A Localiza registrou um lucro líquido de R$ 517,4 milhões no primeiro trimestre de 2022, crescimento de 7,3% na comparação com igual período de 2021.

“No primeiro trimestre, apresentamos avanços importantes nos resultados. Depois de revisitarmos todo nosso processo interno para situações de roubo de carros, tivemos redução significativa nos custos relacionados a este tema, o que contribuiu para a expansão das margens”, afirmou a companhia no documento.

A receita líquida somou R$ 2,7 bilhões entre janeiro e março deste ano, redução de 3,1% na comparação com igual etapa de 2021.

A receita líquida de aluguéis apresentou crescimento de 32,7%, sendo 35,6% na Divisão de Aluguel de Carros e 22,8% na Divisão de Gestão de Frotas. A Localiza atribui o crescimento da receita de aluguéis a “maior diária média, visando equalizar o nível de retorno da companhia, em contexto de aumento no preço dos carros novos, nos custos de frota (manutenção, peças, depreciação) e juros”.

Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – alcançou R$ 1,13 bilhão de janeiro a março, avanço de 41,3% ante igual intervalo de 2021. Com isso, a margem Ebitda (sobre receitas de aluguel) ficou em 68,1%, ante 63,9% um ano antes.

O retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) do trimestre totalizou 18,6% e o spread em relação ao custo da dívida depois de impostos foi de 11,0 pontos percentuais, resultado, segundo o documento publica na noite desta segunda-feira (2), da “visão de longo prazo e disciplina da companhia na alocação de capital, além da busca contínua por geração de valor, mesmo num cenário de aumento da taxa de juros e preço de carros novos.

No 1T22, a divisão de gestão de frotas apresentou aceleração no crescimento sequencial e anual, com receita líquida 22,8% maior em relação ao mesmo período do ano anterior, resultado do crescimento de 11,9% no volume e 9,9% na diária média.

O número de novos contratos de aluguel desta divisão vem crescendo, mas ainda não está inteiramente refletido na frota alugada em função do backlog de carros a receber para novos contratos e renovação, ainda acima de 18 mil.

A Localiza apresentou entre janeiro e março um consumo de caixa de R$ 735,1 milhões. A forte geração de caixa das atividades de aluguel foi consumida principalmente pelo maior Capex de renovação por carro, resultado do aumento do preço do carro novo, e do mix de compra superior ao mix de venda, em contexto de restrição de produção de carros e desequilíbrio entre oferta e demanda.

A companhia apresentou no primeiro trimestre, adição de 4.124 carros na frota viabilizada pela redução do ritmo de desativação, ainda em contexto de produção de veículos impactada pela escassez de semicondutores.

No 1T22, o preço médio do carro vendido subiu 34,9% em comparação ao 1T21, refletindo os aumentos nos preços dos veículos novos e o mix de venda no Seminovos.

A dívida líquida da empresa foi de R$ 8,07 bilhões, aumento de 14,8% na comparação com o final do ano passado, reflexo da renovação da frota. A companhia encerrou o trimestre com R$ 5,75 bilhões em caixa. Considerando as captações de abril de 2022, antecipadas para financiar a renovação e crescimento da frota, a empresa tem uma posição proforma de

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda, ficou em 2 vezes em março/22, elevação de 0,1 vez em relação ao final de 2021.

Os resultados da Localiza (BOV:RENT3)referente o primeiro trimestre de 2022 foram divulgados no dia 02/05/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

A Localiza apontou, em teleconferência de apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2022 (1T22) nesta terça-feira (3), que há aceleração das entregas de veículos desde o primeiro trimestre, e que a expectativa é de que isso continue a ocorrer no segundo.

Rodrigo Tavares de Sousa, CFO da companhia, ressaltou que há incertezas, com fatores como a Guerra da Ucrânia pesando negativamente. Porém, em caso de desaceleração das entregas no segundo trimestre, estas devem ser compensadas no terceiro, avaliou.

O executivo ainda afirmou que a empresa mantém um “excelente relacionamento” com as montadoras, em meio à escassez da oferta de carros. No momento, com a queda de restrições advindas da pandemia, a empresa vem buscando realizar mais reuniões com executivos das montadoras.

Questionado sobre a rápida melhora sobre os indicadores de roubos no primeiro trimestre, o CFO afirmou que a frota agora é mais conectada. “Agora, há um processo mais rigoroso com o uso de tecnologia e algoritmos de avaliação de crédito e fraude, que levaram a um reconhecimento mais rápido de roubos no trimestre passado. Assim, houve menos roubos reconhecidos no primeiro trimestre”, apontou.

Com relação à melhora nas margens, tanto no segmento RAC (aluguel de carros), com alta de 14,2 pontos na base anual, quanto no GTF (gestão e terceirização de frotas), Nora Lanari, diretora de relações com investidores, destacou alguns fatores para o bom desempenho.

São eles, a alta da receita de 31,6%, com volume de diárias subindo 2,7%, e levando a uma alta dos preços; melhora de 4 pontos percentuais na PDD (provisão por devedores duvidosos); 2 pontos percentuais de efeito por conta de créditos de PIS/Cofins; menos gastos com serviços de terceiros; e melhora em manutenção equivalente a um ponto percentual na margem, em especial por conta do melhor desempenho em se tratando de roubos.

Com alta de preços e custo de financiamento de carros, a empresa ainda ressaltou que reforça aluguel para motorista de aplicativo.

Nora afirmou que na alta temporada – no quarto trimestre e no primeiro trimestre – há um aluguel muito forte da pessoa física. Normalmente, depois do primeiro trimestre há redução da sazonalidade e aumento da relevância dos aluguéis de longo prazo, com alta dos aluguéis pontuais novamente no quarto trimestre.

