A produção da Petrobras caiu 2,8% no terceiro trimestre deste
ano contra igual período do ano passado, segundo dados da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre
julho e setembro, a estatal produziu 8,409 milhões de barris de
óleo equivalente (boe), ante 8,640 milhões de boe no mesmo período
de 2020.
O comunicado foi feito pela petroleira (BOV:PETR3) (BOV:PETR4)
nesta quarta-feira (20).
Segundo os dados da ANP, em setembro a Petrobras produziu 2,739
milhões de boe/dia, contra 2,808 milhões de boe/dia no mês
anterior, queda de 2,5%.
A produção de petróleo somou 2,156 milhões de barris diários em
setembro, frente aos 2,190 milhões de barris diários em agosto.
Já a produção de gás natural caiu 5,5% em setembro, para 92,7
milhões de metros cúbicos diários.
Em setembro, a produção total de petróleo e gás no Brasil foi de
3,839 milhões de boe/dia, menos 0,4% do que em agosto (3,856
milhões de boe/dia). A produção de gás natural caiu 2,36%, para
133,3 milhões de metros cúbicos por dia.
O pré-sal contribuiu com 74,10% da produção, atingindo 2,845
milhões de boe/dia, sendo 2,255 milhões de barris diários de
petróleo e 93,7 milhões de metros cúbicos diários de gás.
O campos de Tupi, ex-Lula, continua sendo o mais produtivo,
registrando 948 mil barris diários em setembro, alta de 2,85%
contra o mês anterior.
→ Importação de gasolina e óleo
diesel
A importação da Petrobras de gasolina e óleo diesel estourou no
segundo trimestre deste ano. A da gasolina disparou 950% em relação
a igual período do ano passado, e a do diesel, 548,1%. A explicação
está no crescimento do mercado doméstico, diz a Petrobras. O
crescimento das importações está no centro do embate da Petrobras
com distribuidoras.
No início deste mês, a petrolífera estatal avisou às suas
clientes que não vai fornecer uma parcela dos pedidos para
novembro. Para fazer frente à toda demanda nos postos, as
distribuidoras vão ter que importar por conta própria. Algumas
delas não gostaram da notícia e foram reclamar à Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Esse aumento de importação aconteceu ao mesmo tempo em que a
Petrobras ampliou a produção nas suas refinarias. O fator de
utilização da capacidade, no terceiro trimestre ficou em 85%, mesmo
porcentual de igual período de 2020 e 10 pontos porcentuais acima
do trimestre anterior.
Em outubro, o fator de utilização já chegou em 90%. Com esse
crescimento expressivo da importação de gasolina e diesel, a
exportação líquida da empresa caiu 49,7% na comparação com o
terceiro trimestre de 2020. As exportações totais foram de 813 mil
barris por dia (queda de 17,3%) e as importações, de 415 mil bpd
(alta de 116%). A maior parcela importada foi de diesel (175 mil
bpd) e a exportada foi de petróleo (604 mil bpd).
→ Produção comercial de petróleo e gás
natural
A produção comercial de petróleo e gás natural da Petrobras
fechou em 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d)
no terceiro trimestre deste ano. Esse volume representa um
decréscimo de 5% em comparação a igual período do ano passado. Ao
todo (incluindo a parcela que não é comercializada), a produção foi
de 2,83 milhões de boe/d.
Apenas no Brasil, a Petrobras extraiu 2,79 milhões de boe/d de
petróleo e gás, uma retração de 3,9% em relação ao terceiro
trimestre do ano passado. A produção brasileira de petróleo foi de
2,269 milhões de barris por dia (bpd), o que representou uma queda
de 4% ante o terceiro trimestre de 2020. A produção interna de gás
natural foi de 520 mil boe/d (queda de 3,7%). No pré-sal, foram
extraídos 1,67 milhão de bpd.
Em seu relatório trimestral, a Petrobras informou ainda a
fabricação de 1,93 milhão de bpd de derivados. O fator de
utilização da capacidade das refinarias ficou em 85%.
VISÃO DO MERCADO
Ativa Investimentos
O relatório de produção e vendas da Petrobras no terceiro
trimestre veio dentro das expectativas, diz a Ativa Investimentos,
com destaque para o crescimento da relevância do pré-sal no
portfólio comercial.
O analista Ilan Arbetman aponta que a participação do petróleo
oriundo do pré-sal atingiu 66,9% da produção comercial total da
estatal, alta de 1,7 ponto percentual na comparação com o segundo
trimestre e de 4,2 pontos percentuais na anual.
