TIM, Vivo e Claro conseguiram postergar por tempo indeterminado obrigação de oferece roaming a concorrentes
20 Julho 2022 - 03:16PM
ADVFN News
As operadoras TIM, Vivo e Claro conseguiram postergar por tempo
indeterminado o prazo para apresentação dos seus planos de roaming
no atacado. O prazo venceu na última sexta-feira, 15. As ofertas
seriam destinadas a outras empresas interessadas em prestar o
serviço de telefonia móvel ao consumidor final.
A oferta do roaming a preços acessíveis para concorrentes foi
uma contrapartida exigida pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) para aprovarem o fatiamento das redes móveis da Oi
(BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) entre o trio, situação que gerou uma
concentração de mercado.
Nos últimos anos, o mercado viu uma redução de cinco operadoras
nacionais para apenas três. Além da venda da Oi, houve também a
venda da Nextel.
O propósito de definir preços justos de roaming (tráfego de voz,
dados e SMS) foi reabrir esse mercado colocando as redes de TIM
(BOV:TIMS3), Vivo (BOV:VIVT3) e Claro à disposição de outras
empresas. E há interessadas em explorar esse ramo. Aparecem aí os
provedores regionais que arremataram licenças 5G, bem como as
operadoras virtuais (mobile virtual network operator, ou MVNOs),
que alugam redes alheias para oferecer o serviço ao consumidor
final.
O adiamento do processo foi obtido pelas grandes teles por meio
de decisões liminares em face da Anatel. Elas contestam a
metodologia de cálculo dos valores de roaming feito pela agência
reguladora, reclamam que não tiveram acesso aos estudos na íntegra
nem dentro de um tempo hábil. E mais: dizem que os valores a serem
praticados estão abaixo dos seus custos de operação, o que geraria
subsídio para as concorrentes.
Procuradas, Vivo e Claro não concederam entrevistas. Nos
bastidores, uma fonte da TIM explicou que não foi questionado no
processo o “remédio” estabelecido pelas autoridades, mas sim os
valores fixados a partir de uma base “teórica”. “Ou seja, custos
irreais. Não é justo impor preços abaixo dos custos, pois se tornam
subsídios que prejudicam a própria competição”, disse a fonte.
Reação
A medida repercutiu negativamente na Anatel, que viu nos
recursos simultâneos das teles (as petições foram feitas na mesma
semana) uma maneira de protelar o cumprimento das obrigações
firmadas e fechar o mercado para a entrada de novos competidores. A
Procuradoria Federal Especializada junto à Anatel está preparando
uma resposta. A avaliação na agência é que é certa a reversão das
liminares obtidas pelas teles, apurou o Broadcast.
Os representantes das operadoras virtuais e provedores regionais
criticaram duramente a ação das grandes teles. O presidente da
Telcomp, Luiz Henrique Barbosa da Silva, argumentou que o preço de
roaming praticado hoje pelas teles no atacado é até maior do que no
varejo, o que inviabiliza os negócios para as concorrentes. “O
preço de atacado está muito maior que o de varejo. A Anatel fez uma
orientação de preços com base em custos. Não é um subsídio”,
frisou.
Na sua avaliação, as grandes teles estão judicializando
indevidamente o caso. “Elas estão indicando que não pretendem
cumprir os compromissos assumidos. Sempre dissemos que os remédios
deveriam ser prévios à autorização da venda da Oi. É igual vacina.
Tem que tomar antes para não adoecer. Mas deixaram a operação
seguir e deu nisso”.
A Associação Neo publicou nota defendendo que os preços de
referência da Anatel não constituem “medida imprevisível ou
prejudicial” para TIM, Vivo e Claro e que apenas contribuem para “a
mitigação dos efeitos anticompetitivos”. A entidade informou ainda
que “lamenta que as prestadoras busquem atrasar e perturbar o
procedimento de definição desses preços pelo regulador e
inviabilizar a efetividade dos remédios e compromissos
assumidos”.
Informações Broadcast
TIM ON (BOV:TIMS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2023 até Abr 2023
TIM ON (BOV:TIMS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2022 até Abr 2023