O Grupo Carrefour Brasil apresentou lucro líquido ajustado ao controlador de R$ 600 milhões, alta de 1,2% ante o apresentado no mesmo período de 2021.

A empresa pontua que, sem o Grupo Big – que teve a aquisição concluída em junho -, o lucro líquido ajustado teria sido de R$ 631 milhões, 6,5% a mais que o apresentado um ano antes.

As projeções de consenso compiladas pela Refinitiv projetavam um lucro de R$ 508,8 milhões no segundo trimestre, queda de cerca de 10% na comparação com igual período de 2021, quando o lucro foi de R$ 566 milhões.

Conforme Stéphane Maquaire, CEO do Carrefour Brasil, o crescimento foi impulsionado por um desempenho muito forte em todas as unidades de negócios e em todos os canais. “O excelente crescimento de vendas do Atacadão e Carrefour Varejo foi impulsionado por um sólido desempenho na categoria de alimentos, com volumes crescendo mesmo em um ambiente altamente inflacionário, demonstrando a competitividade da nossa oferta em vários formatos.”

A receita líquida somou R$ 24,006 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 35,9% na comparação com igual etapa de 2021.

ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado ficou em R$ 1,7 bilhão, alta de 24,5%. Já a margem Ebitda consolidada ficou em 7,1%, 0,7 ponto porcentual mais baixa do que a apresentada um ano antes. De acordo com Murciano, a empresa ainda tem melhorias para fazer em relação à sua rentabilidade com ganhos de eficiência.

O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 4,567 bilhões no segundo trimestre de 2022, um aumento de 26,8% na comparação com igual etapa de 2021. A margem bruta foi de 19% no 2T22, recuo de 1,4 p.p. frente a margem do 2T21.

As vendas brutas consolidadas do Carrefour totalizaram R$ 26,5 bilhões — considerando as vendas do BIG em junho –, alta de 35,6% sobre o 1T21. Excluindo as vendas do BIG, o resultado foi 25,5% acima do mesmo período do ano passado.

As vendas líquidas da empresa alcançaram R$ 42,8 bilhões, um crescimento equivalente a 25,8% sobre a base anual.

O volume total transacionado (GMV, na sigla em inglês) atingiu R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2022, mais que dobrando em relação ao mesmo período do ano passado e 31,9% acima do 1T22.

O GMV alimentar da divisão varejo também cresceu 20,5% no 1T22, e a penetração da iniciativa de picking na loja (disponível em 100% das lojas de Varejo) foi de 43%, demonstrando a relevância da iniciativa, que traz melhores preços, sortimento e prazos de entrega mais curtos para os clientes.

As despesas gerais e administrativas somaram R$ 2,869 bilhões no 2T22, um crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2021.

O faturamento do Banco Carrefour atingiu R$ 12,9 bilhões no 2T22, um aumento de 9,4% em relação ao 2T21, impulsionado tanto pelo cartão Carrefour (+7,5% ou +R$ 573 milhões) quanto pelo cartão Atacadão (+11,2% ou +R$ 454 milhões).

Em 30 de junho de 2022, a dívida líquida da companhia era de R$ 17,044 bilhões, um crescimento de 97,9% na comparação com a mesma etapa de 2021.

A dívida líquida encerrou junho em R$ 12,1 bilhões ou R$ 17 bilhões incluindo aluguéis e recebíveis descontados, o que representou 2,7 vezes o Ebitda ajustado — uma alta frente o índice de 1,55 vezes um ano antes. “Isso representa o pico do ano e mantemos nossa expectativa de fechar o ano em não mais que duas vezes considerando o Ebitda esperado do ano”, disse o executivo.

⇒ Empréstimos 

Os empréstimos líquidos de derivativos para cobertura atingiram R$ 13,7 bilhões em junho de 2022, R$ 5,8 bilhões acima do mesmo período de 2021, explicados principalmente pela aquisição do Grupo BIG e pagamento integral em 6 de junho.

