A Marcopolo registrou lucro líquido de R$ 99,3 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 13,3 milhões reportados no mesmo trimestre de 2021.

A produção total da Marcopolo atingiu 3.084 unidades nos três primeiros meses deste ano, 2,3% superior ao 1T21.

A receita líquida somou R$ 958 milhões entre janeiro e março deste ano, alta de 14,9% na comparação com igual etapa de 2021.

Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – mais que dobrou na base anual, somando R$ 51,3 milhões entre janeiro e março, ante os R$ 23,5 milhões vistos um ano antes. A margem Ebitda subiu 2,6 pontos percentuais (pp), para 5,4%.

A empresa explica que o desempenho foi afetado positivamente pelo “melhor mix de vendas, melhores margens a partir da recomposição de preços, maior diluição de despesas e pelo resultado da equivalência patrimonial”.

A produção consolidada da Marcopolo foi de 3.084 unidades no 1T22. No Brasil, a produção atingiu 2.715 unidades, 5,0% superior à do 1T21, enquanto no exterior a produção foi de 369, 14,2% inferior às unidades produzidas no mesmo período do ano anterior.

No trimestre, a produção foi afetada negativamente, tanto no Brasil como nas operações internacionais, pelos afastamentos de colaboradores provocados pela variante Ômicron no mês de janeiro, bem como pela falta de determinados componentes, especialmente semicondutores e chassis. A Companhia encontra-se preparada para uma produção superior àquela obtida no 1T22, tendo acelerado o rampup de produção a partir do mês de março. O aumento dos patamares de produção depende, nesse momento, da melhora das condições de abastecimento de componentes, principalmente chassis.

As despesas com vendas totalizaram R$ 44,7 milhões no 1T22, ou 4,7% da receita líquida, contra R$ 42,7 milhões no 1T21, 5,1% sobre a receita líquida. A linha foi beneficiada pelo início da reversão da provisão para devedores duvidosos associada a uma exportação para tradicional cliente da América Central, constituída no 4T21. Dos R$ 17,0 milhões provisionados, a Companhia conseguiu recuperar R$ 1,2 milhão nesse trimestre – novas reversões dessa provisão são esperadas nos próximos trimestres.

As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 49,7 milhões no 1T22, ou 5,2% da receita líquida, enquanto no 1T21 essas despesas somaram R$ 49,9 milhões, 6,0% da receita líquida.

O lucro bruto totalizou R$ 112,3 milhões nos três primeiros meses de 2022, crescimento de 11,8% em relação ao mesmo trimestre de 2021. A margem bruta foi de 11,7% no 1T22, um baixa de 0,3 p.p. na comparação anual.

O retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) foi de 4,4% no 1T22, se mantendo estável em relação ao mesmo período de 2021.

O resultado financeiro líquido foi positivo em R$ 90,5 milhões, ante um resultado de R$ 27,1 milhões negativos registrados no mesmo período do ano passado.

A participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira de carrocerias foi de 53,4% no 1T22 contra 53,3% no 4T21.

O destaque do trimestre foi o crescimento de 13,7 p.p. no market share da Companhia no mercado de ônibus urbanos, com bom despenho das entregas direcionadas ao Caminho da Escola e à exportação. Adicionalmente, conforme se acentua a tendência de recuperação do mercado de rodoviários pesados, também a participação de mercado da Companhia no segmento mostra crescimento, com a volta das atividades de turismo e linhas regulares no pós pandemia, e o sucesso no lançamento da Geração 8.

O endividamento financeiro líquido totalizava R$ 1.065,2 milhões em 31.03.2022 (R$ 923,2 milhões em 31.12.2021). Desse total, R$ 477,3 milhões eram provenientes do segmento financeiro (Banco Moneo) e R$ 587,9 milhões do segmento industrial.

Cabe ressaltar que o endividamento do segmento financeiro provém da consolidação das atividades do Banco Moneo e deve ser analisado separadamente, uma vez que possui características distintas daquele proveniente das atividades industriais da Companhia. O passivo financeiro do Banco Moneo tem como contrapartida a conta de “Clientes” no Ativo do Banco. O risco de crédito está devidamente provisionado. Por se tratar de repasses do FINAME, cada desembolso oriundo do BNDES tem exata contrapartida na conta de recebíveis de clientes do Banco Moneo, tanto em prazo como em taxa.

