O IRB Brasil Re registrou prejuízo líquido de R$ 370,9 milhões, frente a um prejuízo líquido de R$ 644,2 milhões no 4T20, o que representa uma redução de 42,4% no período.

O resultado líquido contábil da companhia no quarto trimestre foi negativamente impactado pela maior frequência de sinistros, que foi 53,7% superior a do ano anterior. Os principais responsáveis foram os segmentos de rural, aviação e vida, notadamente nas carteiras no exterior.

As despesas gerais e administrativas no 4T21 totalizaram R$ 92,6 milhões, um aumento de 9,5% em relação ao 4T20. O índice de despesa administrativa foi de 8,9% no 4T21, em virtude do efeito da operação de LPT, que reduz o prêmio ganho. Excluindo-se este efeito, o índice de eficiência seria de 5,5% em 2021 comparado a 5,0% em 2020.

No quarto trimestre de 2021, a companhia apresentou um consumo de caixa operacional de R$ 1,2 bilhão, principalmente pelo pagamento de sinistros e repasse de prêmios por cessão de riscos.

Três fatores principais explicam a redução de caixa observada no 4T21 em relação aos trimestres anteriores: maior volume de pagamentos de sinistros, decorrentes de melhorias operacionais implementadas e maior velocidade na liquidação dos sinistros e prestações de contas para atender às demandas de nossos clientes; adiantamentos concedidos a cedentes, principalmente no ramo Rural; e maior repasse de prêmio de retrocessão ao exterior, para garantir nossas proteções.

O volume total de prêmios emitidos do IRB no quarto trimestre de 2021 totalizou R$ 2 bilhões, queda de 0,9% na comparação com o mesmo período no ano anterior. No Brasil o resultado ficou em 1,2 bilhão e no exterior R$ 811,8 milhões.

Já em 2021, os prêmios emitidos ficaram em R$ 8,7 bilhões, ante R$ 9,5 bilhões em 2020. Os prêmios emitidos no Brasil totalizaram R$ 5,329 bilhões, o que representou um incremento de 9,3%, refletindo a nova estratégia e a resiliência do negócio em um ano de pandemia, com maior volume de prêmios emitidos em vida (+43,7%) e rural (+23%).

Já os prêmios emitidos no exterior foram de R$ 3,431 bilhões, com redução de 27,3% em relação a 2020, também em linha com a estratégia da companhia.

A despesa com retrocessão, em 2021, apresentou uma redução de 24,1%, refletindo ajustes no portfólio que permitiram uma diminuição dos custos de proteção da carteira, notadamente nos negócios oriundos do exterior, onde houve recuo de exposição e melhora de resultados em 2021.

Assim, o total dos prêmios retidos foi de R$ 5,556 bilhões, com incremento de 3,3% em relação ao ano anterior, como reflexo da redução da despesa de retrocessão. Por fim, o total de prêmios ganhos nos 12 meses do ano foi de R$ 5,9 bilhões, com aumento de 3,8% em relação a 2020 devido ao efeito positivo na variação das provisões técnicas.

O sinistro retido total foi de R$ 1.288,2 milhões no 4T21, uma elevação de 53,7% em relação ao 4T20. O índice de sinistralidade total no 4T21 foi de 123,5%, apresentando uma alta de 31,4 ponto percentual ante o mesmo trimestre do ano anterior, de 92,1%.

O aumento da sinistralidade total do 4T21 é reflexo da elevação no componente PSL (Provisões de Sinistros a Liquidar), que se refere aos avisos de sinistros que a Companhia recebeu no período e que apresentou aumento de 148,3% em relação ao 4T20. Esse aumento decorre, primordialmente, de sinistros contratados em anos de subscrição anteriores a 2020.

“A sinistralidade de 2021 pode ser explicada por dois fatores. O primeiro diz respeito a contratos subscritos em períodos anteriores a 30/06/20, data em que iniciamos o processo de ressubscrição, cujos sinistros representaram 75% do volume total registrado no ano passado. Já o segundo tem relação com alguns contratos vultosos que apresentaram frequência e severidade de sinistros acima do previsto em decorrência de sua operação. Não podemos deixar de observar que a Companhia já registrou R$ 168 milhões de sinistros retidos oriundos da covid-19, sendo R$ 146 milhões no exercício de 2021”, afirma Raphael de Carvalho.

