Banco Inter estreia em baixa na Nasdaq e tem a ambição de ter 1 milhão de clientes até o fim do ano
24 Junho 2022 - 12:59PM
ADVFN News
O Banco Inter desembarca nos Estados Unidos ao listar suas ações
na Nasdaq, bolsa conhecida por atrair nomes da tecnologia. Na nova
fase, o banco tem a ambição de ter 1 milhão de clientes até o fim
do ano. Além da sua própria base no Brasil, o foco é crescer junto
aos imigrantes, público de cerca de 50 milhões que residem no país.
No futuro, a instituição, original de Minas Gerais, acredita que
pode ter 50% do seu negócio no mercado americano e quer ir além,
avançando para outros países da Europa.
As ações da Inter&Co, holding que controla o banco do mesmo
nome, estrearam em baixa de 7% enquanto a Nasdaq diminuiu os
ganhos, mas segue como exceção em mais um dia de perdas no mercado
acionário dos EUA. Apesar de abrirem em alta, as bolsas de NY não
conseguiram sustentar o movimento de recuperação visto mais cedo,
com os ativos de risco sendo penalizado novamente por temores de
recessão na maior economia do mundo.
Apesar de um cenário macroeconômico desfavorável em meio ao
aperto monetário para controlar a elevada inflação nos EUA, o
presidente do banco Inter, João Vitor Menin, afirma que o momento
de listagem é “interessante” e se diz otimista uma vez que a
listagem na Nasdaq amplia o leque de investidores internacionais
para o papel, e que antes não tinham acesso pelo fato de o banco
ter suas ações negociadas apenas no Brasil.
“O investidor não precisa mais comprar Inter no Brasil, ter
preocupação com o câmbio. A gente começa a dar mais visibilidade ao
papel para que grandes investidores possam se posicionar no nome”,
afirmou Menin, ao Broadcast, acrescentando que a relação com
investidores de longo prazo como, por exemplo, o japonês SoftBank,
segue melhora após a listagem com o Inter sendo negociado em
dólar.
Longo prazo
Com apenas 40 anos, o executivo diz que é “novo“ e sua visão
para o negócio do Inter (BOV:BIDI11) é de longo prazo, para os
próximos, dez, 20 anos. Ou seja, anos de turbulência no mercado
acionário como tem sido 2022, avalia, são “irrelevantes” sob o
ponto de vista da estratégia do banco.
Nos EUA, a meta do Inter é crescer junto aos imigrantes, que,
segundo Menin, são um público mal atendido por aplicativos de
remessas de recursos, a preços elevados. O ponto de partida são
brasileiros, afirma, mas o Inter quer avançar junto a outras
nacionalidades, explorando o grande público de mexicanos, dentre
outros que chegam aos Estados Unidos todos os dias. Segundo ele, o
Inter não restringirá seu radar nos imigrantes legais, mas também
aqueles que não têm visto para residir no país e que sempre foram
vistos como “proibitivos” para o sistema financeiro, desde que
passem nos quesitos de compliance do banco.
O pontapé do Inter nos EUA começa com a base de 150 mil clientes
da norte-americana fintech Usend, adquirida no início deste ano. A
integração do negócio está quase concluída, afirma Menin. Na
prática, o banco trouxe a experiência de remessa da fintech e
abarcou sua tecnologia e serviços bancários em um “super app”. O
cliente terá acesso a sua conta nos EUA e no Brasil, na mesma
plataforma, com acesso 24 horas por dia, sete dias na semana. Já
estão disponíveis os serviços de conta corrente, cartão de débito e
futuramente abarcará ainda cartão de crédito e outros.
“Nossa estratégia aqui é a mesma quando começamos no Brasil,
onde acabamos de alcançar 20 milhões de clientes. Grande parte dos
nossos clientes lá não eram bem atendidos e tinham um produto
caro”, disse Menin, ao se referir sobre a concorrência nos dois
mercados.
Ao desembarcar na maior economia do mundo, o Inter acredita,
conforme o executivo, que pode ter no futuro 50% ou mais do seu
negócio nos EUA. Quanto ao prazo, Menin disse que é difícil
precisar. “Estamos no maior país do mundo. Precisamos digerir nosso
projeto de expansão aqui”, disse.
O Inter começa sua expansão internacional nos EUA, mas já pensa
ir além. O próximo passo, ainda sem data é a Europa. “Na América
Latina, já estamos no Brasil”, justifica.
Com 20 milhões de clientes no Brasil e mais de R$ 38 bilhões de
ativos, o Inter passa a ser listado em Nova York por meio da Inter
&Co, holding, na qual a família Menin mantém o controle do
banco. O banco, porém, seguirá com presença na B3, por meio de
Brazilian Depositary Receipts (BDRs) INBR31, lastreados nos papéis
da Inter &Co. Os papéis do Banco Inter pararam de ser
negociados na bolsa brasileira na última sexta-feira, dia 17, após
uma queda acumulada de 63,52% em 2022.
O Inter tentou concretizar a migração da sua listagem aos EUA no
ano passado, mas ofereceu um valor por ação, para quem quisesse a
retirada, mais alto do que o preço de tela das ações, que já
estavam em queda. Como o plano não previa rateio e a demanda pela
retirada superou o limite de R$ 2 bilhões, o banco cancelou a
reestruturação. Conseguiu emplacá-la, neste ano, com um limite
menor, de R$ 1,1 bilhão, e um rateio acima disso.
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