A aquisição da TermoFortaleza foi considerada pelo mercado um excelente negócio para a Eneva, uma vez que a usina gerou Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, da sigla em inglês) entre R$ 319 milhões e R$ 580 milhões entre 2019 e 2021. A usina localizada no Complexo de Pecém, no Ceará, pertencia ao grupo italiano Enel, e tem capacidade para produzir 327 megawatts (MW) de energia.

O acordo anunciado na manhã de sexta-feira, 10, teve valor de R$ 467 milhões, sendo aproximadamente R$ 431 milhões são de enterprise value. Além disso, há previsão de pagamentos contingentes que podem alcançar até R$ 97 milhões, referentes à recontratação futura da usina. Os bancos BTG Pactual e Santander foram os assessores financeiros do negócio.

Para analistas de mercado ouvidos pelo Broadcast Energia, a usina tem uma posição estratégica por estar localizada no Porto de Pecém, região onde a Eneva (BOV:ENEV3) já dispõe de participação em ativo termelétrico Pecém II, de 365 megawatts (MW).

Neste cenário, por exemplo, a TermoFortaleza poderia absorver receitas de novos contratos de energia nova e de reserva fechados pela Eneva, e também seria beneficiada pelo maior acesso à molécula de gás natural, diminuindo sua atual dependência da Petrobras.

“Acreditamos que Eneva esteja correta em assinar o negócio e concretizar a oportunidade de fincar bandeira em mais um ativo gerador de caixa na região Nordeste no País”, disse o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

Um analista de um grande banco, que aceitou comentar a operação sem ter o nome identificado, destacou a estratégia da Eneva de atuar como uma geradora integrada, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do País: “Traz uma grande oportunidade para a empresa expandir sua atuação no Porto de Pecém, por meio de uma recontratação da demanda de gás”.

Segundo ele, a empresa tem se posicionado no mercado como uma consolidadora de ativos de gás e geração de energia, e um dos destaques da companhia seria justamente o posicionamento dela como empresa integrada e que consegue ter a própria molécula. “Ela foca sempre em ativos que tragam retorno, claro, mas que também agreguem atributos que a companhia não tem”, pontuou.

A aquisição da TermoFortaleza é a segunda movimentação da Eneva em duas semanas, e ocorre após a empresa anunciar a compra da termelétrica Centrais Elétricas de Sergipe (Celse), por R$ 6,1 bilhões. A usina pertencia à New Fortress Energy e à Ebrasil Energia.

Com esse acordo, a empresa havia informado que tinha como objetivo ter acesso a preço competitivo de gás para desenvolver o mercado.

O anúncio fez as ações da empresa avançarem durante boa parte da sessão de hoje na B3, mas acompanhando o mercado como um todo, encerrou o pregão em queda de 0,70%, cotada a R$ 14,24 cada ativo. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 1,51%, a 105.481,23 pontos. Relatório da Ativa Investimentos destacou que “as ações recuaram no pregão de hoje pela conjuntura global, e não pelo movimento auferido”.

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Para a Enel, a venda da usina representa um avanço em seu planejamento estratégico global de focar em energia menos poluente. A meta da empresa é triplicar sua capacidade de geração em fontes renováveis até 2030, e zerar emissões de gases do efeito estufa até 2040.

“A Enel está substituindo globalmente seu parque de geração térmica por nova capacidade renovável, além de alavancar a hibridização de renováveis com soluções de armazenamento”, disse a empresa em comunicado.

Segundo a empresa, o Brasil é um dos países prioritários nessa estratégia de acelerar a descarbonização do mix de geração, se tornando 100% renovável com aproximadamente 4,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada nas fontes solar, eólica e hídrica.

Informações Broadcast

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