A Usiminas reportou lucro líquido de R$ 1,3 bilhão, o maior
resultado em dez anos para a companhia, 243% superior ao registrado
em 2019, e impulsionado pelo lucro da siderúrgica no quarto
trimestre.
No ano, o faturamento, de acordo com a companhia, cresceu 8% em
relação a 2019, chegando a R$ 16 bilhões, o melhor da história,
segundo a Usiminas. O resultado, de acordo com a companhia, foi
puxado pela unidade de mineração.
Em 2020, o Ebitda chegou a R$ 3,92 bilhões, evolução de
102%.
A Usiminas registrou um lucro líquido de R$ 1,913 bilhão no
quarto trimestre de 2020, uma alta de 613% em relação aos R$ 268
milhões de lucro em igual período de 2019, enquanto o número foi
866% frente os R$ 198 milhões do terceiro trimestre do ano
passado.
A receita líquida, por sua vez, subiu 41% no quarto trimestre na
base de comparação anual, a R$ 5,47 bilhões, representando a maior
receita líquida trimestral da história da Usiminas, principalmente
pela elevação da receita líquida na Unidade de Siderurgia (+ R$ 1,2
bilhão versus terceiro trimestre de 2020), Unidade de Transformação
do Aço (+R$312 milhões na base trimestral) e Unidade de Mineração
(alta de R$295 milhões frente o terceiro trimestre).
O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$
1,607 bilhão, maior desde 2008 e mais do que triplicando na
comparação ano a ano. A margem Ebitda ajustado ficou em 29%, de 12%
um ano antes.
Vendas e Produção
“O maior volume de vendas trimestral da Unidade de Siderurgia
desde o quarto trimestre de 2015 reflete o esforço da Usiminas em
capturar a recuperação de demanda no mercado doméstico no quarto
trimestre de 2020, com crescimento de vendas em todos os seus
segmentos, com destaque para o crescimento das vendas para o
automotivo”, diz o relatório de resultados.
No ano, as vendas somaram 3,7 milhões de toneladas, queda de
9,3% no comparativo com 2019, “refletindo o impacto da pandemia da
covid -19 nos setores demandantes de aço, principalmente no 2º
trimestre de 2020.”
As vendas de aço cresceram 12%, para 1,133 milhão de toneladas,
maior número desde o quarto trimestre de 2015, volume que a
companhia espera manter no primeiro trimestre deste ano, quando
prevê vendas de aço entre 1,1 bilhão e 1,2 bilhão de toneladas.
O volume de vendas de minério de ferros, por sua vez, caiu 9%,
para 2,275 milhões de toneladas.
A pandemia fez com que a produção de aço bruto pela Usiminas
caísse 4,6% no quarto trimestre de 2020, chegando a 760 mil
toneladas. No ano, a siderúrgica fabricou 2,76 milhões de
toneladas, recuo de 15,4%.
A produção de laminados subiu 21,1% no quarto trimestre de 2020,
chegando a 1,14 milhão de toneladas. No ano, a laminação caiu 9,1%,
para 3,69 milhões de toneladas. As vendas da unidade de siderurgia
aumentaram 12% no 4º trimestre, 1,13 milhão de toneladas.
Custo e dívida líquida
O custo de produto vendido subiu 9% frente ao último trimestre
de 2019, para R$ 3,9 bilhões. A companhia encerrou o quarto
trimestre com R$ 4,868 bilhões em caixa e equivalentes de
caixa.
A dívida líquida consolidada em 31 de dezembro era de R$ 1,105
bilhão, uma queda de 65% ante o final de dezembro de 2019.
O indicador de dívida líquida/Ebitda encerrou o trimestre em 0,3
vez, de 1,6 vez um ano antes.
Teleconferência
Os preços de aço no mercado brasileiro estão dentro da meta da
Usiminas, com uma diferença para cima em relação aos valores
internacionais de 10%, afirmou o diretor comercial da maior
produtora de aços planos do Brasil, nesta sexta-feira.
“O objetivo saudável para qualquer mercado interno é um prêmio
em torno de 10%. Hoje estamos atendendo este objetivo”, afirmou
Miguel Homes Camejo em videoconferência com analistas ao responder
sobre eventuais novos reajustes de preços de aço no Brasil.
A Usiminas divulgou mais cedo forte resultado operacional
impulsionado em parte por altas sequenciais de preços na liga nos
últimos meses, além de melhora na demanda.
