Abril não é apenas mais um mês no calendário, ele também marca o
início do segundo trimestre do ano. Ou seja, se até março o que
ditava muito o tom no mercado sobre alta e baixa das ações eram as
divulgações de balanços referentes ainda ao quarto trimestre e
acumulado do ano anterior, agora as empresas se preparam para
revelar mais números, dessa vez do primeiro trimestre do ano atual.
Portanto, é consenso no mercado que abril também será um mês bem
agitado.
Mas não somente por isso. Embora no encerramento de março o
Ibovespa tenha registrado uma alta de 6%, no acumulado geral do ano
ele ainda está negativo em 2%. Indo mais a fundo, é um dos piores
desempenhos em toda a América Latina, como mostra o gráfico a
seguir.Porém, o desempenho
positivo apresentado no último mês abre margem para se pensar em
uma inversão desse quadro a partir de abril, embora muitos fatores
ainda sejam determinantes para isso. Se considerar o cenário
externo, EUA ejetaram recursos na economia como nenhum outro país e
estão focando em uma vacinação massiva. A Europa esteve envolta em
lockdowns e até em certo ceticismo diante dos reais
efeitos dos imunizantes, porém agora parece retomar com força seu
plano de vacinação da população. Isso, é claro, tende a dar certo
alívio global e se refletir não apenas nas Bolsas dos países
desenvolvidos, mas também nos emergentes, como é o caso do
Brasil.
Entretanto, com os pacotes de estímulos dos EUA vem ainda uma
pressão inflacionária de brinde, o que tende a elevar os juros
longos e aumentar a força do dólar diante de outras moedas, como é
o caso do real. Portanto, é esperada uma nova alta da Selic para
estabilizar a moeda, mas não caberá apenas ao Banco Central fazer
sua parte. O investidor estrangeiro retirou R$ 7 bilhões da nossa
Bolsa em fevereiro e outros R$ 5 bilhões em março, e isso pode
continuar ocorrendo se não forem amenizadas as preocupações com a
situação fiscal do país e com a crise de saúde.
Assistimos a uma mudança ministerial recente, feita pelo atual
presidente Jair Bolsonaro, mas os analistas veem isso muito mais
como uma estratégia para garantir sua influência em todas essas
frentes, a fim de seguir com sua agenda política, do que
propriamente uma reforma que traga efetivamente reformas. Soma-se a
isso a aprovação de um Orçamento 2021 difícil de ser executado, o
que pode atravancar ainda mais a esperança de haver um desfecho
fiscal satisfatório.
Passando agora para o assunto de saúde, março deste ano foi dito
como o pior mês desde que a pandemia começou, há um ano.
Entretanto, abril já começa mostrando que, se os números alarmavam
há algumas semanas, agora ficou pior. No dia 6 houve o maior
registro de mortes por Covid em 24 horas, um total de 4.195. Até
agora, somente 8% da população está imunizada.
Entretanto, não estamos falando de um 8% totalmente imune. Veja
o gráfico a seguir para entender:O número de pessoas
que receberam as duas doses ainda é mínimo (2% da população) e,
embora o governo já tenha fechado diversos acordos para comprar
mais imunizantes, isso não significa que receberá tudo na data nem
na quantidade acordada. De acordo com o cronograma de recebimento
das doses divulgado pelo Ministério da Saúde, para abril estavam
previstas 47 milhões de doses, porém no dia 1° de abril o atual
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revelou que o Brasil receberia
somente 21,5 milhões – e infelizmente isso não era mentira.
Resumindo, ainda há muito com o que se preocupar para que nossa
Bolsa consiga se emparelhar a outros emergentes e se tornar ainda
mais atrativa ao investidor estrangeiro e também aos próprios
nativos, afinal uma retomada econômica acelera não apenas os
mercados como um todo, mas também promove o otimismo em lucrar com
ações. Enquanto esse cenário não se desenvolve, vamos ver quais
foram as pequenas grandes empresas mais recomendadas pelas
corretoras, bancos e casas de análise no mês de abril, que marca o
início do segundo round (ou segundo trimestre) das
companhias em meio a todo esse panorama.
Top 5 mais recomendadas
Se com as grandes empresas do Ibovespa normalmente figuram
sempre entre as mais recomendadas aquelas ações que são de praxe,
como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3), entre as Small Caps
nem sempre acontece o mesmo. Isso porque muito além de uma questão
apenas de liquidez dos papéis se sobressaem informações financeiras
e operacionais, que acabam sendo os grandes drivers das
recomendações. E, em tempo de pandemia, a resiliência das empresas
no enfrentamento das situações que são reflexo da crise de saúde
também se torna um grande diferencial quando o assunto é Small
Caps.
