O Itaú Unibanco registrou lucro líquido
recorrente de R$ 7,679 bilhões no segundo trimestre de
2022, uma alta de 4,3% na comparação trimestral e de 17,4% em
relação a igual período do ano passado.
Para o banco, o consenso Refinitiv apontava uma expectativa de
lucro de R$ 7,487 bilhões.
O lucro contábil foi de R$ 7,4 bilhões, queda
de 1,6% ante igual intervalo de 2021.
O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido
(ROE, na sigla em inglês) médio foi de 20,8%, volume que representa
uma alta de 1,9 ponto percentual (p.p.) na comparação com 2T21.
O custo de crédito somou R$ 7,535 bilhões no segundo trimestre,
com altas de 8,1% ante o trimestre imediatamente anterior e 60,6%
na comparação com igual período do ano passado. O banco encerrou o
segundo trimestre com inadimplência de 2,7% na carteira de crédito,
ante 2,6% em março e 2,3% em junho do ano anterior. A taxa de
calotes de pessoa física alcançou 4,4% no fim de junho, ante 4,1%
em março e 3,6% no fim do segundo trimestre de 2021.
A carteira de crédito do conglomerado, que
inclui a operação brasileira e as de outros países da América
Latina, encerrou o período em R$ 1,084 trilhão, um aumento de 19,3%
em 12 meses, e de 5% em três. Os maiores impulsos vieram do crédito
a pessoas físicas e a pequenas e médias empresas, que cresceram
29,8%.
Já carteira de pessoas físicas atingiu R$ 372,4
bilhões no segundo trimestre de 2022, um crescimento de 33,1%
frente ao mesmo período de 2021. Enquanto a carteira de micro,
pequenas e médias empresas totalizou R$ 162,8 bilhões no 2T22, um
avanço de 22,8% frente a igual etapa de 2021.
A margem com clientes foi de R$ 21,988 bilhões, alta de 30,9% em
termos anuais, devido ao maior volume de crédito e da maior
participação no mix de produtos como o cartão financiado e o
crediário. Também houve impacto das taxas de juros sobre o capital
de giro próprio, que o Itaú contabiliza junto com a margem com
clientes.
O spread foi de 8,4%, 0,5 ponto porcentual acima do registrado
no trimestre anterior.
Já a margem com mercado, que reflete o resultado da tesouraria
do banco, repetiu a tendência vista nos resultados do Santander
Brasil e do Bradesco, mas apenas parcialmente. A tesouraria do Itaú
teve resultado positivo em R$ 650 milhões, queda de 67,4% em um ano
e de 35,5% em um trimestre, enquanto os rivais tiveram perdas.
A margem financeira gerencial somou R$ 22,638 bilhões no
2T22, um incremento de 20,5% em relação ao 2T21.
Segundo Itaú, o aumento no volume de crédito foi a principal
alavanca para o crescimento da margem. Além do volume, a margem foi
beneficiada pela continuada mudança de mix de produtos, com maior
crescimento relativo de produtos com melhores spreads como cartão
financiado e crediário.
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias
chegaram à marca de R$ 10,4 bilhões, alta de 8,3% no ano a ano e
7,4% sobre o trimestre imediatamente anterior. As receitas
angariadas pelo banco por meio de seguros foram de R$ 2,1 bilhões
no trimestre, queda de 4,7% sobre o 1T22, porém aumento de 14,4%
sobre o 2T21.
O resultado de créditos de liquidação duvidosa atingiu R$ 7,098
bilhões entre abril e junho de 2022, um aumento de 73,1% frente ao
mesmo período de 2021.
As despesas não decorrentes de juros alcançaram R$ 13,310
bilhões no segundo trimestre de 2022, com aumento de 6% em relação
ao mesmo período do ano anterior. O aumento das despesas não
decorrentes de juros no trimestre é explicado por maiores despesas
com participação nos resultados; maiores despesas com serviços de
terceiros, relacionadas às operações e com assessoria e
consultoria, e com campanhas de marketing veiculadas na mídia e
aumento das despesas com provisões trabalhistas, devido ao maior
volume de ações e acordos no período. Na América Latina, a redução
das despesas ocorreu em função da variação cambial no período.
