Saraiva recebe R$ 160 milhões para pagar dívidas
19 Junho 2022 - 10:07PM
ADVFN News
Ex-líder de mercado de livrarias no Brasil, a Saraiva ganhou
fôlego para superar sua grave crise financeira e tentar sair de um
processo de recuperação judicial que se arrasta há mais de três
anos. Em um leilão judicial realizado nesta semana, a empresa
vendeu o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo,
hoje alugada pela varejista Centauro, além de créditos
tributários.
Com o leilão, a varejista abaterá cerca de R$ 160 milhões de sua
dívida, que já alcançava a casa de R$ 500 milhões. O negócio será
concretizado apenas após homologação judicial das propostas
vencedoras.
“Ainda há muito a ser feito, mas se trata de um passo
importante. E a venda também foi de uma loja que a Saraiva já sabia
viver sem”, comenta uma fonte próxima da empresa, que pediu
anonimato.
O espaço agora ocupado pela Centauro era o único ponto que ainda
pertencia à Saraiva (BOV:SLED3) (BOV:SLED4) – o restante das lojas
abertas funciona em áreas alugadas. Os créditos tributários
pertenciam originalmente ao Banco do Brasil, mas estão hoje nas
mãos do fundo Travessia, do BTG Pactual.
Esses eram os únicos ativos disponíveis para venda, conforme o
plano de recuperação judicial. Anteriormente, a companhia tentou
vender seu e-commerce (Saraiva.com), ativo que foi a leilão em mais
de uma ocasião, sem sucesso.
O dinheiro da venda não entrará no caixa da empresa. Será
destinado exclusivamente para o abatimento do endividamento. O
restante da dívida deve ser pago pela geração de caixa. Os credores
também poderão optar, conforme o último plano de recuperação
aprovado, trocar a dívida por ações.
Recuperação
A visão interna é de que, para sair da recuperação judicial, a
Saraiva precisará voltar a ter produtos em consignação (sistema em
que a loja expõe o produto, sem a necessidade de compra). Assim,
não precisaria mais gastar seu caixa para ter sortimento em suas
prateleiras.
É uma prática comum de mercado. No entanto, depois de tomar
vários calotes, várias editoras estão se recusando em atuar nesse
esquema com a rede. Ou seja: a Saraiva só recebe livros se
comprá-los, segundo fontes de mercado.
No último relatório divulgado nos autos do processo, o
administrador judicial, a RV3, informa que a Saraiva registrou
prejuízo de R$ 15,8 milhões de janeiro a abril deste ano, mais do
que as perdas referentes a 2021 como um todo.
Segundo o mais recente resultado da empresa, relativo a março, a
Saraiva tinha 34 lojas. No início de 2017, um ano antes da
recuperação judicial, eram 113 lojas. A mineira Leitura, que
assumiu algumas lojas que anteriormente eram da Saraiva, é hoje a
líder do setor, com mais de 90 unidades.
Sem megastores
Diferentemente do que faz a Saraiva, que durante anos apostou em
grandes lojas e chegou a fazer um forte investimento na
comercialização de produtos eletrônicos, a tendência atual das
livrarias é de unidades com custos menores, mais focadas em livros
e papelaria.
O modelo de megastores também era usado pela Cultura, antiga
segunda colocada do mercado, que fechou quase todas as suas lojas e
também está em recuperação judicial há cerca de quatro anos.
A substituição de lojas maiores por unidades de menor porte está
ficando clara no Shopping Iguatemi, onde até pouco tempo atrás a
Cultura tinha uma megastore, que está sendo substituída por uma
unidade menor da Livraria da Vila.
Informações Broadcast