“A produção total evoluiu 1,2% sob o segundo trimestre e retraiu
4,1% na anual, ficando em linha com nossas expectativas”, pondera.
Ele diz que o processo de desinvestimentos em terra e águas rasas
explica a queda sob o mesmo período de 2020.
Nas vendas, a Ativa destaca a alta nos volumes do diesel e da
gasolina, que avançaram em função da retomada operacional de
parques de refino, a 85%, retornando ao nível visto um ano antes
após paradas de manutenção no segundo trimestre.
Outros fatores que Arbetman destaca é a diminuição das
restrições oriundas da pandemia e da defasagem de preços, que segue
motivando os clientes das refinarias a preencherem estoques diante
da alta do preço internacional do petróleo.
A Ativa Investimentos tem recomendação neutra para as ações
preferenciais (PN, sem direito a voto em assembleia de acionistas)
da Petrobras, com preço-alvo em R$ 32,20, potencial de alta de
13,3% sobre o fechamento de ontem.
BTG Pactual
O BTG Pactual afirmou que os resultados operacionais da
Petrobras do terceiro trimestre surpreenderam no segmento de
refino, mas vieram em linha com a projeção nos segmentos de
exploração e produção.
“A produção total de óleo e gás ficou 1% abaixo da nossa
projeção e 1% maior do que no trimestre anterior, refletindo
principalmente o aumento na produção de Sépia com a entrada em
operação da plataforma de explocaração Carioca e a produção mais
alta de Atapu, que compensou parcialmente as impressões mais fracas
em campos importantes como Búzios e Mero”, diz.
Em refino, as vendas ficaram 2% acima do que o BTG projetou,
visto que a demanda doméstica por combustível continuou a crescer
(+ 11% ante o segundo trimestre). Para o banco, as vendas mais
altas de derivados de petróleo provavelmente refletem a maior
participação da Petrobras no fornecimento total de combustível do
Brasil durante o trimestre, uma vez que as empresas privadas
reduziram claramente as importações em meio a preços domésticos
abaixo da paridade.
As importações de combustível cresceram 21% no trimestre, mas o
banco espera alguma normalização no quarto trimestre após a decisão
do governo de começar a compartilhar a responsabilidade de
abastecimento com as empresas privadas.
“Do ponto de vista operacional, a Petrobras está indo bem e está
a caminho de entregar sua meta anual de produção. Dito isso, não
esperamos que os investidores reajam puramente no momento
operacional por enquanto. Mesmo a forte geração de fluxo de caixa
nos últimos trimestres foi ofuscada por ruído político sobre sua
política de preços de combustível e o que as eleições dos próximos
anos poderiam significar para a alocação de capital no próximo ano
e além”, diz o banco.
Por fim, o BTG diz acreditar que isso deve continuar a evitar
uma reclassificação completa, fazendo com que o banco reitere a
recomendação neutra e o preço-alvo de US$ 15 para os recibos de
ações (ADR).
Credit Suisse
Os analistas do Credit Suisse apontaram que as vendas totais
permaneceram em níveis muito fortes, enquanto a produção de
petróleo aumentou ligeiramente na base sequencial, o que já era
conhecido a partir de dados públicos disponíveis pela ANP.
O principal destaque foi a redução dos estoques, o que deve
impulsionar os resultados do terceiro trimestre. Outro destaque foi
a queda nas exportações líquidas, principalmente devido aos volumes
de exportação sequencialmente menores, mas também devido a maiores
importações.
Parte da queda das exportações líquidas pode ser explicada pela
maior taxa de utilização das refinarias em cerca de 84%, ante 74%
no segundo trimestre.
O Credit projeta lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações (Ebitda) em US$ 11,5 bilhões, ligeiramente maior em
comparação com os fortes resultados do segundo trimestre devido aos
preços mais elevados do petróleo, que poderiam ser parcialmente
compensados por um menor redução de estoque no trimestre.
O banco mantém recomendação de compra (desempenho acima da
média do mercado) e preço-alvo de US$ 14,00 para o ADR, frente à
cotação de quarta (20) de US$$ 10,68.
Citi
O Citi afirmou que os números operacionais divulgados ontem pela
Petrobras vieram mais fortes do que a estimativa do banco, tanto no
negócio de exploração e produção, impulsionado pelo pré-sal, quanto
no segmento de refino, devido ao aumento das vendas de todos os
derivados de petróleo no período.