Com isso, ao menos no curto prazo, a companhia pode ter
encerrado movimento de reajustes, após aplicar altas em janeiro e
fevereiro na esteira de fortes incrementos de custos de
matéria-prima entre dezembro e o início deste ano, disse
Camejo.
O diretor comercial da Usiminas, Miguel Homes, também
disse que o reajuste de preços para as montadoras com
contratos com início em janeiro chegou em torno de 40%.
Segundo ele, as negociações foram fechadas por volta de outubro
de 2020, pois, para atender os contratos, a siderúrgica precisa de
60 a 90 dias para programar a produção.
“Agora, estamos negociando os contratos que começam a vigorar em
abril e, de outubro para cá, já tivemos valorização dos custos e
isso deverá refletir de alguma forma nessas negociações”, disse
Holmes.
Segundo ele, os contratos de abril com as montadoras representam
de 70% a 75% do volume enviado ao setor automotivo.
Holmes ressaltou que, com a pressão dos custos, que foi ainda
mais intensa de outubro a janeiro, há espaço para reajuste na
distribuição de até 10%. “Nosso objetivo de paridade, razoável, é
de 10% e hoje estamos atendendo esse objetivo para o mercado
interno.”
Crescimento do PIB e novos projetos
A expectativa para 2021 é ainda mais positiva. O presidente
da siderúrgica, Sergio Leite, disse que para este ano a perspectiva
é de que o Produto Interno Bruto (PIB) no país deverá crescer 3,5%
e isso irá puxar a atividade econômica.
“Há alguns setores que estão com boas perspectivas, e setores
importantes para a Usiminas, como o de máquinas e equipamentos e o
automotivo. O Instituto Aço Brasil estima que o consumo aparente
terá alta de 6%. Então estamos confiantes para 2021. Na nossa
visão, a velocidade da vacinação vai ser muito importante para essa
retomada”, disse Leite.
E para sustentar a recuperação da demanda por aço no país, a
Usiminas vai retomar a operação do seu alto-forno 2 na usina de
Ipatinga. Segundo Leite, o equipamento será religado no início de
junho e com isso serão adicionados à capacidade de produção de aço
bruto 600 mil toneladas por ano.
“Nós temos 3 altos-fornos em operação em Ipatinga e, durante a
pandemia, nós desligamos o 1 e 2. Em agosto, retomamos as
atividades do equipamento 1 e agora o 2. Com essa adição em nossa
capacidade, a compra de placas será reduzida este ano”, afirmou o
executivo.
“Hoje, temos três barragens e isso se tornou o ponto mais
delicado na operação. Duas delas já estavam desativadas desde 2015,
e a terceira em operação a jusante. As duas a montante, que estavam
fora de operação, já descaracterizamos uma, e segunda até janeiro
de 2022.” Agora, segundo Leite, a companhia está na fase final de
projetos de empilhamento a seco de rejeitos. “Vamos parar de usar
barragem. A unidade entrará no estado da arte de tecnologia da
exploração.”
Quanto ao projeto para aumentar a vida útil da mina para
minérios friáveis, o vice-diretor financeiro e de relações com
investidores, Alberto Ono, disse que a decisão sobre os
investimentos deve ser adiada para o próximo ano.
A companhia avalia um projeto para aumentar a vida útil da mina
na Mineração Usiminas (Musa) para o minério friável. A capacidade
total, que inclui friáveis e compactos, é de 60 anos.
“A expectativa inicial do ponto de decisão era o segundo
semestre de 2021, mas tivemos aqui algumas revisões, primeiro foi
em razão dos estudos e licenciamento prévio, vai levar mais tempo
que o esperado. Isso em si vai elevar o cronograma para decisão
para 2022”, disse.
O outro ponto, de acordo com Ono, é uma nova reavaliação que foi
feita e as reservas vão ter uma duração maior. “Teremos friáveis
até o final de 2026. O montante do investimento estamos fazendo um
refinamento do projeto, estamos trabalhando nisso. A questão é que
vamos ter mais tempo para essa discussão internamente.” A
estimativa anterior era de que a exploração de minérios friáveis
poderia ser feita até 2026.
Guidance 2021
A Usiminas estimou investimentos totais de R$ 1,5 bilhão neste
ano, acima do capex de 2020, de R$ 799 milhões, sendo a maior
parte, de R$ 1,2 bilhão, na unidade de siderurgia, que no ano
passado recebeu R$ 576 milhões.