Mas, antes de revelar o ranking, é importante te localizarmos: o
levantamento para criar esse Top 5 se baseia nas carteiras
recomendadas disponíveis no compilado especial de abril da ADVFN, que traz
o portfólio sugerido aos clientes das principais corretoras, dos
bancos e das casas de análise do mercado. Ou seja, tudo reunido em
um único lugar para facilitar a visualização, o acesso das
informações e, claro, otimizar seu tempo. E tem mais: conforme
novas carteiras são divulgadas, o material é atualizado ao longo do
mês, portanto sempre há novidades. Para o nosso levantamento a
seguir, usamos as carteiras disponíveis até o dia 07 de abril
(Ágora, BTG Pactual, Easynvest, Elite, Genial, Guide, Mirae Asset e
Terra).
=> Confira a matéria especial da ADVFN com todas as
carteiras recomendadas de Small Caps para o mês de abril.
=> Veja ainda o compilado de outras carteiras
recomendadas, como as de Dividendos, de BDRS, de Fundos
Imobiliários e mais.
Ranking
O grupo das ações mais recomendadas para abril ficou da seguinte
forma:
- BrasilAgro (BOV:AGRO3) – 3 recomendações
- 3R Petroleum (BOV:RRRP3) – 2 recomendações
- CSU Cardsystem (BOV:CARD3) – 2 recomendações
- Irani (BOV:RANI3) – 2 recomendações
- Santos Brasil (BOV:STBP3) – 2 recomendações
Vale dizer que mais empresas tiveram duas recomendações, porém o
ranking apresentado traz aquelas cujos relatórios e analistas mais
desenvolveram a discussão de por que recomendaram os papéis.
Algumas corretoras trazem somente o portfólio de ações, sem
discriminar motivadores e justificativas das escolhas. Isso foi
considerado para desenvolver esse grupo das top 5 Small Caps mais
recomendadas para abril.
BrasilAgro (AGRO3)
A companhia atua com aquisição, desenvolvimento, exploração e
comercialização de terras para o agronegócio. De acordo com
relatório da Guide Investimentos, um grande
destaque da BrasilAgro se refere à captação de R$ 400 milhões feita
por meio de follow-on recente. Com o valor, a empresa estima pagar
por terras adquiridas na Bolívia, no valor total de US$ 30 milhões.
Como ponto positivo, o analista Luis Sales ressalta ainda que a
oferta traz como mais um benefício a liquidez das ações no mercado,
sem contar o aprimoramento do processo de crescimento da área
plantada e o desenvolvimento das terras que a companhia possui.
Ainda segundo o analista da Guide: “Nossa visão é positiva para
a companhia, que vem apresentando boa produtividade em suas terras
e eficácia nas vendas realizadas até o momento. Ainda, o preço da
soja e do milho atingem hoje máximas históricas, como reflexo da
forte demanda na China, o que deve se manter até a safra de
2021/2022, além do câmbio nos patamares atuais, impulsionando os
seus resultados financeiros”.
Já para a Easynvest, a BrasilAgro tem uma
estratégia muito positiva de posicionamento: ela adquire
propriedades subutilizadas ou não produtivas e insere técnicas
modernas e melhores práticas de manejo agrícola para aumentar a
produtividade. Depois que as terras se valorizam, elas são
colocadas à venda em momentos estratégicos, reinvestindo o retorno
em novas propriedades e fazendo esse ciclo girar. O lucro das
operações, é claro, também é dividido com os acionistas da empresa,
por meio de dividendos. Conforme o analista Murilo Breder, da
Easynvest, foram em média 4,5% em dividendos pagos nos últimos 5
anos pela companhia.
O analista ainda revela dados importantes: “Projeções do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o
Brasil deve aumentar a exportação de soja em 24% e de milho em 92%
até 2029. Para o próximo ano, a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), espera que a agropecuária avance mais
2,5% no PIB de 2021, apoiada na expectativa de mais uma safra
recorde de grãos, estimada em 268,3 milhões de toneladas pela
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o momento. O
resultado, o maior desde o início da série histórica em 1975,
deve-se ao aumento de 4,6% na produção da soja e de 1,7% na
primeira safra do milho. Sendo assim, com cerca de 41% da receita
total da companhia gerados pela venda de soja e milho, vemos a
BrasilAgro bem posicionada para aproveitar o aumento da exportação
brasileira”.
=> Veja a cotação atual de AGRO3 clicando
aqui.
=> Acompanhe uma análise ainda mais profunda da
empresa, com indicadores fundamentalistas, técnicos, de saúde
financeira e governança corporativa.
