SG do Cade emite parecer recomendando a aprovação da fusão entre Localiza e Unidas mediante remédios
08 Setembro 2021 - 10:51AM
ADVFN News
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) emitiu parecer na noite desta segunda-feira
recomendando a aprovação da fusão entre Localiza e Unidas mediante
remédios, conforme antecipou o Broadcast. Segundo o documento,
o ato de concentração “gera riscos relevantes para o ambiente
competitivo no mercado de locação de veículos (RAC)”, principal
negócio da Localiza.
Agora, a compra da Unidas (BOV:LCAM3) pela Localiza (BOV:RENT3)
segue para ser avaliada pelo Tribunal do Cade, com prazo até os
primeiros dias de janeiro de 2022.
De acordo com investigações da própria autarquia, a união entre
Localiza e Unidas poderia resultar em uma concentração de mercado,
no RAC, de aproximadamente 70%. Conforme o parecer, os mercados
afetados pela operação são, além do RAC, gestão e terceirização de
frotas (GTF) e venda de veículos usados no atacado e varejo
(seminovos). “A presente operação acarreta sobreposições
horizontais em todos os mercados indicados.”
No mercado de RAC, a análise demonstrou a existência de
barreiras de entrada em todo o território nacional e, caso novos
players entrem no segmento, isso não seria suficiente para
contestar um eventual exercício de poder de mercado por parte das
requerentes. “O mercado pós-operação seria altamente concentrado,
contaria com apenas um outro concorrente com atuação nacional
(Movida) e a franja, composta por players regionais e locais, e não
seria capaz de rivalizar efetivamente com as locadoras
nacionais.”
Sobre o poder de portfólio de marcas, verificou-se que as
requerentes passarão a deter controle da oferta de marcas fortes de
RAC (Localiza, Unidas e as internacionais da Vanguard, Enterprise,
National e Alamo). “A oferta de todas essas marcas por um player
tão relevante no mercado de RAC tem o potencial de gerar uma falsa
ilusão para os clientes de que eles estariam comparando preços de
concorrentes, quando, na verdade, trata-se de marcas gerenciadas
por um mesmo agente”, diz o parecer.
O documento concluiu que o poder de portfólio a ser detido pela
empresa resultante da operação suscita preocupações concorrenciais
na oferta de aluguel de carros por meio de plataformas do setor de
viagens e turismo. Também concluiu-se que o acordo de aliança entre
Localiza e Vanguard restringe a possibilidade de entrada do grupo
no mercado brasileiro, reduzindo a concorrência potencial, “o que
aumenta ainda mais as preocupações concorrenciais advindas da
presente operação.”
Já em GTF, a SG entendeu que não é provável o exercício de poder
de mercado pelas requerentes. A Unidas é o maior player de gestão
de frotas do País.
Em relação a um eventual aumento de poder de compra junto às
montadoras e ao acesso das requerentes a uma política de descontos
que garantiria significativa vantagem sobre as concorrentes em RAC
e GTF, a análise foi “inconclusiva”, não sendo possível definir com
clareza a probabilidade de ocorrer.
A partir de agora, as requerentes devem analisar a recomendação
de remédios para mitigar os efeitos da operação. A SG recomenda
celebração de Acordo em Controle de Concentrações (ACC), com
remédios estruturais e comportamentais, o que deve ser analisado
pelo Tribunal do Cade.
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O parecer da Superintendência do Cade sobre a proposta de fusão
entre Localiza e Unidas foi melhor do que o esperado, na opinião do
Credit Suisse. Segundo o banco, as medidas a serem adotadas, também
conhecidas como “remédios”, podem facilitar a aprovação do negócio
pelo Tribunal da autarquia. Para o Credit, os remédios sugeridos
“são menos severos do que consideramos em nossa avaliação”.
Informações Broadcast