A maior parte do valor (R$ 1,2 bilhão) terá como destino a
unidade de siderurgia, com a reforma do Alto Forno 3 e
investimentos em saúde, segurança e meio ambiente. Os dados constam
nas projeções divulgadas pela companhia nesta sexta-feira.
A empresa não divulgou projeção trimestral para o volume de
vendas, mas para todo o ano de 2021 espera volume de 8,5 bilhões a
9 bilhões de toneladas.
A companhia também estimou despesas financeiras líquidas de R$
300 milhões para 2021, abaixo dos R$ 580,6 milhões de
2020.
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O Credit Suisse afirmou que os fortes resultados do quarto
trimestre da Usiminas vieram acima da projeção do mercado e do
Credit Suisse. Essa batida, segundo o banco, veio principalmente da
divisão de mineração, que registrou custo caixa por tonelada 22%
menor em relação aos números do mercado e gerou resultados ainda
mais fortes.
Acreditamos que a Usiminas seja uma opção interessante para
capitalizar sobre o forte impulso nos preços do minério de ferro e
sobre a demanda brasileira de aços planos, que esperamos superar os
longos em 2021. Vemos a Usiminas sendo negociada a uma avaliação
atraente, bem abaixo de sua média histórica”, aponta o relatório,
assinado pelos analistas Caio Ribeiro, Gabriel Galvão e Gabriel
Spillmann.
O Credit Suisse manteve a recomendação de compra da ação e o
preço-alvo em R$ 21,50.
Safra
O banco Safra afirmou que os resultados do quarto trimestre da
Usiminas foram ‘muito bons’, tendo a empresa se beneficiado de um
forte crescimento e de preços mais altos no negócio de aço, além de
preços de minério de ferro mais favoráveis.
O Ebitda ficou 32% acima do esperado, uma vez que o volume
de vendas de aço superou as estimativas do Safra em 19%, e os
preços realizados do minério de ferro foram melhores do que o
esperado.
“Esses números positivos refletem a capacidade da Usiminas de se
beneficiar do ambiente favorável para mineração e aço, que
esperamos persistir em 2021”, diz o banco.
A recomendação do Safra para a ação é neutra, com preço-alvo de
R$ 9,60.
XP Investimentos
De acordo com a XP Investimentos, a Usiminas apresentou
resultados sólidos, com melhor demanda por aço no mercado doméstico
e preços de minério de ferro mais altos. O Ebitda ajustado foi de
R$ 1,46 bilhão, excluindo R$ 151 milhões em vendas de ativos no
segmento de siderurgia, alta de 79% na comparação trimestral e 15%
acima da estimativa do consenso.
Além disso, os preços mais altos de minério de ferro somado a
vendas estáveis fizeram com que o braço de mineração da companhia
atingisse um recorde anual de vendas com um volume de 8,7 milhões
de toneladas.
Para os analistas Yuri Pereira e Thales Carmos, o segmento de
mineração foi novamente o destaque, sendo beneficiado pelo aumento
do preço do minério de ferro e pela venda de produtos com maior
valor agregado.
Por outro lado, segundo os analistas, mesmo com a redução do
frete marítimo de 13,2% no trimestre, o custo caixa por tonelada
foi impactado por maiores gastos com combustível e custos com
manutenção.
Os analistas também pontuaram a boa performance do mercado
doméstico e enxergam a melhora dos resultados ao longo de 2021, com
a recuperação do setor automotivo, um dos grandes consumidores do
segmento.
Em relação à siderurgia, os melhores volumes de vendas; os
preços realizados e o mix de produtos foram os principais destaques
do trimestre, segundo os analistas.
XP Investimentos mantém recomendação neutra, com preço-alvo
em R$ 12,00.
Seus produtos são fornecidos para os segmentos da construção
civil e de eletrônicos, assim como também para os segmentos de
construção naval, tubos, eletrodomésticos, embalagens, máquinas e
equipamentos, automóveis e peças para automóveis. Produz chapas
grossas, tiras a frio, tiras a quente, revestidos e outros produtos
relacionados. A empresa exporta seus produtos para a China,
Colômbia, Chile, Tailândia, Estados Unidos e Argentina.
A Usiminas tem entre seus acionistas grupos sólidos e
experientes no setor de siderurgia e transformação do aço. Essa
composição reforça a estrutura financeira e expande o conhecimento
técnico da empresa para crescer globalmente e enfrentar todos os
desafios do mercado.