3R Petroleum (RRRP3)
A 3R é uma companhia que revitaliza e redesenvolve campos
petrolíferos maduros em terra e em águas rasas. Quem a coloca como
recomendação na sua carteira de Small Caps é o BTG
Pactual. Para os analistas, “a empresa simboliza o
renascimento da revitalização dos ativos petrolíferos onshore [em
terra] e em águas rasas e, como única empresa listada no segmento,
oferece valor de escassez. Com a PETR focada na geração de valor em
águas profundas e ultraprofundas, o fator de recuperação em ativos
‘não essenciais’ tem sido baixo, trazendo oportunidades de
crescimento atraentes para empresas bem gerenciadas e mais focadas,
como a 3R”. Além disso, ressalta-se ainda o fato de a companhia ter
um custo de produção baixo, o que torna o portfólio da empresa não
tão sensível aos preços baixos do petróleo vistos ultimamente.
O que também é tido como vantagens para a 3R é o fato de ela ser
um dos nomes mais baratos do setor de petróleo e gás da América
Latina, tendo também uma projeção de crescimento da produção nos
próximos 5 anos baseada em um forte plano de fusões e aquisições
estratégicas. “Além disso, pode ser uma boa opção para os
investidores que procuram exposição aos preços fortes do Brent com
exposição reduzida a riscos políticos”, afirmam os analistas do
BTG.
O analista Luis Sales, da Guide, tem uma visão
semelhante para a 3R Petroleum, porém ressalta o plano de
crescimento orgânico dos ativos da empresa, além de ela poder
aproveitar grandes oportunidades de compra presentes no plano de
desinvestimentos da Petrobras. “Acreditamos que o setor como um
todo deva enfrentar uma tendência positiva ao longo dos próximos
meses, após períodos de alta oscilação do preço do barril de
petróleo durante a pandemia. Ainda, a retomada do setor de
transportes deve impulsionar o aumento da demanda pela commodity”,
revela.
=> Veja a cotação atual de RRRP3 clicando
aqui.
CSU Cardsystem (CARD3)
Já na Carteira Small Caps da Elite
Investimentos temos a CSU, uma prestadora de serviços de
alta tecnologia para pagamentos. A companhia é recomendada
sobretudo pela perspectiva de crescimento e aumento de receitas nos
próximos trimestres, o que deve acontecer, conforme os analistas da
Elite, em especial na divisão Cardsystem (focada na gestão e no
processamento de meios de pagamento). A projeção é que, com o
retorno da mobilidade urbana e uma reabertura gradual das empresas
e dos estabelecimentos comerciais, essa divisão possa recuperar em
termos de transações realizadas com maquininhas, já que a pandemia
pressionou as margens devido a lockdowns e regras de
distanciamento social.
Já a divisão Contact da empresa (soluções e tecnologia para o
segmento de contact center) foi até mesmo beneficiada pela crise de
saúde, uma vez que as operações acabaram se mostrando essenciais
para enfrentar o período. “Assim, mantemos as ações da CSU e
continuamos tendo uma visão positiva para a companhia, na sua
capacidade de criar negócios e oferecer novos serviços aos atuais
clientes e no seu crescimento na retomada pós-pandemia”, afirmam os
analistas em relatório.
Corrobora com essa visão Murilo Breder, da
Easynvest. Para ele, o fato de muitas operações da
empresa não dependerem de contato humano foi o que a ajudou a não
ser afetada pela pandemia: “Uma operação resiliente, com boa
previsibilidade de receitas e com rentabilidade crescente e com um
múltiplo de menos de 6x EV/Ebitda. CARD3 é uma fintech rentável que
o mercado parece ignorar. O sinal dado pelo múltiplo é reforçado
também quando fazemos o fluxo de caixa da companhia. Algumas das
premissas foram: i) crescimento de receita mais robusto em 2021 e
2022 seguido de um crescimento menor, mas constante para os
próximos anos; ii) margem Ebitda consolidada continuando a se
expandir até 2026, chegando a 35%; iii) a empresa alcançando uma
alavancagem de 1,5x DL/Ebitda para financiar suas aquisições; e iv)
crescimento na perpetuidade de apenas 1% (g=1%)”, explica o
analista.
Ele também vê com bons olhos o investimento inicial de R$ 10
milhões da CSU para a aquisição de participação na Fitbank, que,
segundo Breder, “tem o Banking as a Service como core
business e tem um perfil complementar com o da CSU. Enquanto
CARD3 é focada em cartões de crédito, a Fitbank cresceu com atuação
em outras modalidades de pagamento, que estavam fora do radar das
grandes companhias. Uma das grandes avenidas de crescimento dessa
parceria pode estar em soluções ligadas ao open banking”.
