Pecuaristas e investidores dos Estados Unidos estão destinando
centenas de milhões de dólares à construção de novas fábricas de
carne bovina, depois que o fechamento temporário de enormes
unidades de abate no início da pandemia de Covid-19 deixou
produtores sem ter para onde enviar animais prontos para serem
transformados em carne.
Um ataque cibernético contra a unidade norte-americana da
gigante brasileira JBS (BOV:JBSS3), que paralisou quase um quarto
da produção de carne bovina dos EUA neste mês, voltou a ressaltar
as vulnerabilidades da cadeia de oferta de carnes do país, causando
mais dores de cabeça aos produtores.
Os pecuaristas, assim como o Departamento de Agricultura dos EUA
(USDA, na sigla em inglês), afirmam que o setor está muito
consolidado e, dessa forma, depende de apenas alguns grandes
processadores e de seus frigoríficos industriais.
Quatro gigantes do setor – JBS USA, Tyson Foods, Cargill e
National Beef Packing Company – são responsáveis pelo abate de 85%
do gado engordado com grãos, transformando-o em bifes, costelas e
assados para os consumidores.
As fábricas de carne de menor porte e “startups” têm o objetivo
de fornecer aos pecuaristas locais mais espaços para o abate do
gado, especialmente aquele criado para produção de carne de maior
qualidade. Segundo elas, o aumento no número de plantas pode
garantir que parte da produção seja mantida caso grandes
instalações venham a fechar.
Quando grandes frigoríficos fecham, a oferta de carne diminui e
os produtores ficam “presos” com o gado que teria sido abatido.
Isso significa que o preço do gado geralmente cai, enquanto o preço
da carne nos supermercados sobe.
As longas paralisações em alguns dos maiores abatedouros dos EUA
devido a surtos de Covid-19 afetaram a produção de carnes na
primavera de 2020 (no Hemisfério Norte), resultando na imposição de
limites para as compras por consumidores em supermercados e em uma
redução nos estoques congelados, que os processadores ainda
precisam reabastecer.
Rusty Kemp notou a necessidade de mais capacidade de
processamento após um incêndio em uma fábrica da Tyson Foods em
Holcomb, no Kansas, em 2019, que levou os consumidores de carne a
lutar por suprimentos e deixou produtores de gado sem ter para onde
vender seu gado. Em seguida, ocorreram a pandemia e o ataque
“ransomware” à JBS.
Agora, Kemp planeja inaugurar no outono deste ano uma fábrica de
carne bovina de 300 milhões de dólares no Nebraska.
“Achamos que o incêndio em Holcomb havia sido um desastre
absoluto, mas então a Covid apareceu e Holcomb passou a não parecer
mais tão ruim”, disse ele.
A fábrica de Kemp, batizada de Sustainable Beef, vai abater
1.500 cabeças de gado por dia e utilizar a tecnologia de blockchain
para que os consumidores possam rastrear cada corte de carne até a
fazenda, afirmou ele.
A Sustainable Beef tem como coproprietários produtores de gado
que fornecerão animais à fábrica para abate, em vez dos grandes
frigoríficos, acrescentou Kemp. Ele contratou ex-executivos da
Cargill –uma das maiores processadoras de carnes– como consultores,
devido a seu expertise.
Kemp afirma, porém, que não está tentando entrar em conflito com
os quatro grandes frigoríficos do país, e que fábricas maiores são
necessárias para produzir grandes volumes de carne.
“Precisamos absolutamente de mais capacidade e mais ‘players'”,
disse.
Mais espaço para o abate
Em todo o país, pelo menos cinco novas instalações de
processamento de tamanhos variados foram inauguradas ou têm planos
de abertura após os choques de oferta vistos no início da pandemia.
Considerando expansões em fábricas já existentes, incluindo uma da
JBS, a capacidade de abate diário dos EUA deve aumentar em cerca de
5%, de acordo com cálculos da Reuters e dados do Instituto
Norte-Americano de Carnes.
As condições de mercado são favoráveis para novos participantes.
A oferta de gado é ampla, enquanto os preços da carne bovina e as
margens de lucro dos frigoríficos dispararam devido às fortes
exportações e à demanda dos consumidores norte-americanos.
Em Butler, Missouri, Todd Hertzog e sua família inauguraram a
Hertzog Meat Company neste mês, após estudarem o projeto por cinco
anos.
Embora a fábrica de 3,75 milhões de dólares abata apenas cerca
de 20 cabeças de gado por dia, ela atende a fazendeiros próximos
que desejam produzir carne bovina de alta qualidade, disse Hertzog,
que administra a operação.
“A pandemia abriu nossos olhos para as necessidades dos
produtores locais”, afirmou ele.
As interrupções de produção durante a pandemia levaram Cliff
Welch a iniciar a construção de uma fábrica de processamento de
carne na região de Central City, Kentucky, a um preço de mais de
1,2 milhão de dólares. O ataque cibernético à JBS reforçou a
decisão de Welch de construir a instalação, com inauguração
prevista para o final de 2021, disse ele.
Welch pretende começar com o abate de 75 cabeças de gado por
semana, mas vê capacidade de abater 300 cabeças por semana
eventualmente. Ele disse que vai produzir cortes personalizados de
carne usando o “açougue à moda antiga”, e planeja vendê-los
localmente.
“Estou começando do zero”, disse Welch. “É um grande
empreendimento.”
Welch acrescentou ter recebido uma doação de 250 mil dólares do
Kentucky para o projeto.
Lucro líquido de R$ 2 bilhões no 1T21, revertendo prejuízo
bilionário
A JBS, companhia da família Batista, reportou ontem um lucro líquido de R$ 2 bilhões no
primeiro trimestre, já sinalizando um dividendo superior a R$ 3
bilhões em 2022, novo recorde. Nos três primeiros meses do ano
passado, a empresa divulgou prejuízo de R$ 5,9 bilhões.
A JBS, companhia da família Batista, reportou ontem um lucro
líquido de R$ 2 bilhões no primeiro trimestre, já sinalizando um
dividendo superior a R$ 3 bilhões em 2022, novo recorde. Nos três
primeiros meses do ano passado, a empresa divulgou prejuízo de R$
5,9 bilhões.
“Nossa plataforma diversificada por geografias e por tipo de
proteína tem demonstrado uma importante resiliência no nosso
resultado. Independente dos desafios enfrentados, nossas unidades
de negócios responderam bem e apresentaram evolução em indicadores
financeiros importantes, como receita líquida, ebitda e lucro
líquido”, disse o presidente da companhia, Gilberto Tomazoni.
O ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – aumentou 69,4%, para R$ 6,71
bilhões. Em termos ajustados, o ebitda aumentou 75,8%, para R$
6,876 bilhões.
Informações Reuters
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2024 até Mar 2024
JBS ON (BOV:JBSS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2023 até Mar 2024