No momento, a empresa busca reduzir o custo para o segmento do motorista de aplicativo, oferecendo uma alternativa como substituto à alta dos preços dos carros e dos juros para financiamento. Neste contexto, acelera-se a demanda pelo aluguel de carros como alternativa à compra.

Idade média de carros para aluguel aumenta, satisfação se mantém

Questionado em teleconferência sobre a alta da idade média da frota de carros de aluguel de carros, Sousa afirmou que o processo de desativação da frota segue critérios técnicos. Atualmente, há extensão do tempo de uso de carros mais populares, e desativação maior dos carros premium.

Ele diz que, mesmo com as mudanças, o NPS (Net Promoter Score, metodologia para medir satisfação de clientes) está elevado e que, se houver aumento da insatisfação, a estratégia pode ser reavaliada.

Nora Lanari afirmou que a idade média da frota operacional está hoje em 16,7 meses; há um ano estava em 12,6 meses; e historicamente gira próximo a 7 meses. Ela diz que há uma “inteligência de alocação dos carros por segmento”, de forma a manter o NPS.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

De uma forma geral, os números da Localiza foram vistos como positivos, o que levou a uma sessão de alta para ações. O avanço foi de 1,90%, a R$ 52,45, ainda que em desaceleração após terem chegado a subir 4,68% mais cedo. Já o Ibovespa fechou em leve queda de 0,10%.

O Bradesco BBI destaca que a margem de aluguel de carros se recuperou, enquanto a receita líquida ficou acima das estimativas do BBI em 3%, mas veio 4% abaixo do consenso, devido à receita de rent-a-car (RAC) aumentar 36% na base anual, com elevação de preços de aluguel diário; maior receita de gestão de frota, impulsionada pelo aumento de preços diários; e receita de seminovos caindo, já que a Localiza vendeu menos carros no trimestre.

O Ebitda foi impactado negativamente por R$ 12 milhões em despesas relacionadas à fusão com a Unidas. “Se ajustarmos para este efeito, o Ebitda ajustado seria de R$ 1,2 bilhão, superando a estimativa do BBI de R$ 1,0 bilhão e o consenso de R$ 1,1 bilhão”, aponta.

Bradesco BBI mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 67,00…

Citi
Os resultados da Localiza no primeiro trimestre de 2022, no geral, parecem um pouco decepcionantes, com o crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) abaixo do da rival Movida e a queima de caixa livre pela quarta vez nos últimos cinco trimestres, avalia o Citi, em relatório.

Os analistas Stephen Trente e Filipe Nielsen destacam que o Ebitda da operadora brasileira de aluguel e revenda de automóveis foi de R$ 1,1 bilhão, alta de 41% em base anual e 7% acima da previsão do Citi.

Em relação à rival Movida, que reportou alta de 183,5% no Ebitda, o crescimento da Localiza no primeiro trimestre parece comparativamente morno, escrevem os analistas. “À medida que as restrições globais de fornecimento de automóveis são atenuadas e os preços e margens de aluguéis de carros se normalizam, parece que a Localiza pode ter mais dificuldade em buscar clientes premium”, dizem.

No trimestre, o fluxo de caixa livre da Localiza foi negativo de R$ 735 milhões, ante a estimativa do Citi de R$ 478 milhões negativos. Segundo os analistas, a Localiza queimou caixa à medida que sua frota envelheceu, ao atingir uma idade média de 18 meses — um aumento de 26% em base anual, que incluiu 16,7 meses para a divisão de aluguéis de carros e 21,3 meses para aluguel de frota.

Citi tem recomendação de venda com preço-alvo de R$ 50,00…

Credit Suisse

A Localiza apresentou resultados de primeiro trimestre surpreendentemente acima do esperado, diz o Credit Suisse. O banco suíço destaca que o Ebitda de R$ 1,1 bilhão foi 7% além das estimativas, enquanto o lucro líquido de R$ 517 milhões superou em 11% as projeções.

Os analistas Regis Cardoso, Henrique Simões e Alejandro Zamacona escrevem que o desempenho da companhia foi positivo nas três unidades de negócios, aluguel de veículos, gestão de frotas e seminovos.

Em aluguel de carros, uma melhora acima do esperado nas margens, que chegaram a 57,1%, ajudaram os números. Maiores tarifas compensaram volume de diárias menor no período, enquanto a companhia continuou a reduzir perda de carros.

Gestão de frotas e seminovos continuaram a crescer, aponta o banco, entregando bons resultados e Ebitda acima das projeções. O número de carros vendidos, 14,6 mil, parece pouco, afirmam, mas faz parte da estratégia de conservação de frota da Localiza.

A depreciação por carro se manteve sob controle em R$ 2 mil na unidade de aluguel e R$ 1,3 mil em gestão. As taxas devem aumentar com a Localiza renovando frota nos próximos trimestres e tendo que pagar mais por carros novos.

Credit Suisse tem recomendação de compra com preço-alvo em R$ 74,00…

XP Investimentos

Para analistas da XP, os principais pontos positivos foram o forte desempenho do Ebitda de RAC devido a tarifas sequencialmente mais altas e melhora da margem, refletindo eficiências capturadas ao longo do 1T22, bem como a operação de Seminovos continuamente fortes apesar de apenas 14,5 mil carros vendidos no trimestre.

Do lado negativo, analistas observam o ambiente de compra de carros ainda prejudicado, levando a uma queda sequencial de volume na divisão RAC, devido aos gargalos relacionados à cadeia de suprimentos em meio à indústria automotiva.

Ainda assim, reiteram a visão positiva e recomendação de compra para a Localiza.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters

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