O resultado de créditos de liquidação duvidosa foi de R$ 7,09
bilhões no segundo trimestre, elevação de 73,1% sobre igual período
de 2021. Ante o 1T22, foi uma alta de 11,2%.
O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90) foi de 2,7%,
aumento de 10 pontos base em relação ao trimestre anterior.
De acordo com o banco, o crescimento ocorreu devido ao “aumento
de 30 pontos base na carteira de pessoas físicas no Brasil. Vale
destacar a redução de 10 pontos base na carteira de micro, pequenas
e médias empresas e de 40 pontos base em grandes empresas, que
atingiu o menor patamar da série histórica.”
A carteira de pessoas físicas cresceu 7,4% no trimestre e 33,4%
em 12 meses. O crescimento foi impulsionado principalmente pelos
aumentos de 10,3% em crédito consignado, relacionado com o aumento
da margem consignável; 8,1% em crédito pessoal; e 8,0% em cartão de
crédito. Em 12 meses, merece destaque os crescimentos de 43,1% em
cartão de crédito, em função da conquista de clientes ao longo do
ano e da maior utilização do produto; e 35,3% em crédito
imobiliário, mesmo com o cenário de elevação da taxa básica de
juros.
Os ativos totais aumentaram 5,1% no trimestre, principalmente
devido ao crescimento de R$ 42,6 bilhões em operações de crédito
líquidas de PDD, relacionado com as evoluções das carteiras de
crédito consignado, de cartões de crédito e de imobiliário. Em 12
meses, o crescimento das operações de crédito foi de R$ 133,4
bilhões. O aumento de 35,6% no ativo permanente tem como principal
responsável o efeito da aquisição de participação na XP Inc.
ocorrida em abril/22.
Os recursos de aceites e emissão de títulos cresceram 19,4% no
trimestre (principalmente em captações de letras financeiras e
imobiliárias, que cresceram 30,3% e 19,7%, respectivamente) e
compensaram em parte a redução de 5,7% das captações no mercado
aberto. Em 12 meses, esse crescimento foi de 61,0%. O aumento de
10,7% no patrimônio líquido, deve-se principalmente ao resultado do
período e pelo efeito positivo ocasionado pelo aumento de
participação no Itaú Chile em novembro/21.
Projeções
O Itaú Unibanco revisou para cima as projeções para o ano de
2022. A carteira de crédito total deve crescer entre 15,5% e 17,5%.
Já para margem financeira com clientes, o Itaú projeta crescimento
de até 27% neste ano.
O banco estima alta de até 9% da receita de prestação de
serviços e resultado de seguros.
Os resultados do Itaú Unibanco (BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) referente
o segundo trimestre de 2022 foram divulgados no dia 09/08/2022.
Confira o relatório de análise gerencial da
operação!
Teleconferência
O Itaú Unibanco está desacelerando fortemente a produção de
crédito, como parte do esforço para controlar o avanço dos índices
de inadimplência nos próximos meses num cenário de juros em
elevação, disse o principal executivo do banco nesta
terça-feira.
“Chegamos a desacelerar a produção de crédito em até 50% em
algumas linhas”, disse o presidente-executivo, Milton Maluhy Filho,
em teleconferências sobre os resultados trimestrais.
Na noite da véspera, o banco anunciou que seu lucro recorrente
do segundo trimestre cresceu um pouco acima do esperado pelo
mercado, turbinado pela forte alta do crédito, mesmo num período de
juros em elevação, o que o levou a subir as projeções para expansão
dos empréstimos em 2022.
Mas mesmo com a melhora das projeções macroeconômicas do país
para o ano, além da concessão de benefícios sociais, como o Auxílio
Brasil de 600 reais, o executivo avaliou que o cenário de inflação
mais alta corrói a renda das famílias e a capacidade de pagamento
dos empréstimos.
Assim, o banco espera deterioração do índice de operações
vencidas há mais de 90 dias, que fechou junho em 2,7%, para níveis
mais similares aos de antes da pandemia, por volta de 3%.
No mercado, a reação era positiva ao conjunto dos resultados e à
sinalização do executivo de que o banco seguirá perseguindo níveis
de rentabilidade similares aos 20,8% obtidos no segundo
trimestre.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Na avaliação do Bradesco BBI, as melhores margens financeiras
com clientes compensaram um maior custo de risco. “No lado
negativo, destacamos um crescimento relevante com custos de
provisões diante de uma deterioração na qualidade de ativos para
indivíduos”, escreveram os analistas.