“Em nossa perspectiva, a produção pode atingir níveis mais
elevados com o lançamento da unidade operacional recém-inaugurada
(no campo Sépia) e das outras 6 unidades nos próximos 2 anos, duas
em 2022 e mais quatro em 2023”, diz o banco.
A Petrobras assinou contrato com a SBM Offshore para afretamento
e prestação de serviços (interconexão de 15 poços) no navio
plataforma que produz e armazena (FPSO) localizado no campo de Mero
4 (Bacia de Santos).
“Como a empresa continua aumentando a participação do pré-sal em
sua produção total, esperamos uma queda nos custos médios da
extração da companhia”.
A produção comercial total atingiu 2,501 milhões de barris de
óleo equivalentes por dia (boed) no terceiro trimestre, aumentando
0,7% no trimestre, mas diminuindo 5% na comparação anual. A
produção total chegou a 2,83 milhões de boed, 6% acima da
estimativa do Citi de 2,690 milhões de boed.
A produção da PBR foi impactada positivamente pelo início da
operação do FPSO Carioca no campo de Sépia na Bacia de Santos
(pré-sal) e também pela maior produção média no trimestre do FPSO
P-70 (campo de Atapu), após atingir sua capacidade de produção no
início de julho.
Em refino, a petrolífera atingiu uma taxa de utilização de 84%,
acima da estimativa do banco de 80%. A maior taxa de utilização
levou a um volume total processado de 1,851 milhão de barris de
petróleo por dia (bpd), uma alta trimestral de 13% e uma produção
de derivados de petróleo de 1,932 milhão de bpd, alta de 11% ante o
segundo tri.
A produção de diesel no período aumentou 3,3% no trimestre e
diminuiu 6,9% ano a ano, apesar das maiores vendas domésticas. A
gasolina ficou ainda mais forte, com aumento de produção de 14,3%
no trimestre e no ano, principalmente como resultado da retomada da
capacidade de produção após algumas paradas programadas e as vendas
também aumentaram (14,3% no trimestre e 18% na comparação anual),
devido não só à maior demanda por combustível, mas também aos
preços mais altos do etanol, sustentando a maior demanda por
gasolina.
A geração de eletricidade cresceu 26,2% no trimestre, atingindo
4.162 MW médios, explicado pelo pior cenário hidrológico.
As vendas totais de gás natural atingiram 89 mm m³ alta de 8,5%
no trimestre e 43,5% ano a ano, principalmente devido à maior
demanda termelétrica, enquanto as importações de gás natural
permaneceram estáveis no trimestre, mas aumentaram 11,1% no
ano.
O Citi tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 37,4 para a
ação PN e US$ 14 para a ADR.
Safra
A Petrobras pode ter resultados financeiros beneficiados pelos
preços mais elevados do petróleo e dos produtos refinados, e também
pela maior utilização das refinarias no terceiro trimestre, dizem
os analistas do Safra.
Segundo eles, os dados operacionais entre julho e setembro
reportados ontem pela Petrobras ficaram em linha com as estimativas
do banco.
Eles destacam as vendas de derivados de petróleo, que subiram
10,6% no trimestre, com destaque para as altas de 14,3% da gasolina
e de 6,4% do diesel, enquanto as vendas de querosene de aviação
cresceram 51% no período.
“As vendas de gasolina se beneficiaram da redução das restrições
à pandemia em algumas cidades e do ganho de participação de mercado
em relação ao etanol, explicado principalmente pelos preços mais
altos do etanol”, avalia a equipe do Safra.
Em relação ao diesel, os analistas veem que o principal fator
para a alta foi a sazonalidade do consumo, que costuma ser
impulsionada pela safra de grãos, e também um menor percentual de
teor de biodiesel no diesel.
“Já o volume de combustível de aviação refletiu a maior demanda
por voos domésticos e internacionais”, acrescentam os
analistas.
Em relatório, o Safra reforça que a Petrobras tem sólida geração
de fluxo de caixa e o seu plano estratégico é um bom sinal, pois
indica que a empresa vai concentrar esforços em seus principais
direcionadores de valor.
Por outro lado, há riscos de ingerência política. Apesar de ser
uma companhia estatal, a equipe do banco não vê uma privatização em
andamento no curto prazo. Além disso, os analistas avaliam que
outra greve de caminhoneiros também é uma preocupação, apesar de
não refletir no preço-alvo do Safra para as ações preferenciais da
Petrobras, que segue em R$ 38.
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