A locadora de automóveis Unidas registrou lucro
líquido de R$ 219,5 milhões entre janeiro e março deste
ano, um salto de 175,9% em relação a igual período de 2020.
A receita líquida atingiu R$ 1,611 bilhão,
crescimento de 33% na comparação anual.
O Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização –
somou R$ 528 milhões no primeiro trimestre, um avanço de 68,6%
sobre o mesmo intervalo do ano passado.
A despesa financeira somou R$ 78,2 milhões, uma
piora de 11,4% ante igual período de 2020.
De acordo com a companhia, os resultados dos últimos trimestres
demonstraram a resiliência da Unidas e a sua capacidade de
evolução, mesmo durante um período com forte redução de número de
viagens de lazer e a negócios e da mobilidade em geral. Segundo a
empresa, o crescimento nos principais indicadores poderia ter sido
ainda maior se não houvesse uma falta de disponibilidade de novos
veículos.
“Sobre o processo de fusão entre a Companhia e a Localiza, ainda
dependemos da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade), que publicou o Ato de Concentração nº
08700.000149/2021-46. A análise deste processo poderá durar até 240
dias, prorrogáveis por mais 90 dias, a contar de 08 de fevereiro de
2021”, diz o CEO, Luis Fernando Porto, no comentário de
resultados.
Os resultados da Unidas (BOV:LCAM3))
referentes suas operações do primeio trimestre de 2021 foram
divulgados no dia 29/04/2021. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
O presidente executivo da Unidas disse que o setor teve seu
crescimento no primeiro trimestre limitado pela falta de veículos e
pelas restrições de mobilidade e atividades econômicas em
algumas cidades por causa da covid-19.
“Temos restrição do número de carros e, aliados à estratégia,
subimos muito a taxa de ocupação. Percebemos que é muito rentável
nesse negócio trabalharmos com taxa de ocupação mais alta”, disse
Porto, na teleconferência de resultados.
Segundo o executivo, a desaceleração no RAC foi sentida mais no
fim do primeiro trimestre, em março, quando a restrição de
atividades ficou mais intensa. A queda das operações desse segmento
foi de cerca de 15%.
“Mas todos os nossos segmentos de vendas no RAC estão
performando melhor do que no ano passado. É uma questão de tempo
para que tenhamos mais carro e volte a acelerar. Não é um problema
de demanda.”
Hoje, o tempo estimado é de 90 dias a 120 dias para a maioria
dos carros, mas, em alguns modelos, pode chegar a seis meses. O
executivo diz que os números do segmento devem ser impulsionados no
segundo semestre, com o avanço da vacinação e melhoria na entrega
das montadoras.
“Temos uma curva crescente de entrega de veículos e acreditamos
que vai ser um momento especial, com aeroportos mais
ativos e retomada de atividades nas cidades.”
A Unidas não teve atrasos na entrega de carros nesses
primeiros quatro meses, apesar dos longos prazos. Segundo o
executivo, esses contratos e o cumprimento das entregas traz
segurança para os planos da empresa neste ano.
“A frota deve melhorar em nível de crescimento nos próximos
trimestres e em renovação”, disse.
A companhia diz que recebeu o número de veículos que estava
dentro do orçamento e combinado com locadoras. Neste
trimestre, a Unidas investiu R$ 1,1 bilhão em aquisição de novos
veículos, o equivalente a 15,9 mil carros. “Manutenção de entregas
de carros nos dá tranquilidade para crescer frota”, disse o
presidente.
De acordo com Porto, o mercado pode esperar aumento
de depreciação nos próximos trimestres, mas que isso não
deve impactar a margem das operações da companhia, em especial no
segmento de Seminovos.
“Apesar dos preços dos carros usados se manterem altos, queremos
e vamos ter um ciclo longo de boa margem nos seminovos. Vai demorar
muito para ver margem Ebitda no seminovos próxima de 0% ou 1%”,
disse o executivo.
O executivo argumenta que a depreciação é a melhor maneira de
ser conservador em uma locadora e diz que a Unidas usa a taxa de
depreciação para planejar as margens futuras de seminovos e rent a
car.
“A cada evolução do aumento dos preços dos carros usados fomos
diminuindo a depreciação. Cada canal movimentamos de uma maneira
porque a dinâmica é diferente e fazemos isso carro a carro.”
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O Credit Suisse afirma que, apesar do endurecimento de medidas
de restrição ao final de março, a companhia aumentou as diárias e
tarifas dos veículos alugados. A depreciação de veículos dobrou no
segmento de alugueis, enquanto a gestão de frota caiu.
“O movimento parece estranho, considerando que os preços de
veículos usados ainda estão altos e, apesar do preço médio dos
carros comprados ter aumentado 25%, apenas 4,6 mil veículos foram
comprados, limitando o impacto da depreciação”, pontuam os
analistas Regis Cardoso, Henrique Simoes e Alejandro Zamacona.
Credit Suisse tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$
33,00…
Safra
Os especialistas do Safra acreditam que a aprovação do
negócio pelo órgão regulador poderá ser condicionada a algumas
alterações, em consequência da potencial concentração de mercado
que a nova companhia teria no aluguel de carros – a fatia de
mercado alcançaria 65%.
Dito isso, o analista Luiz Peçanha, do Safra, afirma que, se
aprovado, o negócio será positivo para ambas as empresas, já
que elas seriam capazes de reduzir estruturalmente o custo de
capital da empresa, extremamente importante dada a natureza do
negócio.
Além disso, aumentaria o poder de barganha com as montadoras na
aquisição de veículos, e melhoraria a eficiência na venda de
veículos devido à maior malha da Localiza, reduzindo a depreciação
média dos veículos, segundo o Safra.
Apesar da perspectiva positiva para a transação, que poderia
melhorar os fundamentos da Unidas, isso ainda depende da aprovação
do Cade. Os especialistas do Banco acreditam que há chances
razoáveis de bloqueio da operação, considerando possíveis efeitos
da alta concentração de mercado nas tarifas. Isso pode ter um
efeito negativo nas ações das duas empresas
no futuro.
Safra rebaixa recomendação de compra para neutra.
XP Investimentos
A Unidas reportou fortes resultados no 1T21, com lucro líquido
de R$ 220 milhões (+175% A/A, superando nossas estimativas e as
estimativas de consenso em ~22% e ~8%, respectivamente).
Os principais pontos positivos foram: receita de GTF
+35% A/A, mostrando uma combinação de crescimento forte de
volumes [+16% A/A] e tarifa média [+ 17% A/A]), e pipeline
comercial encorajador no 2T21 (+11% T/T); e sólida
perspectiva de vendas de carros usados confirmando forte dinâmica
de lucros, com menor depreciação A/A e fortes margens de
Seminovos refletindo preços mais altos de carros usados (preço
médio do carro vendido +48% A/A).
Do lado negativo, notamos (i) desaceleração no
segmento de Rent-a-Car (RAC), com receita líquida +1%
A/A (vs. + 7% A/A no 4T20). Apoiados por uma sólida
perspectiva de crescimento estrutural do setor.
XP mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 34,00…