A Suzano comunicou a celebração de contrato de compra com a Kimberly-Clark (KC) Brasil para a aquisição da totalidade das quotas detidas pela KC Brasil no negócio de Tissue. O valor do negócio não foi revelado.

O comunicado foi feito pela companhia (BOV:SUZB3) nesta segunda-feira (24).

Segundo comunicado, uma nova sociedade será titular dos ativos referentes ao negócio de fabricação, marketing, distribuição e/ou venda no país de produtos de bens de consumo (tissue), tais como papel higiênico, toalhas de papel, guardanapos, lenços, e outros produtos de papel, incluindo a propriedade sobre a marca Neve.

O principal ativo contemplado na operação refere-se a uma fábrica de produção de tissue, localizada no município de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, com capacidade anual de produção de aproximadamente 130 mil toneladas. Como parte do negócio, as demais marcas globais utilizadas atualmente pela KC Brasil serão licenciadas para a Suzano por prazo determinado.

Segundo a Suzano, “a operação está alinhada à estratégia de longo prazo de avançar nos elos da cadeia, representando complementaridade geográfica e ganhos de sinergia com seu atual negócio de bens de consumo (tissue)”.

A companhia informou ainda, em comunicado, que o negócio “não possui materialidade à sua alavancagem financeira e/ou endividamento”. A conclusão da operação está sujeita a condições precedentes comuns a esse tipo de transação, incluindo a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 ⇒  A Suzano pretende divulgar os resultados do 3T22 no dia 27 de outubro

VISÃO DO MERCADO

Ativa Investimentos

A Ativa, vê com bons olhos a expansão no mercado de tissue por parte de Suzano, que dispondo da marca Neve, terá mais condições de brigar em uma parte mais premium do mercado de tissue no país. Ademais, a aquisição dos ativos da Kimberly-Clark do Brasil, complementa a participação da Suzano no mercado de tissue, hoje mais estabelecida através da marca Mimmo nas regiões norte e Nordeste do país.

Do ponto de vista financeiro, ainda que não tenha aberto os valores da transação, o mercado aponta que a operação pode ter saído próxima a R$ 1,5 bi, valor levemente superior aos U$ 200 MM previamente estimados quando da intenção da Kimberly-Clark em se desfazer de seus ativos na América Latina. Embora a Kimberly-Clark não divulgue o valor de seus ativos por região, acredita-se que a operação tenha sido feita sob um EV/Ebitda próximo de 10 a 12x. O valor é alto se compararmos os múltiplos atuais pelos quais as ações de Suzano transacionam.

Ainda assim, vemos valor no negócio em função de Suzano ser um player estratégico e capaz de extrair sinergias operacionais e financeiras da operação.

No lado operacional, lembramos que o consumo por tonelada de tissue no Brasil não chega a um quarto do que vemos em nações mais desenvolvidas, como os EUA. Ademais, os R$ 1,5 bi dispendidos podem ser perfeitamente pagos via sua robusta posição atual de caixa superior a R$ 20 bi, não onerando sua alavancagem em dólares próxima a 2,3x.

Diante do exposto, acreditamos que os papéis de Suzano reagirão positivamente ao anúncio da concretização da operação.

Bank of America

O Bank of America (BofA) avalia que o movimento deve elevar a participação no segmento de papel higiênico no mercado brasileiro.

“Acreditamos que isso deve ajudar a aumentar a participação de mercado da Suzano em papel higiênico no Brasil de 11% para 20-25%, colocando-a em um tamanho comparável ao da CMPC, de 25-30%”, afirmam os analistas Caio Ribeiro, Guilherme Rosito e Leonardo Neratika.

O banco estima que a aquisição dos ativos da Kimberly-Clark Brasil pela Suzano pode valer entre R$ 1,3 bilhão a R$ 1,4 bilhão. Como base, o BofA considerou a compra que o grupo CMPC anunciou a aquisição da Sepac, com capacidade para 135 quilotoneladas, por R$ 1,3 bilhão, e da Carta Fabril, com 100 quilotoneladas, por R$ 1,14 bilhão.

O banco ressalta ainda que a aquisição está em linha com a estratégia anunciada no Investor Day da Suzano, quando a empresa destacou oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico em papel higiênico, já que o mercado brasileiro continua fragmentado. Com isso, a demanda crescente por dois produtos de dobra e três camadas provavelmente aumentariam os retornos.

O Bank of America mantém a recomendação de compra para as ações da Suzano, com preço-alvo de R$ 79. O valor representa uma valorização potencial de 52% em relação à cotação registrada há pouco e considera os preços de celulose abaixo de US$ 500 por tonelada, em comparação com o preço atual de US$ 865 a tonelada, o que parece exagerado, na opinião do banco.

Bradesco BBI

Analistas avaliaram a aquisição como positiva para estratégia de crescimento da Suzano no mercado brasileiro, pois adiciona capacidade produtiva relevante e aumenta a penetração de mercado dos produtos da companhia.

“Agora, com a KC Brasil, a Suzano poderá ampliar de forma relevante sua capilaridade e exposição para a região Sudeste com marcas muito fortes, como Neve e Kleenex , além de capturar sinergias em distribuição, compras e despesas gerais e administrativas”, comenta BBI, em relatório.

O time de análise do BBI lembra que a Suzano vem registrando sólida expansão de participação de mercado no mercado de tissue brasileiro (de 0% de participação em 2017, para 6,7% em 2019 e 11,2% em 2021) e atualmente está operando a plena capacidade (cerca de 150 mil toneladas de produção de bobinas jumbo). A participação de mercado da Suzano pode se expandir para cerca de 20% com a aquisição da KC”.

