A SulAmerica registrou prejuízo líquido de
R$ 31 milhões no quarto trimestre de 2021. Foi uma reversão frente
ao lucro líquido de R$ 42,7 milhões registrado no mesmo período de
2020.
“Nas últimas semanas de dezembro/21, passamos a observar um
aumento do números de casos, acompanhando o rápido avanço da
variante ômicron, movimento este que continuou nos primeiros meses
de 2022 e vem gerando, principalmente, uma maior frequência em
atendimentos de pronto-socorro, além de consultas e exames”,
justificou a empresa.
Apesar de um crescimento de 3,4% nas receitas operacionais de
seguros, para R$ 5,06 bilhões, o resultado da companhia refletiu um
crescimento “acima da tendência história” da sinistralidade, que
chegou a 89,4% nos segmentos de saúde e odontologia. Isso
representa um aumento de 9,2 pontos percentuais em relação à
sinistralidade do quarto trimestre de 2020.
O ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ficou negativo em R$
263,3 milhões. A linha final do balanço foi amenizada pelo
resultado financeiro da empresa no período, que cresceu 259%, para
R$ 118,4 milhões.
A sinistralidade consolidada atingiu 84,9% no período, um
acréscimo de 9,2 pontos percentuais na comparação anual. No total
de 2021, a taxa ficou em 85%, queda de 8,1 p.p. em relação a
2020.
O resultado financeiro atingiu R$ 118,4 milhões no quarto
trimestre, com alta anual de 258,5%. Em 2021, a linha atingiu R$
279,8 milhões, com alta de 126,4% frente a 2020. Segundo a
companhia, o resultado positivo acompanhou a performance dos ativos
pós-fixados em função do aumento na taxa básica de juros Selic.
Por outro lado, o aumento tem um efeito negativo na linha de
resultado de empréstimos da SulAmérica, que “apresentou piora de
183,5% no trimestre e 46,7% no ano, dado que o serviço da dívida da
Companhia está majoritariamente indexado ao CDI”.
O índice de despesas administrativas ajustado chegou a 8,7%,
refletindo com uma melhora ainda mais relevante, de 1,3 p.p. em
relação ao 4T20. Nos 12 meses de 2021, o índice foi de 7,5%,
aumento de 0,5 pontos porcentuais.
De acordo com a empresa, tanto no 4T21 quanto em 2021, foram
observadas reduções nominais no nível de despesas, de 11,3% e 1,5%,
respectivamente.
A SulAmérica apresentou adição de 357 mil beneficiários no
portfólio de saúde e odonto coletivo, alta de 8,8% no comparativo
anual. Houve crescimento orgânico (excluindo aquisições) de 334 mil
beneficiários nos planos coletivos de saúde e odonto, o que
corresponde a um avanço de 8,2%.
Os resultados da
SulAmérica (BOV:SULA3) (BOV:SULA4) (BOV:SULA11)
referentes suas operações do quarto trimestre de 2021 foram
divulgados no dia 22/02/2022. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
Após divulgar também seus resultados na noite de ontem, a
SulAmérica realizou pela manhã sua teleconferência com analistas. O
foco, contudo, esteve muito mais sobre a operação com a Rede D’Or
do que nos números do quarto trimestre de 2021.
“A união entre SulAmérica e Rede D’Or abrirá oportunidade de
desenvolvimento e crescimento. As operações devem ser mantidas
independentes e depende da aprovação de acionistas e regulatórios”,
abriu Ricardo Bottas, diretor-executivo (CEO) da seguradora.
Bottas destacou que a seguradora, com a incorporação, deve
avançar ainda mais em sua agenda de crescimento. “Com anúncio de
transação, seguimos mais fortalecidos em nossa agenda de M&As e
de crescimento inorgânico”, comentou.
Conforme falas do executivo, a combinação dos negócios facilita
o avanço da SulAmérica sobre carteiras nas quais eles já “possuem
interesse” e abre ainda espaço para crescimento orgânico através
dos planos verticais.
“É complicado falar em integração. A Rede D’Or sempre foi um dos
nossos grandes parceiros e isso deve continuar. Continuaremos,
porém, nos relacionando com outros prestadores. Está no acordo que
as operações seguem independentes”, defendeu o CEO.
Quanto ao prêmio que acionistas da seguradora ganharão, Bottas
se declarou satisfeito. “É um prêmio diferente do que se tem visto
em recentes transações no mercado. Estamos bastante satisfeitos”,
disse. “”Reforço minha confiança na transação em gerar valor para
stakeholders e demais acionistas da companhia”.
A combinação dos negócios deve ainda ser aprovada em assembleia
de acionistas. Após isso, para sair do papel, faltará a permissão
dos órgãos reguladores, sendo eles o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (CADE), Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Banco Central
do Brasil.
VISÃO DO MERCADO
Ativa Investimentos
A SulAmérica apresentou um resultado abaixo das nossas
expectativas. Apesar de um topline ligeiramente abaixo das nossas
projeções, o mau desempenho se deu de fato pelo aumento
significativo da sinsitralidade no período, em função do maior
número de procedimentos eletivos e atendimentos associados à
covid-19. De positivo, destaca-se a evolução orgânica do segmento
mid-ticket, a expansão da carteira de beneficiários em saúde e
odonto e a melhora no resultado financeiro, que deve seguir
tendência positiva com a perspectiva de escalada nos juros.
A SulAmérica é uma das maiores empresas de planos de saúde e
seguros do Brasil. A empresa conta com mais de 90% de sua receita
proveniente do segmento de saúde complementar e possui diferenciais
importantes, como um sólido e diversificado canal de distribuição e
parceria com redes hospitalares renomadas.
Apesar da empresa ser muito dependente de seu resultado
financeiro, o que comprometeu o seu desempenho recente, vemos um
valuation descontado em relação aos seus pares e um ambiente de
novo ciclo de alta nos juros, o que deve beneficiar a empresa nos
próximos anos e justifica nossa posição de COMPRA para o ativo.
Credit Suisse
Os analistas do Credit, porém, apontam alguns riscos que a
operação pode trazer. A Rede D’Or, por exemplo, pode ter problemas
com outras operadoras que contratam seus serviços ao avançar em
planos verticalmente integrados com a SulAmérica. Bradesco Seguros
e Amil, concorrentes diretos da seguradora que será incorporada são
responsáveis por, respectivamente, 25% e 10% das receitas da
companhia de hospitais.
Além disso, para o banco suíço, os planos verticais com a
SulAmérica podem ainda aumentar a importância de hospitais menos
lucrativos do grupo, prendendo a rede em ativos pouco
atraentes.
Por fim, há um risco relevante de a negociação ter problemas com
políticas antitrustes. Isso porque a rede de hospitais já teria,
aos olhos do Credit Suisse, um poder de barganha considerável
contra seus pagadores e é uma prestadora importante em muitas
geografias.
Morgan Stanley
O Morgan Stanley, apesar de afirmar que a operação se trata de
uma união de “duas ótimas companhias”, começa sua análise dizendo
que há até então “mais dúvidas do que respostas”.
“Após a reação positiva de ontem, achamos que o mercado pode
questionar a estratégia por trás dessa fusão”, comentam.
Apesar de os negócios serem complementares e da união trazer
vantagem competitiva, os interesses das duas companhias, para o
banco, são difíceis de convergir pela questão das culturas
diferentes por de trás dos mundos de seguros e médico. “Há uma
lacuna, por exemplo, entre inflação e inflação médica”,
finalizam.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters