O grupo italiano TIM anunciou um plano de reestruturação para baixar a sua gigantesca dívida líquida de 22 bilhões de euros (cerca de R$ 119 bilhões, no câmbio desta semana) para cerca de cinco bilhões de euros (R$ 27 bilhões) no médio prazo.

A companhia, controlada pela francesa Vivendi, complicou-se após anos e anos de investimentos elevados na expansão das redes de telecomunicações e na defesa de participação de mercado em um segmento com concorrência acirrada e dificuldade de ampliar a receita.

A jornada será complexa jornada e incluirá a separação das suas atividades em quatro conglomerados empresariais, venda de ativos e atração de sócios, conforme apresentação feita a investidores hoje pelo presidente do grupo, Pietro Labriola, ex-comandante da TIM Brasil (BOV:TIMS3)que assumiu a matriz na Itália este ano com a missão de arrumar a casa.

A operação brasileira fará parte da segregação, mas o rumo do negócio será preservado, segundo o comunicado. A visão é que a subsidiária local já é lucrativa e está numa fase de maximizar o retorno após a incorporação da rede móvel da Oi e a chegada do 5G.

“Para a TIM Brasil não há modificações de escopo, estratégia e gestão”, descreveu o grupo em comunicado. “A companhia reitera que não houve alterações em sua estrutura no Brasil e que todas as projeções do plano estratégico permanecem inalteradas”.

Isso inclui a previsão de distribuição de R$ 2 bilhões em dividendos neste ano, as metas de expansão da receita com internet móvel, da banda larga e dos serviços agregados, além das perspectivas de redução da alavancagem.

A dívida líquida aqui é de R$ 5,9 bilhões, o que representa uma alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda) de 0,7 vezes no fim do primeiro trimestre. Com a compra da Oi e das licenças do 5G, a alavancagem chegará a 2,0 vezes no fim do ano, mas deve recuar para 1,6 vez nos dois anos seguintes.

Demissões em massa e divisão dos ativos

A reestruturação anunciada hoje abrange o corte de 9 mil do total de 42,5 mil trabalhadores até 2030. A maior parte deve ser desligada até 2024 e de forma voluntária. Procurada, a empresa não respondeu se isso envolverá também a unidade brasileira.

O plano de reestruturação prevê a separação de ativos da TIM em duas vertentes, sendo uma de infraestrutura e outra de serviços.

A vertente de infraestrutura, nomeada como NetCo, ficará com as redes de fibra ótica e os negócios de atacado nos mercados nacional e internacional. É aqui que ficará a Sparkle, empresa de cabos e serviços de conectividade. O segmento teve receita de 5,3 bilhões de euros em 2021 e vê espaço para avançar, com ampliação da cobertura da rede e oferta de serviços de internet de ultravelocidade.

Por sua vez, a vertente de serviços terá três grupos de negócios: TIM Enterprise, TIM Consumer e TIM Brasil.

A TIM Enterprise será voltada para contratos de conectividade para grandes empresas e governos. Aqui ficarão as empresas de serviços digitais Noovle, Tesly e Olivetti. A TIM Enterprise teve receita de 3 bilhões de euros em 2021 e quer chegar a 3,5 bilhões de euros em 2025 por meio do avanço na oferta de serviços na nuvem, internet das coisas e outros do gênero.

Por fim, a TIM Consumer abrangerá todos os serviços fixos e móveis no varejo, além de trabalhar junto de pequenas e médias empresas. Esse é o segmento mais pressionado do grupo, de modo que a reestruturação buscará a estabilização de receita e a otimização de custos.

Na apresentação de hoje, foram divulgadas as projeções de se cortar 34% dos gastos operacionais até 2026, reduzir em 20% a publicidade e diminuir pela metade a inadimplência dos clientes. A receita do segmento foi de 6,8 bilhões de euros em 2021, com previsão de ficar em cerca de 6,4 bilhões de euros em 2025, mas com despesas menores.

Com isso, a TIM deixará de ser um grupo verticalizado para se tornar uma espécie de holding com quatro conglomerados separados, com atuação em diferentes segmentos das telecomunicações. “A separação traria benefícios importantes, garantindo a valorização dos ativos a prazo e a sustentabilidade da dívida”, declarou Labriola.

O processo levará a uma “desconsolidação” da dívida (que passará a ser tratada de forma individualizada em cada conglomerado) e engordará o caixa por meio de venda de participação a sócios – os alvos de alienação são a NetCo e a TIM Enterprise. Segundo a apresentação ao mercado, já existem negociações em andamento para venda dos ativos.

⇒ A TIM pretende divulgar os resultados do 2T22 no dia 01 de agosto.

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