O Carrefour Brasil vai investir R$ 2,1 bilhões na conversão de
124 lojas de um total de 374 unidades do Grupo Big como parte da
integração entre as duas empresas. O trabalho será iniciado agora,
e a conclusão está prevista para o fim de 2023.
As informações constam em uma apresentação publicada na Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) neste domingo, 12, e que será tema de
teleconferência com investidores e analistas na segunda-feira, 13,
às 10 horas.
As conversões foram definidas assim: 38 lojas do Maxxi Atacado,
28 do Big e 4 do TodoDia passarão a operar sob a marca Atacadão (do
Grupo Carrefour). Outras 47 unidades do Big vão virar Carrefour e,
por fim, 7 unidades do Big serão transformados em Sam’s Club.
Esse processo acontecerá em dois formados, sendo que 35 lojas
passarão por uma desmobilização, com fechamento por dois meses. Mas
outras 89 lojas não precisarão ser desmobilizadas por inteiro e
serão fechadas por apenas três dias para as mudanças.
Dos R$ 2,1 bilhões previstos com as conversões, R$ 1,9 bilhão
virá de investimentos (capex) e R$ 200 milhões em despesas
operacionais (opex), segundo descrito na apresentação.
Com a conversão das unidades, o grupo espera um aumento
relevante na densidade das vendas. Hoje, os hipermercados da
bandeira Big vendem R$ 13 mil/m2, enquanto as lojas do Carrefour e
Sam’s Club chegam a R$ 23 mil/m2, cada, e o Atacadão, R$ 35 mil/m2.
Há uma “produtividade material a ser conquistada através da
conversão de lojas”, afirma a direção no documento.
⇒ Sams Club tem potencial de acelerar
A apresentação destaca o Sams Club como um dos principais
aceleradores do crescimento do novo grupo. A bandeira tem potencial
para inauguração de 40 novas lojas nos próximos quatro anos, de
acordo com o documento. Esse potencial está principalmente na
região metropolitana de São Paulo e Rio de Janeiro, seguido de
capitais e cidades de grande e médio porte.
O Sams Club já tem 43 lojas em operação e chegará a 50 após a
conversão de sete unidades do Big durante o processo de integração
entre as empresas. A rede conta com 2,1 milhões de sócios, dos
quais 1,2 milhão de membros pagantes no momento. O negócio é
voltado para o público de classes A e B, com maior poder
aquisitivo.
Cada cliente do Sams Club gasta R$ 340 na sua cesta média
enquanto no Carrefour esse gasto é de R$ 140. Os produtos
importados respondem por 19% das vendas da rede, e os itens da
marca própria contribuem com 15%, em um sinal de boa aceitação.
⇒ Sinergias
O Carrefour (BOV:CRFB3) reiterou que as sinergias previstas são
de ao menos R$ 2,0 bilhões por ano até 2025, divididas da seguinte
forma: R$ 700 milhões em receita, R$ 800 milhões de corte de custos
com mercadorias, R$ 500 milhões em redução de despesas gerais e
administrativas.
A apresentação traz um gráfico apontando que aproximadamente
metade do valor das sinergias deve ser capturado entre o fim de
2023 e começo de 2024.
A direção destacou os potenciais ganhos de eficiência em custos
indiretos para a operação. Em 2021, a base de custos indiretos
combinados de Carrefour e BIG foi de R$ 7 bilhões. A previsão é de
ganho de ao menos 3% nas seis maiores categorias mapeadas, como
limpeza, seguros e plano de saúde. Neste último item, por exemplo,
o custo médio mensal do plano por funcionário é de R$ 272 no Big
versus R$ 215 no Carrefour.
A apresentação aponta ainda a perspectiva de melhoria do custo
das mercadorias vendidas (CMV) com base em melhores termos e
condições com fornecedores. A expectativa é de um impacto de
aproximadamente 1% da base de custos, o que deve ser refletido no
preço ou na rentabilidade do novo grupo combinado.
Na parte logística, o novo grupo estima enxugar o total de
centros de distribuição de 64 para 51. Nessa redução, dez galpões
serão fechados (um do Atacadão, três da Maxxi, quatro do Carrefour
e dois do Big) e outros dois (ambos da Maxxi) serão unificados. Há
ainda um galpão que atende tanto a Maxxi quanto o Big.
Os cortes nos centros de distribuição ocorrerão em Estados onde
o grupo tem uma concentração mais elevada desses imóveis, como é
são os casos de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, por
exemplo.
⇒ Transação
O Carrefour concluiu a aquisição do Big na semana passada,
quando assinou um novo acordo de acionistas. A operação foi fechada
entre as partes em 2021 e recebeu aval do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade) em maio de 2022.
A transação cria uma gigante no ramo do varejo de alimentos, com
936 lojas, R$ 93 bilhões em vendas líquidas e R$ 6,5 bilhões de
Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização)
ajustado. É também o maior adquirente de suprimentos do setor, com
R$ 75 bilhões em compras por ano junto a fornecedores.
Estão previstos 18 meses para garantir uma integração de
sucesso, segundo o Carrefour. Esse processo abrange conectar as
áreas de tecnologia da informação, a cadeia de suprimentos,
realizar as conversões de lojas e capturas de sinergias
divulgadas.
A operação foi fechada pelo preço de referência de R$ 7,5
bilhões, sendo 70% (R$ 5,3 bilhões) pagos em dinheiro e 30% via
entrega de ações (116,8 milhões de ações).
O novo grupo combinado tem o Carrefour SA como principal
acionista, com 68% de participação, seguido por Península (do
empresário Abilio Diniz) e Advent, com 7% e 4%, respectivamente. O
grupo Walmart resta com 1%, e outras 20% das ações estão
pulverizadas entre vários acionistas.
Informações Broadcast
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024