=> Saiba mais sobre o investimento da CSU na
Fitbank.
=> Veja a cotação atual de CARD3 clicando
aqui.
=> Acompanhe uma análise ainda mais profunda da
empresa, com indicadores fundamentalistas, técnicos, de saúde
financeira e governança corporativa.
Irani (RANI3)
As mesmas que recomendaram as ações da CSU foram as que também
incluíram no portfólio a companhia de celulose e papel Irani.
Começando pela Easynvest, o analista Murilo Breder
lembra que essa empresa é a terceira maior produtora de papel para
embalagem do Brasil e que, com o crescimento do e-commerce, essa
pode ser uma frente bastante atrativa para a companhia. A receita
dela é composta 53% pela fabricação de embalagens de papel ondulado
(papelão) e 39% por outras embalagens. Trata-se basicamente uma
companhia com foco no mercado doméstico, exportando apenas 19% da
sua produção. Portanto, o câmbio acaba não sendo um fator de risco.
“Não apenas isso, como os custos são quase todos em reais (93% da
dívida bruta também está em reais), o preço elevado do dólar ajuda
no resultado da companhia, já que ela exporta cerca de 1/5 do que
produz”, lembra o analista.
Ele também ressalta a série de desinvestimentos feitos pela
empresa, que totalizaram R$ 133 milhões, além da emissão de
Debêntures Verdes (Green Bonds) de R$ 505 milhões. Outros
acontecimentos também favoreceram “o papel dessa empresa de papel”,
como o follow-on realizado em julho e a entrada no Novo Mercado. “A
empresa não apenas captou outros R$ 405 milhões como ainda elevou
seu free float de 10% para mais de 40%, aumentando a liquidez das
ações, e reduzindo sua alavancagem de 3,4x dívida líquida/Ebitda em
2019 para 1,1x no 3T20. A reestruturação colocou a Irani em um novo
patamar a partir de 2020, deixando-a preparada para um novo ciclo
de crescimento”, revela Breder.
Ainda sobre o assunto de empresa verde, os analistas da
Elite Investimentos ressaltam que o setor de
celulose e papel no qual se inclui a Irani é muito marcado pela
responsabilidade ambiental e companhia se posiciona bem diante dos
seus pares. Ela “se destaca no segmento ESG por ter um papel
importante na Economia Circular (70% da sua demanda são supridos
por materiais recicláveis, há 50% de autossuficiência energética e
suas florestas são certificadas – FSC). Além disso, a companhia
possui participação do mercado de créditos de carbono e seu saldo
de emissão de gases do efeito estufa é positivo nos últimos anos,
tendo retirado mais gases do que emitido”, afirmam os analistas em
relatório.
=> Saiba mais sobre a entrada da Irani no Novo
Mercado.
=> Veja a cotação atual de RANI3 clicando
aqui.
=> Acompanhe uma análise ainda mais profunda da
empresa, com indicadores fundamentalistas, técnicos, de saúde
financeira e governança corporativa.
Santos Brasil (STBP3)
Por fim, mas não menos importante, temos a operadora portuária
de contêineres Santos Brasil. Segundo análise do BTG
Pactual, a expectativa é que a empresa possa se beneficiar
da alta recente da indústria de transporte de contêineres, uma vez
que os preços e volumes subiram consistentemente após interrupções
na cadeia de suprimentos devido à pandemia. A equipe também
ressalta a “renovação do contrato com a Maersk no curto prazo, para
o qual projetamos um ajuste de preços de dois dígitos”.
=> Saiba mais sobre a negociação da Santos Brasil com
a Maersk.
Já a equipe de análise da Mirae Asset revela
que os resultados do quarto trimestre de 2020 vieram bem acima das
expectativas do mercado, portanto, “com a retomada da economia em
2021 e os baixos níveis de estoques, esperamos que as importações
continuem fortes, mesmo com o real depreciado ao longo do primeiro
semestre de 2021. Esperamos para o ano de 2021 reajustes de preços,
ainda para o 2T21, e novidades em relação à renovação do contrato
com a Maersk”.
=> Veja como ficou o balanço do quarto trimestre da
Santos Brasil.
=> Acompanhe a cotação atual de STBP3 clicando
aqui.
=> Acompanhe uma análise ainda mais profunda da
empresa, com indicadores fundamentalistas, técnicos, de saúde
financeira e governança corporativa.
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entre as Small Caps para este mês? Comenta aqui embaixo e
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