Acionistas da BrMalls e da Aliansce Sonae devem aprovar a proposta de fusão entre as duas empresas nas assembleias presenciais marcadas para esta quarta-feira, 8. A reunião da BrMalls começará às 14h, e a da Aliansce, às 17h.

A votação para os acionistas de ambas já foi aberta por meio de voto à distância, e os boletins com os resultados parciais divulgados pelas empresas na tarde desta terça-feira, 7, mostravam que a maioria dos investidores é favorável à combinação dos negócios.

A BrMalls (BOV:BRML3) informou que acionistas com uma participação equivalente a 47% na companhia já enviaram suas manifestações, sendo uma fatia de 79,8% a favor e 19,9%, contra. Em termos nominais, foram computados 310,7 milhões de votos à favor, o que corresponde a 35,6% da base total de acionistas.

Para que o negócio siga adiante, é necessária uma aprovação de acionistas correspondentes a uma participação superior a 50% da base total. O Broadcast apurou que esse patamar já está praticamente encaminhado.

Isso porque dois acionistas da peso da BrMalls favoráveis à fusão ainda não votaram. São eles: Squadra – com 9,48% de participação, ou 82,7 milhões de ações – e Oceana, com 5,7%, ou 49,7 milhões de ações. Se somados os votos das duas acionistas, o total de votos favoráveis chega a 443,1 milhões, o equivalente a 50,75% da base total.

Os votos da Aliansce (BOV:ALSO3) já estão computados no boletim da BrMalls, segundo fontes. A Aliansce foi quem procurou a concorrente para negociar uma fusão no fim de 2021 e, ao longo dos últimos meses, também passou a comprar ações da rival para influenciar a tomada de decisão dentro da empresa.

“É uma barra alta para a transação ser aprovada, pois tem que chegar a 50% mais um do total das ações das companhias. E normalmente só votam 65% dos acionistas”, comenta uma fonte diretamente envolvida nas negociações.

“Tem chegado muito voto favorável na BrMalls, mas a aprovação está ’em cima’. Muitos acionistas grandes são garantidos. O pequeno investidor é que não pode achar que já fechou e deixar de ir na assembleia. Tem que ir para garantir”, complementa.

A Aliansce também divulgou um boletim com o resultado parcial da votação à distância mostrando que a aprovação está confirmada, ao menos do seu lado. Segundo o boletim, os votos favoráveis equivalem a 93% dos votos já apurados e a 75,4% da base total de acionistas.

As consultorias ISS e Glass Lewis, contratadas para ajudar os acionistas a votar, recomendaram a aprovação da transação, conforme apurou o Broadcast. A manifestação dessas consultorias é muito levada em consideração principalmente por investidores estrangeiros, que não acompanham o dia a dia do negócio.

Diante da proximidade da aprovação do negócio, as ações da BrMalls fecharam em alta de 1,93%, o terceiro maior avanço no Ibovespa, que recuou 0,11% nesta terça-feira. Já os papéis da Aliansce Sonae caíram 0,70%.

Nasce uma gigante de shoppings

Se a proposta de fusão for confirmada, dará origem à maior companhia do setor no Brasil, com 69 shoppings e vendas anuais de R$ 38,5 bilhões. São números bem maiores que os das principais concorrentes: a Multiplan tem 20 shoppings, e a Iguatemi, 16.

Mas ainda será preciso do sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Conforme já noticiou a Coluna do Broadcast, a Aliansce está negociando a venda de três a quatro shoppings em cidades onde haveria uma concentração de empreendimentos nas mãos do grupo combinado.

O pacotão inclui os empreendimentos Boulevard Londrina (PR), Boulevard Vila Velha (ES), Uberlândia Shopping (MG) e um quarto a ser definido no Rio de Janeiro, podendo movimentar algo em torno de R$ 800 milhões. O objetivo da venda antecipada é agilizar a aprovação da fusão no órgão antitruste e evitar que a operação seja alvo de eventuais sanções.

O novo conglomerado vai aumentar seu poder de barganha com fornecedores e varejistas. O grupo concentrará, por exemplo, 109 lojas da Renner, 103 da Arezzo e 121 do grupo Soma (dono de Farm, Animale e Hering).

A fusão também deve gerar sinergias na ordem de R$ 210 milhões por ano via elevação de receitas, corte de despesas e ganho de escala em programas de fidelidade, publicidade e digitalização dos canais de vendas.

Mas as sinergias não devem ser embolsadas imediatamente pelos investidores. Analistas fizeram as contas do custo para colocar a fusão de pé e acreditam os gastos devem ofuscar os ganhos no curto prazo.

Casa empresa deve desembolsar em torno de R$ 65 milhões com assessores e advogados contratados para ajudar no processo. E a BrMalls vai gastar outros R$ 50 milhões em um programa de incentivo para reter executivos, diretores e gerentes durante a integração das operações, que no futuro terá os executivos da Aliansce no comando.

Informações Broadcast