O grupo captou empréstimos bancários no valor de R$ 6,3 bilhões (R$ 1,9 bilhão em setembro/21, R$ 2,9 bilhões em janeiro/22 e R$ 1,5 bilhão em maio/22), além de recursos de linhas de crédito rotativo firmadas com o Carrefour Finance de R$ 3,8 bilhões (janeiro e maio/22). Isso foi parcialmente compensado pelo pagamento líquido de R$ 5,3 bilhões realizado entre o 2T21 e o 2T22 referente ao vencimento da dívida.

Assim, a dívida líquida encerrou junho em R$ 12,1 bilhões ou R$ 17 bilhões incluindo aluguéis e recebíveis descontados, o que representou 2,7x EBITDA Ajustado LTM. Isso representa o pico do ano e mantemos nossa expectativa de fechar o ano em não mais que 2x.

O custo líquido da dívida (inclui recebíveis descontados) totalizou R$ 320 milhões no 2T22, R$ 241 milhões maior a/a, explicado pelo aumento do nível de endividamento e também aumento das taxas de juros no Brasil. O resultado financeiro líquido atingiu -R$ 400 milhões no 2T22.

Sobre inadimplência, a taxa voltou a subir, e, questionada a respeito, a direção ressalta que ela sobe a um ritmo menor que no trimestre anterior.

A taxa de inadimplência de empréstimos não pagos atingiu 17,4% de abril a junho, versus 17,1% de janeiro a março. “Esse número veio perdendo o fôlego porque cresceu mais do quarto trimestre (14,7%) para o primeiro (17,1%).

⇒ Investimentos

O capex total foi de R$ 658 milhões no 2T22 praticamente em linha com o 2T21, com a manutenção de um forte plano de expansão orgânica.

O aumento na manutenção a/a deveu-se principalmente à aceleração da expansão do Atacadão ao longo de 2021, além do aumento da inflação, que naturalmente impactou nossos custos. Incluindo o efeito do IFRS 16 (direito de uso de arrendamento) a adição de ativos fixos totais foi de R$ 717 milhões. Também tivemos o pagamento de R$ 4,4 bilhões em 6 de junho referente à aquisição do Grupo BIG.

Os resultados do Carrefour (BOV:CRFB3) referentes suas operações do segundo trimestre de 2022 foram divulgados no dia 26/07/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

O Carrefour Brasil realizou sua teleconferência de resultados do segundo trimestre e, nela, divulgou alguns planos da companhia para o futuro – como destaque, ficaram as perspectivas que o grupo tem para o seu braço digital e também para o seu processo de sinergias com o BIG, adquirido em junho.

Em abril, o Carrefour anunciou a chegada de Samuel James como seu novo diretor executivo de Transformação Digital e englobou os esforços desta frente, tanto do seu braço de varejo como do atacado, sob uma única pasta.

A companhia destacou, no segundo trimestre, que o canal online representou 3,4% das vendas totais do Atacadão (número 1,1 ponto percentual maior na base trimestral), chegando a R$ 1 bilhão.

As vendas gerais online atingiram R$ 1,5 bilhão no período, mais que dobrando em relação ao mesmo segundo trimestre do ano passado e crescendo 31,9% na base sequencial.

“Estamos trabalhando em um novo aplicativo na frente de digitalização, que trará novos benefícios ao usuário”, comentou Stephane Maquaire, diretor executivo (CEO) do Carrefour. “Além disso, buscamos integrar o digital e as lojas físicas. O que está funcionando muito bem. Levou a um aumento das vendas de eletrodomésticos em junho, por exemplo, braço que estava performando muito mal”.

A perspectiva do Carrefour é que o e-commerce aumentará sua contribuição positiva nos próximos resultados, sendo que os canais digitais já estariam sendo muito mais rentáveis do que no passado.

