fugindo do isolamento no quesito
de movimentação do seu papel, porém ainda tem muita gente dizendo
que a bonança desse momento pode não perdurar. Isso porque os
reflexos da pandemia foram bem negativos para ela, além do fato de
ter passado perrengue com um endividamento que ainda se
alastra.
Apesar disso, enquanto a pandemia estava em seu auge no Brasil,
como não vinha faturamento de vendas, ela acabou cortando outras
despesas e postergando novas expansões. Com isso, preservou seu
caixa e pôde renegociar algumas dívidas, tanto que recentemente ela
obteve a classificação brB da agência de rating Standard
& Poor’s – até então o rating estava em bRCCC. Um “b”
é bem melhor que um “C”.
Análise da empresa na bolsa
Um período que vale muito a pena conhecer é o de 2015 a 2020,
que demonstra como o mercado reagiu nesse momento mais fatídico
pelo qual a companhia passou. Veja um gráfico
exclusivo desse desempenho para poder tirar
algumas conclusões.
Obs.: a última cotação data de 02 de dezembro de 2020.
Essa análise gráfica com certeza pode te ajudar a ter uma visão
ainda mais ampla da CVC, mas existem outros modelos que podem te convencer de vez ou te
dar a certeza de que não é interessante entrar com CVC na
carteira. Entretanto, apenas para complementar essa análise,
vamos dar um exemplo bem prático só para você entender.
Se em 2013 você tivesse investido R$ 10.000,00 em CVCB3, no fim
de 2014 você teria lucrado cerca de R$ 200. Em 2016, seu acumulado
seria de mais de R$ 11.000,00. Entretanto, no fim de 2019, em
dezembro, o valor passaria de R$ 33.900,00. Já em março de 2020,
quando foi anunciada a discrepância financeira, seu saldo seria de
R$ 8.700,00.
Esse é um sobe e desce muito interessante e que você pode
visualizar para todas as empresas que tem em carteira. Ele é uma
das funcionalidades do scanner
ADVFN. Com ele, também é possível ver como anda a
saúde financeira da empresa, se é uma boa pagadora de dividendos,
como andam seus múltiplos e inclusive quais são as perspectivas
para ela. Ou seja, existe uma análise minuciosa dessa empresa, um verdadeiro
raio-x a seu dispor e dos seus investimentos também, é claro.
Outra informação extremamente relevante para todo e qualquer
investidor é saber se o preço da ação atual é justo ou não – e, se
não for, qual seria então o valor justo a ser pago pelo papel.
Acesse o scanner e saiba se vale a pena investir em CVCB3 mesmo ou
não – e aí vai um spoiler: a diferença entre o preço justo
e o quanto ela vale hoje é de arrepiar!
Neste momento em que você está lendo esta matéria, pode também
acompanhar a performance das ações da CVC e ter
outras informações em tempo real sobre ela. O
conhecimento foi e ainda continua sendo o melhor
investimento.
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conteúdo com seus amigos e colegas investidores. Será que eles
também não gostariam de saber mais sobre a CVC? É uma boa
oportunidade para conhecer ainda mais sobre ela. Aproveitem e bon$
investimento$!
CVC BRASIL ON (BOV:CVCB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2024 até Mar 2024
CVC BRASIL ON (BOV:CVCB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2023 até Mar 2024