Smartfit atrai bilhões de reais em interessados para sua oferta inicial de ações
12 Julho 2021 - 12:47PM
ADVFN News
Graças a seu potencial de crescimento, considerado único na
América Latina, a rede de academias SmartFit (BOV:SMFT3) atraiu
bilhões de reais em interessados para sua oferta inicial de ações
(IPO, na sigla em inglês). Isso mesmo com o fato de analistas terem
apontado vários desafios em sua governança. A oferta, que pode
movimentar até R$ 3 bilhões, terá seu preço definido na
segunda-feira, dia 12.
“A empresa conta com posicionamento e escala dificilmente
alcançáveis por um concorrente, em velocidade capaz de pressionar a
liderança da empresa no mercado latino-americano”, diz a Eleven
Financial em relatório a clientes. Segundo a casa de análise, a
SmartFit tem a maior taxa de crescimento anual em termos de receita
entre 2017 e 2019, de 63%, ante a média de 26% dos pares listados
no exterior. A Eleven recomenda a participação na oferta,
considerando a relação risco-retorno atrativa.
Na escala de riscos, estão o envolvimento do fundador e CEO da
empresa, Edgard Corona, em um processo no Supremo Tribunal Federal;
ações judiciais movidas por sócios minoritários contra a companhia
e o uso de parte do dinheiro da oferta para comprar uma empresa que
pertence a sócios da Smartfit. Além disso, a SmartFit tem somente
dois membros independentes em suas oito cadeiras de conselho, que,
por sua vez, é presidido pela mulher do CEO da companhia, Soraya
Corona, o que dá à família grande influência no grupo.
Corona é investigado em inquéritos envolvendo o financiamento e
divulgação de notícias contra o STF. “Atualmente não existe nenhum
tipo de condenação nem acusação formal contra o Sr. Edgard Corona,
e ainda de acordo com a empresa, não haveria nenhum tipo de impacto
material para a Smart Fit”, diz o relatório da Eleven.
A poucas semanas da precificação da oferta surgiram ainda
notícias sobre um processo na Justiça movido por acionistas
minoritários com participação na ADV Esporte, responsável por 8% do
faturamento total da rede e 3% das lojas. O sócio Adalberto Valadão
e seu filho pedem bloqueio da parte correspondente às suas ações da
empresa no IPO e ainda fazem menção a supostas irregularidades nas
contas da ADV Esporte, que tem somente representantes da SmartFit
em sua administração.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a empresa
sobre o porquê dessa disputa judicial não ter sido mencionada ao
mercado. A Smartfit respondeu que o acordo de cotistas que daria
direito a ações da Smartfit no IPO aos sócios da ADV não está mais
vigente e, por isso, não terá impacto na operação. Adalberto e o
filho alegam que o contrato foi renovado e não reconhecido por
Corona e seus sócios.
Chama a atenção ainda a destinação de parte dos recursos do IPO,
especialmente a fatia de R$ 230 milhões destinada à aquisição da
SmartEXP. “Cabe destacar que dentre os acionistas de seu quadro
societário estão executivos da SmartFit, bem como os senhores
Edgard Corona e Diogo Ferraz de Andrade Corona, também acionistas
da SmartFit”, escrevem os analistas. Eles ressaltam ainda que tanto
no prospecto como no formulário de referência não foram encontrados
detalhes a respeito do tamanho das participações destes acionistas
e nem sobre as condições da aquisição, “o que pode trazer dúvidas
em relação à transação com parte relacionada”.
Para o professor do Insper, Michel Viriato, os riscos elencados
não fazem da empresa, necessariamente, um investimento ruim. “Todo
contrato com parte relacionada deve ser visto com atenção. No
entanto, em 99% das empresas brasileiras, pela forma de criação, há
contratos com parte relacionada. Portanto, a existência não diz que
a empresa é ruim ou que estão fazendo algo errado. O importante é
que isto esteja claro, ou seja divulgado”, diz. Ele afirma que
essas questões devem constar na análise de preço dos
investidores.
O alto grau de endividamento da companhia também é apontado como
risco pela Eleven, lembrando que, em decorrência dos efeitos da
pandemia, a SmartFit precisou recorrer ao perdão (waiver) de
credores, uma vez que havia ultrapassado os limites de compromissos
assumidos.
Ao fim do primeiro trimestre, a SmartFit tinha R$ 2,7 bilhões
entre empréstimos, financiamentos e debêntures, e em consequência
da pandemia, teve seus resultados pressionados nos últimos
trimestres.
“Desta forma, ainda que tenha obtido waiver por parte de seus
credores, garantindo a não deflagração de cláusulas de
cross-default (vencimento antecipado de todas as
dívidas) e cross-acceleration (aceleração no
pagamento das dívidas), uma deterioração da situação sanitária
poderia pressionar novamente os resultados da empresa e
consequentemente sua capacidade de cumprir com certos
covenants (compromissos) financeiros”, escreve
Huang.
As debêntures correspondem a 44% do endividamento da empresa e,
em assembleia, foi aprovada a não cobrança dos covenants entre o
primeiro e o terceiro trimestres de 2021. Ainda acordaram em
permitir que a relação dívida líquida/Ebitda chegasse a 6,75 vezes
no quarto trimestre de 2021 e no primeiro trimestre de 2022.
Para a Empiricus, descontado o efeito da crise, o endividamento
da companhia estava de acordo com a geração de caixa da companhia.
Assim, de acordo com relatório da casa, com a captação
bem-sucedida, o plano de crescimento e o pagamento das dívidas
devem ficar mais confortáveis.
Informações Broadcast
SMARTFIT ON (BOV:SMFT3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
SMARTFIT ON (BOV:SMFT3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024