No início de 2021, a gigante de infraestrutura CCR estava prestes a perder uma de suas maiores concessões: a Nova Dutra. A empresa travava também uma briga com o governo de São Paulo envolvendo o prazo de concessão do Sistema Anhanguera-Bandeirantes (Autoban). Juntos, esses contratos representam 25% das receitas da companhia. Um ano depois, o quadro é diferente. A empresa não só garantiu a manutenção dessas rodovias como incorporou 18 novos ativos ao seu portfólio.

Nesse período, a CCR (BOV:CCRO3) venceu quatro leilões de rodovias, de aeroportos e de contratos de mobilidade urbana, o que significa R$ 23 bilhões de investimento só com os novos. Para este ano, a empresa vai elevar em cerca de 80% os recursos dedicados à expansão e à melhoria das concessões, para R$ 4,5 bilhões.

Esse valor representa quase o dobro do montante investido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e por estatais do setor em 2021, de R$ 2,5 bilhões, segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Desde que assumiu o comando da CCR, em meados de 2020, o executivo Marco Cauduro iniciou um processo de mudança interna. Mexeu na parte organizacional e montou uma agenda de crescimento. “O objetivo é criar a mentalidade de que não somos só uma operadora de ativos, mas uma prestadora de serviço público essencial.”

Nos próximos cinco anos, a companhia vai concentrar suas forças em rodovias, mobilidade urbana e aeroportos. “Vamos continuar com protagonismo nos leilões”, afirma.

Em 2021, a empresa manteve a concessão da rodovia Dutra por mais 30 anos ao vencer o leilão em outubro do ano passado, com outorga de R$ 1,8 bilhão e investimentos de R$ 15 bilhões durante o contrato. “Esse era um ativo chave para a empresa. É quase 1 milhão de viagens por dia”, diz o presidente da CCR. Nesse caso, a maior obra que terá de ser feita é a duplicação de 16 quilômetros (km) da Serra das Araras, no Rio de Janeiro, que custará R$ 1,2 bilhão.

⇒ Disputa encerrada

A empresa também resolveu a briga sobre a concessão do Sistema Autoban. Desde 2015, havia uma discussão em torno de um aditivo contratual que dava à CCR mais oito anos de concessão. Antes de deixar o governo de São Paulo, João Doria prorrogou até 2037 as concessões da Autoban, SPVias e Via Oeste, com contrapartida de a empresa pagar R$ 1,2 bilhão de outorga. “Essa disputa causava insegurança jurídica muito grande e impedia que uma série de projetos fosse executada na velocidade necessária”, diz Cauduro. A prorrogação dos contratos com o governo paulista envolve investimento total de R$ 2,3 bilhões na melhoria e expansão das rodovias.

A companhia sofreu com os efeitos da pandemia. Em 2021, faturou quase R$ 12 bilhões, sendo 60% vindos das concessões rodoviárias. Mas as receitas com pedágios cresceram apenas 1,6%. Em compensação, os demais negócios avançaram: mobilidade e aeroportos cresceram 73% (em parte pela incorporação de novos ativos).

Segundo relatório do Itaú BBA, esses ativos têm sido importantes para incrementar a receita. A expectativa é de que os números melhorem, pois o volume de passageiros de aeroportos e de mobilidade urbana ainda está, respectivamente, 27% e 35% abaixo dos níveis pré-pandemia.

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