“O modelo digital do Atacadão já é rentável. Temos margem e vendas adicionais. Estamos utilizando uma estrutura de delivery já pronta no modelo business to business e contando com um ticket médio muito alto”, explicou o diretor financeiro (CFO) David Murciano.

No varejo, a inovação chamada In Store Picking, que consiste na compra pelo aplicativo do Carrefour, teve penetração de 43% em todas as lojas do grupo.

Apesar da rentabilidade deste último canal ser menor, segundo Murciano, o Carrefour vem trabalhando nesta frente. “Temos que lembrar que o modelo digital é multicanais. Não temos de olhar apenas a rentabilidade do e-commerce apenas, mas também que essas operações nos trazem dados e melhor conhecimento dos nossos clientes. É uma construção para o longo prazo”, defendeu o CFO.

Apesar de o canal digital estar crescendo principalmente por conta do segmento alimentar, o grupo espera estar bem posicionado para surfar através dele as vendas de eletrônicos e eletrodomésticos durante a Black Friday e também nos preparativos para a Copa do Mundo de 2022. “Temos uma oportunidade enorme nesta frente, devido a novas iniciativas que estão implementando”, comentou Maquaire.

Carrefour espera também avançar em sinergias com o Grupo BIG

No dia 6 de junho, o Carrefour terminou o processo de aquisição do Grupo BIG e, neste mesmo mês, começou o processo de integração dos 80 pontos de venda da companhia adquirida. 16 lojas BIG já estão sendo convertidas para lojas do Atacadão e do Carrefour.

A aquisição pesou levemente no resultado do segundo trimestre da companhia, sendo apontada por analistas como parcialmente responsável pelos recuos das margens de lucratividade.

“Tivemos 13 lojas BIG convertidas para Atacadão e três para Carrefour. Agora, a próxima onda de conversões começa em setembro. Estamos muito focados nessa transação e estaremos mais bem posicionados para oferecer aos clientes as melhores ofertas e para gerar mais valor para nossos acionistas”, comentou o CEO.

Apesar da animação, os executivos do Carrefour afirmaram que preferem, até então, não traçar guidances nesta frente, apesar de verem convergências na integração. Segundo os executivos, a “jornada de sinergia está apenas começando” e não é possível, até então, tirar tirar conclusões e fazer projeções para o ano.

“O que sabemos é que o segundo semestre tem sazonalidade favorável. Não temos preocupações com margens. Temos melhoras sequenciais no varejo e pretendemos ver o fim da conglomeração do BIG”, apontou Murciano.

A companhia, por fim, espera também ver seus números impulsionados no futuro próximo pelo auxílio emergencial, que deve melhorar algumas disparidades regionais e sociais, além de continuar a beneficiar, principalmente, o rendimento do Atacadão.

“Com inflação mais alta, houve maior frequência dos clientes nas lojas, queda do ticket médio e menos itens por cesta”, disse Murciano. “O consumo não cíclico foi destaque, principalmente dos produtos únicos, como horftruit, que avançaram 82% no ano. O cliente do Atacadão é mais sensível à inflação, mas temos o melhor posicionamento de preço. Nós nos beneficiamos do fluxo de procura por preços menores e esperamos que isso continue”.

VISÃO DO MERCADO

BTG Pactual 

O Carrefour apresentou resultados sólidos no 2T22, acima de nossas estimativas (excluímos os resultados do Grupo Big, consolidados em junho, para preservar a comparabilidade).

O SSS (vendas em mesmas lojas) do segmento de alimentos cresceu 19,4% a/a (vs. nossa projeção de 16%), garantindo um crescimento de vendas de 25% a/a (5% acima de nossa expectativa). O SSS do Atacadão cresceu 22,4% a/a (vs. nossa estimativa de 19%), enquanto as vendas cresceram 29,4% a/a (5% acima de nossa projeção), também impulsionadas por 24 aberturas de lojas nos últimos 12 meses (mais 2 novas localizações de atacado).