Segundo eles, o Itaú apresentou um trimestre “decente”, com
tendências sólidas. O principal destaque, para o BBI, foi a revisão
do guidance da companhia, que levou o mercado a rever, para cima,
suas expectativas. “Contudo, notamos que provisões mais altas
poderiam acender uma luz amarela sobre preocupações com a qualidade
dos ativos, especialmente considerando o ritmo de crescimento em
linhas mais arriscadas”, diz o relatório do BBI.
Bradesco BBI tem recomendação de compra com preço-alvo de
R$ 32,00…
Credit Suisse
O Credit Suisse observa que o Itaú teve desempenho superior ao
de seus pares no segundo trimestre. A casa afirma que o resultado
aponta um ambiente de margens líquidas fortes para o banco.
“Achamos interessante ver a habilidade do banco em crescer no
crédito ao varejo com qualidade”, diz a análise do Credit.
O Credit Suisse prevê que o Itaú encerrará o ano com lucro
líquido gerencial de R$ 31,1 bilhões. “Reiteramos nossa avaliação
outperform (desempenho acima da média do mercado) para Itaú
Unibanco, que permanece um top pick, assim como Banco do Brasil
(BBAS3), diz a análise.
Credit Suisse tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
30,00…
Goldman Sachs
Já o Goldman Sachs mantém avaliação neutra sobre o papel, com
preço-alvo de R$ 25. O resultado do Itaú no segundo trimestre ficou
abaixo do esperado pelo banco – o Goldman projetava lucro líquido
recorrente de R$ 7,755 bilhões. Mesmo assim, os analistas esperam
uma reação positiva do mercado à revisão do guidance da
companhia.
Na avaliação do Goldman, o Itaú apresentou receitas sólidas,
graças a melhores margens líquidas com clientes. O banco acompanhou
a mudança de guidance da instituição financeira e revisou suas
projeções. Agora, o Goldman Sachs prevê que o Itaú encerre 2022 com
lucro líquido recorrente entre R$ 28,3 bilhões e R$ 35,7 bilhões e
retorno sobre patrimônio líquido entre 19,3% e 23,9%.
JP Morgan
O JP Morgan classificou como “impressionante” o fato do Itaú ter
conseguido manter as margens líquidas com mercado no terreno
positivo, em R$ 650 milhões. Tanto o Bradesco quanto o Santander
registraram perdas nessa linha do balanço.
“No lado da qualidade de ativos, o Itaú também se saiu melhor
que os seus pares, com a taxa de inadimplência de 90 dias piorando
apenas 10 pontos-base”, escreveram os analistas do JP. O volume de
renegociações, por sua vez, foi inferior ao dos seus
concorrentes.
Contudo, o JP Morgan afirma que o crescimento de empréstimos em
produtos de risco, como cartões de crédito e empréstimos pessoas,
pode se tornar uma preocupação se não houver uma desaceleração.
JPMorgan tem recomendação overweight com preço-alvo de R$
25,24.
XP Investimentos
Maluhy Filho sinalizou também que o Itaú Unibanco avalia vender
sua participação restante na plataforma de investimentos XP para
investidores institucionais.
“Não é do nosso interesse ter um ‘overhang’ (excesso de ações no
mercado, que pode derrubar os preços) ao vender ações da XP”, disse
o executivo a jornalistas durante teleconferência sobre os
resultados do segundo trimestre. “Podemos vender participações para
investidores privados.”
No mês passado, a Itaúsa, holding controladora do Itaú Unibanco,
vendeu 7 milhões de ações da XP, cerca de 1,26% do capital, por
cerca de 665 milhões de reais, mantendo cerca de 10,31% do capital
da plataforma.
O Itaú tem afirmado que planeja se desfazer do negócio, mas que
não tem pressa para fazê-lo.
Por outro lado, o Itaú também anunciou em julho a compra do
controle da corretora de acesso de investidores de varejo a
mercados no exterior Avenue, adquirindo 35% do negócio por 493
milhões de reais.
“O Itaú avalia fazer novas aquisições, se houver oportunidades,
disse Maluhy Filho.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Suno, Estadão, Reuters
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