A Raia Drogasil reportou
lucro líquido de R$ 372,2 milhões
no segundo trimestre de 2022, alta de 39% em relação ao mesmo
período do ano anterior. A empresa obteve lucro líquido ajustado de
R$ 343,7 milhões, crescimento anual de 48,2%.
A receita líquida avançou
22,3% no comparativo anual, para R$ 7,18 bilhões.
O ebtida – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ajustado de abril a junho foi
de R$ 727,5 milhões, avanço ano a ano de 46,3%.
A receita bruta consolidada de R$ 7.641 milhões, um crescimento
de 22,4% sobre o 2T21. Esse crescimento elevado reflete uma sólida
performance estrutural, alavancada pela digitalização do
relacionamento com os clientes, que incrementa o gasto total após a
digitalização entre 20% e 25%, bem como um forte desempenho durante
o período de gripe.
“Observamos no trimestre um forte pico de incidência de doenças
respiratórias, algo que fora atenuado no 2T21 pelo uso disseminado
de máscaras naquele momento em que a vacinação conta o COVID-19
estava apenas se iniciando. Adicionalmente, a testagem do Covid-19,
incluindo tanto os testes realizados em loja como a venda de
autotestes, contribui em 0,5 ponto percentual para esse crescimento
(contra uma pressão de 1,2 ponto percentual no 1T22). Por fim,
registramos um efeito calendário positivo em 0,3% no trimestre”,
avalia.
Os medicamentos de marca cresceram 22,8%, e os genéricos
cresceram 22,7%, uma forte performance que também foi alavancada
pela sazonalidade de inverno. Por fim, perfumaria cresceu 18,7%
sobre o mesmo período do ano anterior.
O OTC (medicamentos de venda livre, isto é, que podem ser
vendidos sem receita médica) foi o destaque do trimestre, com
crescimento de 28,6% sobre o mesmo período do ano anterior e um
ganho de 1,1 ponto percentual no mix de vendas, alavancado
principalmente pela demanda sazonal de inverno e pela venda de
testes e autotestes de COVID-19, ambos classificados nessa
rubrica.
As despesas com vendas totalizaram R$ 1.330,3 milhões no 2T22,
equivalente a 17,4% da receita bruta, uma diluição de 0,5 ponto
percentual em comparação ao 2T21. Essa diluição se deveu
principalmente pelo aumento das vendas e também por uma manutenção
dos quadros das farmácias apesar da aceleração no fluxo de
clientes.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, foi
registrada no trimestre uma diluição de 0,5 ponto percentual em
despesas com pessoal, de 0,1 p.p. em serviços de entrega ao cliente
e de 0,1 p.p. em despesas de marketing, mais que compensando
pressões de 0,1 p.p. em despesas com fretes de loja e de 0,1 p.p.
em outras despesas.
A companhia registrou um fluxo de caixa livre negativo de
R$ 57,9 milhões e um consumo total de caixa de R$ 193,2 milhões no
trimestre. Os recursos das operações totalizaram R$ 587,8 milhões,
equivalentes a 7,7% da receita bruta. Registramos um consumo de
capital de giro de R$ 391 milhões, resultando em um fluxo de caixa
operacional positivo de R$ 196,8 milhões, além do CAPEX de R$ 254,8
milhões.
A RD inaugurou um total de 64 novas farmácias no 2T22 e encerrou
13, terminando o trimestre com 2.581 farmácias em operação. “Ao
final do período, um total de 29% das nossas farmácias ainda
estavam em processo de maturação, não tendo atingido todo o
potencial de receita e rentabilidade”, apontou a empresa no release
de resultados.
A companhia reiterou o guidance de 260 aberturas brutas para
2022 e 240 para os anos de 2023 a 2025, conforme publicado no
formulário de referência da companhia em 15 de junho de 2022,
totalizando 980 novas farmácias, uma ampliação equivalente a 38% da
rede atual em 4 anos.
