O Banco do Brasil comunicou que o atual
presidente do Conselho de Administração da instituição,
Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José
Guimarães Monforte renunciaram aos seus
cargos.
O comunicado foi feito pelo banco (BOV:BBAS3) nesta quinta-feira
(01). Confira o documento na íntegra!
A movimentação começou após a renúncia de André Brandão da
presidência da instituição, no mês passado, atribuída ao aumento da
interferência do governo Jair Bolsonaro nas estatais e, em
especial, no BB.
Na carta de renúncia, Magalhães afirma ter tomado a decisão em
razão do “reiterado descaso com que o acionista majoritário vem
tratando não apenas esta prestigiada instituição, mas também outras
importantes estatais de capital aberto e seus principais
administradores”.
No caso do BB, Magalhães aponta tentativas de desrespeito à
governança corporativa, que não foram adiante em razão da atuação
diligente do conselho e pela “higidez dos mecanismos de governança
da companhia”.
Carta de renúncia
“As circunstâncias, representadas por restrição inaceitável a
atos da administração, emergiram e impedem efetivar medidas que
visam realizar avanços na direção de ganhos de eficiência”, afirma
Monforte em trecho da sua carta de renúncia. “Acredito também que o
processo de sucessão na liderança de empresas, principalmente as de
capital aberto, não deve ser feita somente porque se detém o poder
para fazê-las.”
Monforte ocupou a posição por pouco mais de um ano. Brandão, que
deixou o posto em março, esteve à frente do BB por aproximadamente
seis meses.
O plano, que previa o fechamento de diversas agências e a
redução da força de trabalho por meio de um plano de demissão
voluntária, havia sido anunciado em janeiro e foi bem recebido no
mercado, que interpretou a movimentação como um alinhamento da
instituição bicentenária ao modelo de gestão empregado nas grandes
instituições privadas para fazer frente ao cenário competitivo que
se desenha com a entrada das fintechs na disputa pela clientela.
Mas, desagradou o presidente da República, Jair Bolsonaro, e
culminou na debandada de executivos.
“Tenho participado há alguns anos de tormentosa jornada na busca
da evolução da governança das empresas estatais. Muitos avanços
foram conquistados, não todos os pretendidos, mas conviver com
retrocesso estabelece o limite que estou disposto a aceitar”,
acrescentou Monforte, na carta, datada também de 1º de abril.
Em sua carta de renúncia, o presidente do colegiado, Hélio
Magalhães disse ter tomado a decisão em razão do “reiterado descaso
com que o acionista majoritário vem tratando não apenas esta
prestigiada instituição, mas também outras importantes estatais de
capital aberto e seus principais administradores”.
Magalhães protestou ainda contra o rito de escolha do novo
presidente do banco, “o qual simplesmente não considera o desejável
crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e
contrária às melhores práticas de governança em nível global”.
Paulo Guedes diz que Bolsonaro agiu de acordo com as
regras
Sobre a nomeação de Fausto Andrade Ribeiro para o lugar de André
Brandão como presidente do Banco do Brasil e o afastamento do
presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, o ministro da
Economia Paulo Guedes diz que nos dois casos Bolsonaro agiu “de
acordo com as regras” e não tem do que reclamar.
“Já sabia das substituições há meses. O presidente não estava
satisfeito, e é direito dele. No caso do Castelo, ele, na verdade,
vinha segurando aumentos no preço dos combustíveis. É claro que,
quando soube que ia sair, começou a realinhar os preços com o
mercado internacional para ajustar suas obrigações diante dos
acionistas. Isso causa esse problema que estamos tendo agora. E só
mostra o quanto essas estatais listadas nas bolsas de valores são
um bicho estranho”, disse Guedes.
O ministro costuma brincar que estatais listadas em bolsa “não
são nem tatu, nem cobra, ou seja: nem estatais, nem empresas
privadas” e que isso é a origem dos problemas com esse tipo de
empresa. Segundo ele, “como estatais, o governo se sente no direito
de interferir, mas acabam perdendo a agilidade e a rentabilidade
das empresas privadas”.
Quanto à nomeação de André Brandão, ele admite que não foi
indicação sua, mas que conversou e aprovou o nome do novo
presidente do Banco do Brasil. “Já o Castelo, nem era da minha área
e eu quem havia indicado. Isso ocorre com normalidade dentro do
governo”, argumenta.
Paulo Guedes nega que vá deixar o governo e lista os temas
aprovados neste ano que não teriam saído do papel se ele pegasse o
boné:
“Não teríamos o Banco Central independente, o novo marco fiscal,
o marco do saneamento, a Lei do Gás e a autorização para incluir os
Correios e a Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização. Creio
que ainda estou dando muitas contribuições ao país permanecendo
aqui.”
VISÃO DO MERCADO
Guide Investimentos
Para o analista Luis Sales, a saída do presidente do conselho já
era ventilada no mercado, o que pode minimizar o impacto negativo
em BBAS3 hoje. Em todo caso, o evento da continuidade ao cenário
negativo de governança para as empresas estatais brasileiras,
mantendo a incerteza com relação a manutenção dos programas de
eficiência do banco. Mantemos nossa recomendação Neutra em Banco do
Brasil em função da falta de clareza em relação a governança na
estatal.
Lucro do BB soma R$ 13,8 bilhões em 2020, queda de 22,2%
O Banco do Brasil (BB)
registrou lucro líquido ajustado de R$ 13,884 bilhões em 2020,
queda de 22,2% em relação a 2019 com impacto da pandemia.
Segundo o BB, o lucro foi influenciado, principalmente, pelo
aumento da PCLD ampliada em 47,6%, impactada, principalmente, pela
antecipação de provisões prudenciais que somaram R$ 8,1 bilhões.
Apesar disso, o Resultado Estrutural cresceu 5,9% o que demonstra a
resiliência do desempenho operacional no período.
Destaques positivos em 2020 foi o aumento da margem
financeira bruta em 5,1%, Despesas Administrativas estáveis com
variação de 0,1% e queda do risco legal em 51,1%. O RSPL foi de
12,0%.
4T20
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,695
bilhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 20,1% ante
igual período de 2019. Em relação ao trimestre anterior, contudo,
houve expansão de 6,1%.
Segundo o relatório que acompanha o balanço do banco, a piora na
comparação anual é explicada principalmente pelo aumento das
provisões para créditos de liquidação duvidosa, no conceito
ampliado, que cresceram 47,6% no quarto trimestre ante igual
período de 2019, influenciadas pela antecipação de provisões
prudenciais, que somaram R$ 8,1 bilhões. Já o crescimento
verificado em comparação ao terceiro trimestre está relacionado à
redução de 6,3% das provisões no conceito ampliado, à expansão de
1,5% nas receitas com prestação de serviços, ao avanço de 1,1% na
margem financeira bruta. A carteira de crédito do banco chegou ao
fim de 2020 com saldo de R$ 742 bilhões, alta de 1,5% em relação ao
que tinha em setembro e de 9% em comparação ao nível de dezembro de
2019.
BANCO DO BRASIL ON (BOV:BBAS3)
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