Eletrobras: descotização das hidrelétricas pode eliminar sobrecontratação de distribuidoras
23 Junho 2022 - 3:56PM
ADVFN News
A descotização das hidrelétricas da Eletrobras (BOV:ELET3)
(BOV:ELET5) (BOV:ELET6), conforme previsto no processo de
privatização da companhia, pode permitir que as distribuidoras
brasileiras superem um problema observado nos últimos anos: a
sobrecontratação. Isso porque, com a alteração no regime de
operação dessas usinas – de cotas para Produção Independente de
Energia -, a geração hoje destinada às concessionárias na forma de
cotas deve passar a ser disponibilizada ao mercado livre de
energia.
Em meio à frustração de crescimento do consumo de eletricidade
em decorrência da pandemia, e diante da atração de um contingente
cada vez maior de consumidores para alternativas como o mercado
livre de energia e a geração própria, as concessionárias têm
registrado volumes de contratação superiores às necessidades dos
respectivos mercados. Mas, com a eliminação gradual das cotas,
consumo e suprimento dessas empresas devem se equilibrar até 2025,
segundo projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
Em 2022, a chamada “distribuidora Brasil” – que corresponde ao
conjunto de todas as distribuidoras do País – possui contratos de
fornecimento 7,7% acima das necessidades atuais, segundo a CCEE.
Com a descotização das usinas a partir de 2023, ao ritmo de 1,2
gigawatts médios (GWm)anuais (correspondente a 20% da potência
total das hidrelétricas da Eletrobras por ano), essa
sobrecontratação ficará em 7,9% no ano que vem. O porcentual é
abaixo dos 12,3% inicialmente previstos, se não houvesse a
alteração no regime de contratação das usinas.
Em 2024, com mais uma parcela de 1,2 GWm de descotização, a
média de contratação das distribuidoras baixa a 104,8% das
necessidades. A partir de 2025, demanda e suprimento tendem a se
encontrar e a “distribuidora Brasil” chega a 98,5% de contratação e
em 2026 esse índice cai a 93,7%.
O presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui
Altieri, disse que esses números são uma média e que algumas
distribuidoras têm sobrecontratação mais elevada – podendo chegar a
140% -, enquanto outras poderão precisar realizar contratações
adicionais em breve.
As distribuidoras, embora concordem com a perspectiva, tem visão
mais conservadora. O presidente da Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira,
admite que diante do fim das cotas, existirão empresas que
precisarão acertar novos contratos de suprimento, enquanto outras
apenas reduzirão seus excessos.
“Mas tem de observar que existem dois movimentos que estão
agindo em paralelo a isso: um deles é a ampliação do mercado livre,
que fará com que reduza a carga a ser contratada pela
distribuidora, e a própria questão da geração distribuída, que tem
reduzido o mercado regulado também”, acrescentou.
Além de considerar todos os contratos em vigor junto às
distribuidoras, aqueles já acertados e que passam a vigorar até
2028, e projeções de crescimento mercado elaboradas pelas
autoridades setoriais, as estimativas da CCEE também contam com um
cenário de crescimento da geração distribuída projetado pela
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal de Energia
(PDE) 2031 e uma previsão de expansão do mercado livre, que segundo
a Câmara de Comercialização deve responder por 40% da carga total
até 2028, ante os atuais 34,5%.
Mas Madureira lembra que o crescimento da geração distribuída
tem superado as projeções da EPE. “Tem também questões que não
estão todas na mesa, temos por exemplo, o processo de abertura do
mercado livre, que dependendo de como caminha o PL 414/2021 [de
modernização do setor elétrico], pode dar um dinamismo diferente e
fazer com que as empresas possam ter uma demanda menor de energia
no futuro”, acrescenta.
Ele sugere, ainda, que a própria transferência de oferta de
energia das hidrelétricas do mercado regulado para o ambiente de
livre contratação pode impulsionar o crescimento das migrações de
consumidores, uma vez que haverá mais energia disponível no
segmento.
Além da descotização, vale destacar que a redução da
sobrecontratação também deve refletir o fim da vigência de
contratos de usinas termelétricas caras, entre 2023 e 2025, que
somam 6,5 megawatts médios (MWm). O cenário projetado pela CCEE não
considera a recontratação dessa energia.
Informações Broadcast
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ELETROBRAS ON (BOV:ELET3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024