A RD ganhou participação em todas as regiões no trimestre,
chegando a uma fatia nacional de 14,4% no período, um crescimento
de 0,4 ponto percentual (p.p.) sobre o 2T21. Registramos uma
participação de 6,56% no Norte, um crescimento de 1,06 p.p. em
relação ao 2T21, uma participação de 17,74% no Centro-Oeste, um
incremento de 0,93 p.p., e uma participação de 10,13% no Sudeste
(excluindo SP), um ganho de 0,51 p.p..
“Também registramos uma participação de 9,92% no Nordeste, um
avanço de 0,44 p.p., uma participação de 25,94% em São Paulo, um
incremento de 0,14 p.p. e uma participação de 9,34% no Sul, um
ganho de 0,03 p.p..”, apontou.
A companhia ainda ressaltou ter atingido R$ 764,0 milhões de
receita em canais digitais no trimestre, representando uma
penetração no varejo de 10,5% e um crescimento de 46,9% sobre o
mesmo período do ano anterior. “Anualizada, a receita digital
supera a marca de R$ 3 bilhões, o que transformaria esse canal
isolado em uma das maiores empresas do varejo farmacêutico”,
aponta.
Dos R$ 254,8 milhões investidos no 2T22, R$ 106,2 milhões foram
destinados à abertura de novas farmácias, R$ 65,9 milhões para a
reforma de unidades existentes, R$ 53,4 milhões em tecnologia da
informação, R$ 19,2 milhões em logística e R$ 10,1 milhões em
outros projetos.
Além disso, foram realizados R$ 10,3 milhões em investimentos na
construção do nosso ecossistema de saúde integral através da RD
Ventures, acumulando desembolsos de R$ 170,4 milhões nesses
investimentos desde 2020.
As despesas financeiras líquidas geraram um desembolso de R$
68,2 milhões no 2T22. Essas despesas foram compensadas pela dedução
fiscal de R$ 48,4 milhões relativa às despesas financeiras e
JSCP.
A dívida líquida ajustada de R$ 1.934,8 milhões,
correspondente a uma alavancagem de 1,0x o ebitda dos últimos 12
meses. A dívida líquida inclui R$ 39,5 milhões em obrigações
relacionadas principalmente ao exercício de opção de compra obtida
e/ou opção de venda concedida para a aquisição da participação
minoritária restante de 15% na 4Bio.
No 2T22, emitimos a 7ª série de debêntures da companhia no
montante de R$ 550 milhões.
Assim, o endividamento bruto totalizou R$ 2.369,6 milhões,
dos quais 82,3% correspondem às debêntures emitidas em 2018, 2019 e
2022 e aos Certificados de Recebíveis Imobiliários emitidos em 2019
e 2022, enquanto 17,7% correspondem a outras linhas de crédito. Do
nosso endividamento total, 90% é de longo prazo e 10% refere-se às
parcelas de curto prazo. Encerramos o trimestre com uma posição de
caixa total (caixa e aplicações financeiras) de R$ 818,8
milhões.
Os resultados da Raia Drogasil (BOV:RADL3) referentes suas
operações do segundo trimestre de 2022 foram divulgados no dia
29/07/2022.
Teleconferência
Em teleconferência de resultados, Eugênio de Zagottis, VP de
planejamento Corporativo e RI da RD, disse que, depois de “seguidos
aumentos de custo com a mesma receita, o que a gente vê é fim da
defasagem (de preços de produtos)”.
Segundo executivo, na medida em que o aumento de preços foi
autorizado, a RD e o mercado repassaram a inflação aos preços.
Zagottis informou também que houve venda maior, que ajuda a
neutralizar a pressão inflacionária.
O executivo disse ainda que a RD tem aproveitado bem a
sazonalidade de inverno. “Quando a gente faz aumento de preço e há
estoque anterior em casa, temos ganho inflacionário e ele paga
algumas perdas que tivemos. Com isso, a gente vê margem buta
grande”, avaliou.
De acordo também com o executivo, a companhia soube aproveitar a
sazonalidade de inverno. “Ano passado, não teve porque muita gente
estava de máscara, que circulava menos covid e menos gripe normal
também”, disse. “Todo esse conjunto fez um trimestre sensacional”,
complementou.
