Eletrobras: oferta de ações que resultou na privatização da companhia movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões
09 Junho 2022 - 11:34PM
ADVFN News
A oferta de ações que resultou na privatização da Eletrobras
movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões, depois de o preço de cada
papel ser definido a R$ 42 na noite de quinta-feira, 9, segundo
fontes de mercado. O ajuste de preço foi alvo de uma intensa
disputa entre investidores locais e estrangeiros, que só terminou
depois das 20h. A venda da estatal de energia via Bolsa foi o maior
movimento de desestatização do País em duas décadas. A fatia do
governo e do BNDES no negócio deve cair a cerca de 35%.
O preço de R$ 42 representou um desconto de 4% em relação ao
valor da ação ao fim do pregão de quinta-feira, de R$ 44. Além de
ter sido uma das maiores ofertas de ações em todo o mundo no ano de
2022, a operação da Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6)
também foi a maior operação na B3, a Bolsa brasileira, desde a
megacapitalização da Petrobras, em 2012, que movimentou R$ 100
bilhões.
Grandes investidores marcaram presença na operação, entre eles o
fundo 3G Capital – dos fundadores da Ambev – e banco Clássico, de
José Abdalla Filho, que também é um relevante acionista da
Petrobras. A demanda total, considerados todos os tipos de
investidores teria superado R$ 70 bilhões.
Mas a oferta da Eletrobras teve um empurrão importante da
possibilidade de uso de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) para a compra de ações. Foi a primeira vez em cerca
de 20 anos que o trabalhador brasileiro teve essa oportunidade.
Antes, isso ocorreu com papéis da Vale e da Petrobras.
Diante da oportunidade, a demanda foi alta: cerca de 350 mil
pessoas reservaram ações da companhia. O teto para uso do FGTS era
de R$ 6 bilhões, mas a demanda ficou em R$ 9 bilhões, ou 50% a
mais. Por essa razão, deverá haver uma redução em relação aos
valores reservados por trabalhadores.
O investidor que fez uso de seu FGTS para entrar na oferta não
poderá se desfazer do investimento por um prazo de no mínimo 12
meses – exceto em alguns casos, como o de demissão sem justa
causa.
De olho em ganhos de eficiência
Em relação à privatização da companhia, um dos primeiros passos
esperados por fontes de mercado ouvidas pelo Estadão é a troca de
executivos da companhia e também do conselho de administração. Com
a redução de sua participação, o governo terá menos assentos no
colegiado, abrindo espaço para que fundos de investimento indiquem
seus representantes.
A partir dessa mudança, o novo conselho deverá fazer uma mudança
geral no quadro administrativo da empresa, incluindo todo o alto
escalão.
Analistas do setor acreditam que a empresa poderá ter mais
fôlego para investir, incluindo em fontes de energia renováveis. “A
Eletrobras terá exatamente o mesmo modelo de governança que já foi
testado em outras privatizações do setor elétrico na Europa.
A disponibilidade de caixa e o uso do mercado de capitais para
novas captações vão permitir novos planos de investimento que são
essenciais no segmento”, aponta Fabio Coelho, presidente da Amec,
associação que representa mais de 60 investidores, entre locais e
estrangeiros, que têm investimento de mais de R$ 700 bilhões na
Bolsa brasileira.
Segundo Coelho, um dos pontos relevantes na “nova Eletrobras”
será uma maior agilidade na tomada de decisão. “É importante
ressaltar que o governo continuará sendo o maior acionista
individual, e que, portanto, terá acesso a maior porcentual dos
lucros esperados, justificando, assim, o interesse público na
operação”, comenta.
Mais próxima do setor privado
Sócio do M3BS Advogados e especialista em negócios públicos,
Lucas Miglioli afirma que, com a privatização, a Eletrobras deve se
tornar mais eficiente. “Tornando sua burocracia mais compatível com
a do setor privado, terá mais agilidade para enfrentar um cenário
cada vez mais competitivo e ávido por novas tecnologias”, disse. “A
expectativa é de que, ao deixar de ser controlada pela União, a
Eletrobras deixe de atuar como mera operadora e ganhe protagonismo
no setor.”
Para o público em geral, uma das expectativas é de que a conta
de luz fique mais barata, mas pode não ser bem assim. Sócio do PMMF
Advogados e especialista em direito público, Ulisses Penachio
lembra que apenas parte do novo capital – aquele destinado à Conta
de Desenvolvimento Energético (CDE) – poderá gerar alguma redução
nas tarifas. “A médio e longo prazo, o impacto da privatização na
tarifa tende a ser neutro”, aponta.
Informações Broadcast
ELETROBRAS PNB (BOV:ELET6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ELETROBRAS PNB (BOV:ELET6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024