Na divisão de varejo, o Carrefour apresentou crescimento de SSS de 10,5% a/a ex-postos de gasolina (estimávamos 8,9%), com o segmento alimentar crescendo 17,1% a/a e o segmento não alimentício estável a/a.

Em sua plataforma digital, o CRFB registrou um GMV de ecommerce de R$ 1,5 bilhão (+102% a/a), com sua operação de marketplace respondendo por 33% das vendas digitais de não-alimentos, enquanto o e-commerce de alimentos cresceu 225% a/a para R$ 814 milhões.

BTG Pactual tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 26,00…

Eleven Financial 

A equipe de análise da Eleven ressalta que “mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, com um quadro inflacionário que comprime o poder de compra da população, o Carrefour reportou um resultado positivo no 2T22 e acima das expectativas”.

A Eleven destaca que as vendas no segmento não alimentar ainda são impactadas pelos desafios enfrentados no segmento dos eletroeletrônicos com a piora da economia.

A Eleven também sinaliza que mais uma vez o destaque do trimestre ficou para o desempenho do Atacadão, com crescimento de mesmas vendas e da receita bruta, “resultado de seu formato mais competitivo em preço, performance na campanha de aniversário da bandeira e boa execução de seu plano de expansão de lojas”.

Eleven mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 24,00…

Itaú BBA 

Em relatório, o Itaú BBA escreveu que os números do Carrefour Brasil no 2T22 superaram estimativas de cima (receita) para baixo (lucro). A divisão Cash & Carry (C&C) foi o destaque, apresentando forte dinamismo de vendas e elasticidade preço-demanda positiva.

Já a divisão de varejo apresentou números melhores do que o esperado, com a rentabilidade voltando a patamares históricos. O banco apresentou rentabilidade sólida, em linha com as expectativas. O resultado final foi 17% acima da estimativa do BBA de uma melhor alíquota efetiva de imposto.

Segundo o BBA, a divisão de varejo apresentou vendas sólidas (aumento de SSS de 10,5%), levando a rentabilidade de volta aos níveis históricos (margem EBITDA ajustada de 5,8%, 80 pontos-base acima das estimativas).

Itaú BBA mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 24,00…

XP Investimentos

Para a XP, os resultados vieram acima das expectativas uma vez que a rentabilidade do varejo e do Banco surpreendeu positivamente, enquanto a performance do Atacadão permaneceu sólida. “O principal destaque foi a performance de vendas, com vendas mesmas Lojas (SSS, na sigla em inglês) crescendo duplo dígito tanto no Atacarejo como no segmento alimentar do varejo.”

As vendas líquidas (ex-BIG) subiram 25% na base anual, “puxadas por uma performance sólida em todos segmentos, com o alimentar reportando vendas mesmas lojas em nível de duplo dígito e o Banco escalando seus novos produtos financeiros”, explica XP.

O Atacadão foi novamente o destaque, na opinião da XP, com crescimento de vendas em +30% na comparação ano a ano puxado por um forte crescimento orgânico (+22.4% A/A), frente ao aniversário do Atacadão, crescimento de volumes e inflação, e o plano de expansão da companhia (+24 lojas nos últimos 12 meses).

Entretanto, a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) tenha ficado levemente pressionada (-0,2 ponto percentual na base anual) “uma vez que a alavancagem operacional não foi suficiente para compensar a queda na margem bruta”, comenta XP.

Apesar da operação de varejo ser mais exposta ao macro, com queda de margem em 1,4 ponto percentual (p.p.) ano a ano para sustentar crescimento de vendas, a margem Ebitda veio acima do esperado, em 5,8% uma vez que a alavancagem operacional compensou parte desse efeito. Já para o Banco Carrefour, o Ebitda também veio acima do esperado, em R$ 290 milhões, uma vez que a carga de risco veio mais controlada enquanto a companhia sinalizou uma estabilização / pequena queda para frente.”

XP mantém recomendação neutra com preço alvo de R$ 19,00…

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters

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