Em 2021, o caixa gerado pelas operações do IRB totalizou R$368 milhões, mas no quarto trimestre de 2021, a companhia apresentou um consumo de caixa operacional de R$ 1,2 bilhão, principalmente pelo pagamento de sinistros e repasse de prêmios por cessão de riscos.

O resultado financeiro e patrimonial foi positivo em R$ 168,6 milhões, contra um resultado negativo de R$ 160,3 milhões no último trimestre de 2020, impactado pelos seguintes fatores:

  • Carteira de investimentos, combinada com o aumento da taxa Selic;
  • Contribuição da variação cambial líquida positiva;
  • Receita de Gestão Financeira da IRB Asset;
  • Despesas com debêntures e IOF

O resultado financeiro e patrimonial em 2021 foi de R$ 618 milhões, superior ao apresentado em 2020, de R$ 125 milhões, em razão do maior estoque de ativos, do aumento da taxa Selic e de efeitos não recorrentes.

Os resultados do IRB Brasil RE (BOV:IRBR3) referente suas operações do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia 25/02/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

O ano de 2021, segundo a diretoria do IRB, foi para consolidar a reconfiguração da liderança da organização. O foco agora é total na ampliação da participação no mercado de seguros doméstico para alavancar as vantagens competitivas da empresa.

“Enxergamos o IRB sustentável com no mínimo 2/3 no mercado doméstico. A América Latina é uma área de extensão natural dessas vantagens competitivas e o restante do mundo é mais complementar”, afirmou Raphael de Carvalho.

Segundo ele, a diluição de riscos é um dos pilares para crescer de maneira sustentável. “Olhamos estar presente em mais negócios, mas em cada um deles estar mais sob controle”.

Os segmentos vida e rural representaram 46% dos sinistros do IRB em 2021. E 59% dos sinistros em 2021 vêm de contratos no exterior, “indicando que a sinistralidade se reduziria com a maior concentração no mercado doméstico”, segundo Willy Jordan.

2022 será ano de inflexão para o IRB

Embora fortemente impactados por anos anteriores, os resultados de IRB Brasil devem ser melhores em 2022, com um IRB robusto em solvência e ativos, disse Raphael de Carvalho.

A expectativa é de um 2022 mais positivo do que 2021 e 2020 apoiado em uma economia nacional melhor para este ano. A companhia espera ter menos impactos da Covid-19 nos negócios e projeta um cenário de taxa de juros mais positivo. “É o ano em que a confiança que os nossos clientes demonstraram nessa organização continuará acontecendo e viabilizando junto com o amadurecimento da política de subscrição para um ano mais positivo para a organização”, afirmou Raphael.

O plano estratégico em implantação pela nova administração do IBR começa a trazer resultados em 2022, destacou o presidente da seguradora. “Esse negócio tem sua dinâmica, seu tempo, e isso começa a se concretizar em 2022 de maneira mais explícita”, projeta Raphael.

Enquanto analistas seguem pessimistas, Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais da Bolsa, afirmou recentemente ao InfoMoney que aproveitou a queda recente das ações do IRB no último dia 4, quando a cotação chegou a R$ 2,82, para comprar mais ações da empresa. Ele aumentou mais a participação no seu capital – e quase “de graça”, como ele define. Estima-se que tenha desembolsado R$ 4,5 milhões na operação.

VISÃO DO MERCADO

BB Investimentos

O IRB Brasil Re entregou no 4T21 um resultado que consideramos negativo, mesmo diante de um cenário ruim já esperado, com prejuízo líquido de R$ 370,9 milhões, que só não foi maior por conta de seu resultado financeiro positivo que veio da utilização de benefícios fiscais advindos de impostos diferidos.

Apesar do resultado negativo do trimestre, não realizamos nenhum ajuste em nossas premissas para a companhia.

Apesar do elevado potencial de valorização, mantemos a nossa recomendação Neutra, dado o cenário de incerteza e de volatilidade nos resultados apresentados pela companhia, e até que observemos entregas de resultados apontando para uma trajetória positiva e consistente no longo prazo.