VISÃO DO MERCADO
Ativa
A Raia Drogasil entregou bons resultados no segundo trimestre de
2022, acima das expectativas, com continuidade na expansão na
receita, vendas digitais ganhando tração e avanços na margem bruta
e na margem Ebitda, avalia a Ativa Investimentos, em
relatórios.
“Os ganhos de rentabilidade refletem melhor mix e preço de
vendas e uma dinâmica positiva do reajuste de preços de
medicamentos praticado pela Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos (CMED), que mais que compensaram a pressão
inflacionária nas despesas”, escrevem os analistas Pedro Serra e
Gustavo Costa.
Eles destacam que as vendas digitais estão capturando cada vez
mais penetração sobre as vendas totais com a transformação da
companhia numa plataforma multicanal, aumentando o ticket médio e a
recorrência do cliente. Além disso, eles escrevem que a expansão
geográfica e o foco em formatos populares e híbridos são um
potencial acelerador de crescimento para as vendas da
companhia.
A Ativa Investimentos tem recomendação de compra para as ações
da Raia Drogasil, com preço-alvo de R$ 27,10, potencial de alta de
31% ante o fechamento anterior.
Bank of America
A Raia Drogasil teve um segundo trimestre acima do esperado, com
números impulsionados pelo reajuste no setor de remédios e pela
sazonalidade de uma temporada de gripe mais forte que o normal, diz
o Bank of America (BofA).
Os analistas Robert E. Ford Aguilar, Melissa Byun e Vinicius
Pretto escrevem que a companhia se beneficiou de ganhos de mercado
em todas as regiões, bom atendimento e continua a aumentar sua
penetração em vendas on-line, mostrando consolidação.
“Continuamos a acreditar que um setor de farmácias fragmentado
vai ter dificuldades em superar a escala, diversificação geográfica
e outras vantagens competitivas da Raia Drogasil”, afirmam.
No médio prazo, o banco americano acredita que as iniciativas de
digitalização e engajamento on-ine vão ganhar tração e permitir que
a Raia consiga implementar novos serviços e oportunidades de
monetização e relacionamento com clientes.
Bank of America tem recomendação de compra com preço-alvo em R$
25,00…
Bradesco BBI
Para o Bradesco BBI, os resultados foram inegavelmente
impressionantes. “Contudo, notamos que uma parte relevante é
sazonal, relacionada a ganhos comerciais de aumento de preço e uma
parte pode ter sido pontual, relacionada à falta de estoques no
setor, testes de Covid-19 e sazonalidade de inverno, o que
impulsionou as vendas da RD (e a margem EBITDA)”, avalia o
banco.
Portanto, o BBI segue com recomendação neutra, com o valuation
negociando em 36 vezes o múltiplo P/L (preço sobre o lucro)
estimado para 2023, considerado esticado pelos analistas da
casa.
Durante a tele, Zagottis destacou o efeito sazonal. “É claro que
o número para frente não é 22% (crescimento da receita bruta do
2T22). É um número muito bom, mas tem o fator sazonal forte”,
apontou. O executivo disse ainda que a margem da segunda metade do
ano depende da inflação e estabilização de vendas, mas garantiu que
a receita vai se manter em um “patamar saudável”.
Na mesma linha do BBI, outras casas também possuem recomendação
neutra ou equivalente, também destacando o preço alto a ser pago
pela ação da RD.
Bradesco BBI tem recomendação neutra com preço-alvo de R$
23,00…
Citi
Os resultados da Raia Drogasil no segundo trimestre superaram as
expectativas, diz o Citi, com as receitas vindo 3% das estimativas,
sustentada pelo avanço da digitalização, sazonalidade positiva,
maior venda de testes de covid-19 e mais dias no calendário.
Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata destacam que a margem
bruta da companhia foi ajudada pelos reajustes de medicamentos no
último trimestre, o que combinado com uma maior diluição de custos,
gerou avanço na margem Ebitda ajustada e no lucro líquido, ambos
batendo as expectativas do banco.
No entanto, eles questionam se a maior alavancagem operacional
será recorrente, uma vez que há um limite para diluição de custos e
a manutenção da alta inflação pode bater nas margens da companhia
nos próximos trimestres.
