Petrobras: currículo de Paes de Andrade é criticado por representante dos empregados no conselho da companhia
23 Junho 2022 - 02:45PM
ADVFN News
O processo para Caio Paes de Andrade se tornar presidente da
Petrobras terá uma etapa decisiva na sexta-feira, quando um comitê
da companhia avaliará se o indicado pelo Ministério de Minas e
Energia para o cargo preenche requisitos profissionais, o que na
avaliação de uma conselheira da estatal pode complicar os planos do
governo.
Embora o governo acredite que Andrade atenda as exigências para
o cargo, uma alta autoridade do governo, a conselheira Rosângela
Buzanelli, representante dos funcionários da Petrobras no Conselho
de Administração da estatal, não concorda.
Com o pedido de demissão de José Mauro Coelho do cargo na última
segunda-feira, a aprovação do nome de Andrade pelo Comitê de
Elegibilidade (Celeg) da Petrobras, na sexta-feira, é vista como um
movimento que pode finalmente pacificar a relação entre a empresa e
o acionista controlador.
O aval do Celeg abriria caminho para o indicado pelo ministério
atual secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital tornar-se presidente da companhia, após o governo trocar os
últimos três CEOs por descontentamento sobre a política de
preços.
Mas, se assim for, haveria uma violação do artigo 17 da Lei das
Estatais, disse Buzanelli. Segundo ela, este item estabelece que,
para ser CEO da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4), é preciso
experiência profissional mínima de “dez anos, no setor público ou
privado, na área de atuação da empresa pública ou da sociedade de
economia mista ou em área conexa àquela para a qual forem indicados
em função de direção superior”.
O artigo demanda, de forma alternativa, experiência de quatro
anos em cargo de diretoria em empresa de porte similar, “cargo
público de confiança em nível superior (DAS-4) ou ainda cargo de
docência ou pesquisa na área de atuação da empresa”.
“O fato é que Andrade não tem notório conhecimento na área, é
formado em Comunicação Social e sem experiência no setor de
petróleo e energia”, disse a conselheira, ressaltando que esta é a
sua avaliação e não a do conselho.
Alguns dos membros do conselho integram o Celeg.
Já o artigo 20 do Estatuto Social da Petrobras, citou a
conselheira, exige que os diretores executivos da empresa tenham
“capacidade profissional, notório conhecimento e especialização nas
respectivas áreas de contato em que esses administradores irão
atuar, observado o Plano Básico de Organização” e “dez anos de
experiência em liderança, preferencialmente, no negócio ou em área
correlata, conforme especificado na Política de Indicação da
companhia”.
“A única incursão profissional de Caio Paes de Andrade
compatível com a função pretendida foi a participação de um ano e
meio no conselho da PPSA (Pré-sal Petróleo SA), estatal brasileira
que administra exploração de petróleo”, lembrou ela.
“A indicação de Caio Paes de Andrade não atende minimamente aos
critérios definidos na legislação e no estatuto social da
companhia. É um acinte”, adicionou ela.
Questionada se apesar desses obstáculos Andrade poderia mesmo
assim conseguir assumir o comando da empresa, a conselheira
ponderou. “Se nada for feito, acho possível, pois a decisão não é
da área técnica da empresa, é de um comitê de indicados e do
Conselho.”
O Comitê de Elegibilidade é composto pelos membros do Conselho
de Administração Francisco Petros (presidente do Celeg) e Luiz
Henrique Caroli, enquanto os membros externos são Ana Silvia Matte
e Tales Bronzato.
Além disso, o conselheiro Marcelo Mesquita, eleito pelos
acionistas minoritários detentores de ações preferenciais, foi
convidado para a avaliar o caso, e só se opinaria em caso de
empate.
Para uma fonte da cúpula do governo, que falou na condição de
anonimato, o nome de Andrade “satisfaz todos os critérios” e deve
ser aprovado.
Procurado, Caio Paes de Andrade preferiu não se manifestar. O
Ministério de Minas e Energia não comentou imediatamente.
Informações Reuters
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