BB Investimentos mantém recomendação neutra com preço-alvo em R$ 5,00…

BTG Pactual

O IRB divulgou seus resultados do 4T21 ontem à noite, registrando um prejuízo líquido de R$ 371 milhões. Os dados da SUSEP já indicavam uma perda líquida, mas acabou sendo muito maior do que nós e o consneso estávamos modelando.

O índice de sinistralidade continua muito alto, pois a empresa continua lutando por conta de antigas apólices emitidas durante a administração anterior, que está sendo acusada de fraudes e outras irregularidades. Diferente dos trimestres anteriores, o IRB também queimou muito dinheiro desta vez.

A combinação desses eventos também significa deterioração dos índices de liquidez e solvência. Pelo que entendemos, a situação parece ruim.

Ao todo, reforçamos nosso entendimento de longa data de que o processo de re-subscrição pelo qual o IRB está passando não é uma linha reta ou rápida. Mas ainda assim, temos que admitir que esperávamos que o IRB estivesse em uma situação mais confortável agora, já que a antiga administração foi demitida em março de 2020, quase 2 anos atrás.

Claramente, os problemas do IRB eram muito maiores do que se imaginava. A questão aqui é que os resultados mais recentes não sugerem que as perdas líquidas devam parar para sempre tão cedo. O IRB provavelmente ainda precisa de mais tempo para digerir todos os problemas que o antigo time de gestão deixou.

Mas, por outro lado, precisa continuar crescendo para construir uma história operacional mais limpa e nova para gerar resultados futuros. E para isso, talvez precise levantar mais capital. Reiteramos nossa visão cautelosa.

Vemos o IRBR3 sendo negociado a 1,1x o VP mais recente, mas sinalizamos que grande parte deste valor (~50%) está relacionada a créditos fiscais.

BTG Pactual tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 3,60…

Citi

O Citi ressaltou que foram mantidas as tendências dos trimestres anteriores, mas ainda assim os números tiveram surpresas ruins. Os analistas avaliam que os persistentes e elevados resultados negativos estão pressionando o capital da companhia.

“Os problemas de IRB Brasil parecem maiores e a empresa está demorando para apresentar resultados positivos”, afirmam. Eles reforçam que as projeções de longo prazo para a empresa permanecem baixas.

Citi mantém recomendação de venda com preço-alvo de R$ 3,70…

Credit Suisse

O banco justificou a redução de suas estimativas de forma a refletir os resultados de subscrição piores do que o esperado e uma posição de capital mais apertada, uma vez que o “re-underwriting” (limpeza do balanço) continua a pesar na lucratividade.

Embora um cenário de Selic mais alta deva levar a receitas financeiras significativamente melhores, a rentabilidade deve continuar a ser impactada no médio prazo, especialmente devido à maior retrocessão para acomodar o excesso de capital mais apertado. A retrocessão ocorre quando a resseguradora transfere parte dos seus riscos absorvidos a outros resseguradores ou até mesmo para seguradoras.

Além disso, os efeitos dos negócios descontinuados (run-off) devem prosseguir até 2023, implicando em sinistralidade acima da média; os analistas ainda citam comissão acima da média e redução do crescimento de receita decorrente de critérios mais rígidos para novos contratos.

Os analistas do Credit agora projetam prejuízo líquido de R$ 29 milhões em 2022 versus sua última estimativa de lucro líquido de R$ 350 milhões, além de reduzir a estimativa de lucro para 2023 de R$ 570 milhões para R$ 225 milhões, com a estimativa para o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) indo de 14,6% para 6,2%.

“Estamos introduzindo a projeção de R$ 408 milhões de lucro líquido em 2024 (11,0% ROE), implicando em melhores perspectivas; no entanto, definimos o ROE de longo prazo em 14%, 250 pontos-base abaixo das nossas últimas estimativas, além da visibilidade reduzida”, apontam.

Os analistas ressaltam darem “o benefício da dúvida” da companhia não precisar de aumento de capital, como já chegou a ser discutido no mês passado, pois o modelo do banco considera taxas de retrocessão mais altas e venda de ativos para ajudar a resolver a posição de capital mais apertada, o que provavelmente limitará sua capacidade de acelerar o crescimento dos negócios e a capacidade de pagar dividendos no médio prazo.

Credit Suisse tem recomendação underperform com preço-alvo de R$ 5,00…

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters
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