O banco diz que os papéis da empresa sendo negociados a
múltiplos altos de 36,7 vezes o preço lucro de 2023, e acreditam
que a combinação de consistência e boa execução da Raia vai
continuar os deixando elevados.
Citi tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 20,00…
Credit Suisse
Os resultados da Raia Drogasil no segundo trimestre superaram
expectativas do mercado, diz o Credit Suisse. O banco destaca que a
empresa superou os temores envolvendo lucratividade e mostrou
aceleração nas receitas.
Os analistas Pedro Pinto e Victor Saragiotto escrevem que os
resultados confirmam que o setor de farmácias está bem posicionado
para um segundo semestre com padrões de consumo ainda incertos por
conta de suas características defensivas.
Em termos de valor dos papéis, no entanto, o banco vê Raia
Drogasil sendo negociada a múltiplo de 26 vezes o preço lucro de
2023, acima da média do setor de varejo, o que os torna caros neste
ambiente de incertezas.
Credit Suisse mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$
27,00…
Itaú BBA
O Itaú BBA elevou seu preço-alvo para as ações da Raia Drogasil
de R$ 23,4 para R$ 24,6, citando o aumento na margem e o desempenho
forte da receita no segundo trimestre, e reiterou sua recomendação
neutra, dado que a valorização relativa da empresa já reflete
grande parte do potencial positivo.
Os analistas escrevem que o impacto na margem bruta dos novos
preços regulatórios implementados no final de março foi maior do
que o esperado, e a margem ficou 0,6 ponto percentual acima da
previsão.
A superação das estimativas e um desempenho de receita muito
robusto levou a uma diluição decente das despesas de vendas, e a
Raia Drogasil registrou um de seus maiores níveis de lucratividade
em um trimestre, com margem Ebitda de 9,5%, 1,5 ponto acima da
previsão do Itaú BBA, dizem os analistas.
“Acreditamos que esses resultados têm o potencial de amenizar as
preocupações de alguns investidores relacionadas à lucratividade de
curto prazo”, escrevem os analistas.
Eles ressaltam que as vendas digitais atingiram um recorde de
penetração de vendas de 10,5%. “A Raia Drogasil é uma das empresas
mais bem posicionados no mercado brasileiro de farmácias, devido à
sua execução impecável, plano de expansão e iniciativas digitais
promissoras, todas evidenciadas nestes resultados”, concluem.
Itaú BBA mantém recomendação neutra e eleva preço-alvo
de R$ 23,40 para R$ 24,60…
XP investimentos
Os analistas da XP destacam o sólido crescimento de receita, com
alta de 22% na comparação anual, diante da maior demanda por
medicamentos por conta do surto de doenças respiratórias, combinado
com rentabilidade em níveis recordes por conta de ganhos de estoque
frente ao reajuste regulatório de preços.
A rentabilidade foi o destaque do resultado, avaliam os
analistas, com margem bruta e margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes
de juros, impostos, depreciações e amortizações) no maior nível
desde o segundo trimestre de 2016, em 30,3% e 9,5% (ambos com alta
de 1,5 ponto percentual na base anual), respectivamente, puxado por
ganhos de estoque decorrente do reajuste regulatório de preços.
Como resultado, o lucro líquido totalizou R$ 344 milhões, alta de
48% na base anual e 30% acima do esperado.
Além disso, a XP destaca ser interessante notar que a companhia
continua a expandir seu canal digital, alcançando uma penetração
recorde de 10,5% das vendas, além de ter mantido ganhos de
participação de mercado em todas as regiões, principalmente no
Norte (+1,1 ponto percentual [p.p.]) e Centro-Oeste (+
0,9p.p.).
“Por fim, o ecossistema de saúde de RD também continua
avançando, com serviços já sendo oferecidos em aproximadamente 60%
das lojas e 146 mil SKUs (produtos únicos) já ofertados em seu
marketplace”, avaliam os analistas.
XP mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 21,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
RAIA DROGASIL ON (BOV:RADL3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
RAIA DROGASIL ON (BOV:RADL3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024