A terceira proposta da Aliansce Sonae para fusão com a BRMalls abriu a porta para o início formal das tratativas entre as empresas, mas o valor ainda não agradou o Conselho de Administração da companhia de shoppings centers, apurou o Estadão/Broadcast. A nova proposta deverá, contudo, ser encaminhada para deliberação dos acionistas da empresa em assembleia, embora a expectativa seja que a Aliansce suba mais uma vez o valor de sua oferta.

Pelos novos termos, a oferta apresentou um aumento de aproximadamente 18% comparando com a relação de troca originalmente proposta em janeiro, pelos cálculos da BrMalls (BOV:BRML3). A transação embute o pagamento de R$ 1,25 bilhão em dinheiro mais a entrega de 326,3 milhões de ações (avaliadas em R$ 7,1 bilhões), representativas de 55,2% do capital social da nova companhia combinada.

O restante será via troca de ações. Internamente, a visão na BRMalls é de que a partir desse valor já é possível que as duas partes se sentem na mesa para discutirem a transação, embora a avaliação ainda seja de que o valor não seja suficiente para um acordo. A proposta ainda não seria consenso entre os principais fundos acionistas da empresa.

Nos bastidores, a ideia seria chamar uma assembleia para que a nova proposta seja avaliada pelos acionistas e, assim, evitar mais polêmica com investidores menores, que já queriam ter votado sobre a fusão. No entanto, se de fato essa proposta for para assembleia, o conselho não deverá dar sua recomendação para aprovação. Esse aval costuma ser o balizador para o voto favorável vindo de investidores estrangeiros. Assim, sem o sinal verde do conselho, dificilmente a oferta passará pela votação. Com isso, Aliansce (BOV:ALSO3) estará pressionada para fazer uma nova oferta.

Em paralelo, a BRMalls tem uma carta na mão: ela está em negociação com a Ancar, que terá a chance de fazer uma proposta superior à da Aliansce para ser a escolhida para a fusão com a BR Malls.

Vai e volta

No começo de janeiro, a Aliansce publicou sua primeira proposta de fusão, que daria origem ao maior conglomerado de shoppings do País. Mas o conselho de administração da BrMalls rejeitou a oferta de forma unânime por entender que não havia um prêmio à altura da transação.

Ambas as partes são favoráveis a uma combinação dos negócios por entenderem que há chance de ganhar escala, diluir custos e explorar sinergias. A barreira para o negócio seguir adiante era o preço. Em março, a Aliansce subiu a oferta, mas novamente foi rejeitada sob a justificativa de ainda não pagar o valor esperado pelos acionistas da BrMalls.

Os quatro maiores acionistas da BrMalls – Squadra, Capital International, Atmos e Velt – ainda estariam divididos sobre o novo lance. Sem contar que há uma negociação de fusão que corre paralelamente com a Ancar Ivanhoe.

Esses fatores colocam pressão sobre a Aliansce para chegar à assembleia de acionistas da BrMalls com uma proposta assertiva, de fato, e não contaminada por dúvidas.

A Aliansce tem o apoio de acionistas minoritários, entre os quais Truxt, Miles e Oceana, mas ainda sem atingir uma base forte o suficiente para garantir a aprovação da transação – o que requer a maioria dos acionistas da BrMalls (não só os presentes na futura assembleia).

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