Os resultados da Marcopolo (BOV:POMO3) e (BOV:POMO4) referentes suas operações do primeiro trimestre de 2022 foram divulgados no dia 03/05/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

O diretor financeiro (CFO) da Marcopolo (POMO4), José Antonio Valiati, afirmou nesta terça-feira (3) que a empresa não enfrentava havia muitos anos um processo inflacionário igual ao observado nos últimos dois – o que vem levando clientes a resistirem a aceitar repasses de custos.

Dessa forma, segundo o executivo, apesar da demanda forte, vem sendo difícil para a empresa recuperar margens por conta do impacto da inflação. Mesmo assim, afirmou que a rentabilidade caminha para um patamar mais próximo do histórico, anterior à pandemia.
As declarações foram dadas durante teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre da empresa, quando a Marcopolo reverteu prejuízo e reportou lucro de R$ 98 milhões. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 118%, a R$ 51,3 milhões.

Após a divulgação do balanço, as ações da empresa valorizaram-se 2,24%, cotadas a R$ 2,74, enquanto o Ibovespa fechou em leve queda de 0,10%.

Concorrentes repassam custos

O CEO da empresa, James Bellini, afirmou que vê a concorrência repassando custos mais lentamente do que a Marcopolo, mas que não vê sentido em manter market share às custas de rentabilidade, acrescentando que a fabricante busca um equilíbrio entre os dois fatores.

Com isso, segundo ele, a Marcopolo vem abrindo mão de negócios menos rentáveis de forma a não prejudicar as margens.

No balanço, a empresa afirmou que o desempenho foi afetado positivamente pelo “melhor mix de vendas, melhores margens a partir da recomposição de preços, maior diluição de despesas e pelo resultado da equivalência patrimonial”.

Falta de componentes prejudica produção

Segundo o balanço da Marcopolo, a produção total atingiu 3.084 unidades nos três primeiros meses de 2022, cifra 2,3% superior a do primeiro trimestre do ano passado. A analistas, os executivos da companhia ressaltaram que, no primeiro trimestre, a produção sofreu com variante Ômicron do coronavírus e falta de chassis.

Se não fosse a falta de componentes, a tendência seria uma adição maior do que de 15% na produção já a partir de abril. A diretoria disse que a expectativa é de que as entregas se acelerem a partir de junho, e ressaltou que as entregas foram postergadas, não canceladas, de forma que devem se acumular para mais tarde neste ano.

Bellini afirmou que dentre as 3.850 unidades previstas na licitação do programa Caminho da Escola, realizada em abril, 1.200 são carrocerias de ônibus urbanos. Ele afirmou ainda que a expectativa é de que a licitação seja homologada em qualquer momento, e que depois disso as entregas deverão ocorrer dentro de um ano.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

Em uma avaliação divulgada após a teleconferência, o Bradesco BBI afirmou que a Marcopolo “parece ter atingido um ponto de inflexão e deve apresentar recuperação de volume e lucratividade nos próximos trimestres, aproveitando a recuperação das viagens de ônibus no Brasil, aliviando a escassez de chassis de ônibus no 1S22 e os volumes retornando para o ‘Programa Caminho da Escola”.

O programa foi barrado por suspeitas de superfaturamento e direcionamento, mas a Marcopolo espera que o leilão seja homologado pelo TCU nas próximas semanas: “com isso, a Marcopolo teria capacidade suficiente para entregar 3.850 ônibus até março de 2023”.

O Bradesco BBI ressaltou que a Marcopolo alcançou market share de 35% para ônibus rodoviários pesados ​​no mercado doméstico, que apresenta maiores margens de lucro. Na visão do banco, essa tendência deve continuar nos próximos trimestres com a retomada do turismo no Brasil, combinada com o aumento das passagens aéreas e a melhora gradual da escassez de chassis de ônibus.

Além disso, o banco ressaltou o novo leilão do Caminho da Escola, avaliando que este em breve deve ser ratificado pelo Tribunal de Contas do Brasil (TCU). Segundo o Bradesco, um resultado positivo deve desencadear uma revisão do consenso de receita de 2022 de aproximadamente R$ 1 bilhão.

Bradesco BBI mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 4,00 e upside de 49%

XP Investimentos

A XP observou que as margens da Marcopolo foram positivamente afetadas por maiores preços unitários e melhor mix de vendas, porém, prejudicadas pela recente valorização do real.

Os analistas destacam que a produção de 3,1 mil unidades foi atingida por gargalos relacionados à cadeia de suprimentos, com indicativos dados pela companhia de uma aceleração no ramp-up de produção a partir de março de 2022, como uma leitura positiva para a demanda adjacente do setor. A XP reitera recomendação neutra para a Marcopolo.

 

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters

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