Além disso, a empresa anunciou recentemente um projeto de tissue em Aracruz (Espírito Santo), com capacidade de 60 mil toneladas (possivelmente com início em 2024).

Assim, avaliam os analistas, há um sólido desenvolvimento estratégico para a Suzano e em linha com as recentes mensagens da administração de que a empresa poderia buscar opções de crescimento orgânico ou inorgânico no mercado doméstico de tissue.

“De fato, como mencionamos em relatório passado, pensamos que a aquisição da K-C Brasil era uma possibilidade real. O consumo per capita de tissue brasileiro continua baixo, com tendências de demanda sinalizando um crescimento estrutural atraente à frente, enquanto o mercado vem passando por uma consolidação nos últimos anos (CMPC e Suzano são players ativos)”, apontam os analistas do BBI.

Bradesco BBI mantém recomendação de venda com preço-alvo de R$ 60,00…

Citi

A compra dos ativos de papéis de higiene da Kimberly-Clark no Brasil é movimento positivo para a Suzano aumentar sua presença no segmento, diz o Citi. O banco estima que as vendas da companhia aumentam em 2% com a operação.

O analista Stefan Weskott escreve que a Suzano deve ter desembolsado cerca de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,5 bilhão pelos ativos, cerca de 2% do valor de mercado, o que tem pouco impacto no seu balanço. Os valores da operação não foram divulgados.

“Gostamos do valor estratégico desta operação para adentrar na cadeia de valor, especialmente em papéis de higiene, que são mais resilientes e apoiam o crescimento na demanda por celulose no médio e longo prazo”, comenta.

Citi tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 60,00…

Itaú BBA

Para Itaú BBA, a transação é “estrategicamente positiva, pois: aumenta a capacidade de tissue da Suzano em 76%, para 300 ktpa; dá acesso ao mercado da região Sudeste; e traz novos produtos (como lenços umedecidos) para o portfólio da Suzano”.

Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 63,00…

JP Morgan 

Na véspera, o JPMorgan havia elevado a recomendação para as ações da Suzano para equivalente à compra, o que impulsionou as ações na sessão.

As ações da Suzano (SUZB3) ficaram entre os poucos destaques de alta em um dia majoritariamente negativo para o Ibovespa, em meio à alta do dólar e elevação de recomendação pelo JPMorgan. Os ativos SUZB3 subiram 3,48%, a R$ 51,42, com Klabin (KLBN11) fechando com ganhos de 1,50%, a R$ 20,95. O dólar avançou 3,01%, a R$ 5,302 na compra e R$ 5,303 na venda: o dólar em alta beneficia exportadoras, como as empresas de papel e celulose.

Além disso, o banco americano JPMorgan destacou, em relatório, que a Suzano (SUZB3) é sua principal escolha no setor de celulose e elevou a recomendação de equal-weight (equivalente à neutra) para overweight (equivalente à compra), pois acredita que os preços da celulose ainda vão demorar para voltar a normalidade.

O preço-alvo passou de R$ 58 para R$ 67, o que representa um potencial de valorização de 34,8% frente a cotação de fechamento de sexta-feira (21) de R$ 49,69.

Analistas explicam que uma combinação de interrupções de fornecimento, gargalos logísticos e atrasos de capacidade levou os preços da celulose a níveis históricos. O consenso de mercado é que os preços BHK da China fecharão o ano em US$ 750 a tonelada, implicando em uma correção significativa dos níveis atuais de US$ 860/t nas próximas semanas, improvável, na opinião do banco.

Para o JPMorgan, a dinâmica de oferta e demanda ainda está apertada na China, e há apetite reprimido por celulose em um cenário de normalização de preços. Além disso, o banco não descarta mais atrasos em adições de capacidade para o próximo ano.

Olhando para frente, a equipe de research do banco acredita que a velocidade de correção de preço será mais lenta do que o previsto, assim enxergam a Suzano como a melhor opção do setor.

“Mais importante, as ações de celulose tiveram desempenho inferior aos preços da celulose e, quando impulso de ganhos para outras commodities (por exemplo, aço e mineração) se deteriorar, os ganhos de celulose devem se destacar em uma base relativa”, diz relatório.

Por fim, o banco destaca que o principal ponto negativo para Suzano é que maiores investimentos (capex) devem compensar lucros maiores. No entanto, analistas enxergam o Projeto Cerrado como agregador de valor e a empresa deve sair desse investimento relativamente alavancada (Dívida líquida/Ebitda com pico de 2,6 vezes em 2024).

Morgan Stanley 

Segundo Morgan Stanley, a administração da Suzano vê uma tendência premiumização se desdobrando no Brasil nos próximos anos, com a participação de produtos premium de tissue aumentando no consumo total. “Na visão da administração, o negócio de tissue tem oportunidades interessantes de crescimento no país, já que o consumo per capita do Brasil (6kg/ano) fica abaixo de outros mercados emergentes (Chile 14kg, México 9kg).”

O Morgan destaca ainda que o mercado é muito fragmentado no Brasil (ao contrário de outros países da América Latina). Como resultado, a Suzano está focada em consolidar sua posição no mercado doméstico e aumentar sua presença geográfica de distribuição.

Com relação ao preço, a Suzano não divulgou o valor, mas o banco avalia a transação em US$ 300 milhões. “Assumindo um preço de R$ 1,060 bilhão, a intensidade de capital de R$ 8.155 a tonelada da aquisição se compara favoravelmente ao da nova planta de tissue da Suzano de R$ 10 mil a tonelada – Suzano planeja investir R$ 600 milhões na construção de uma fábrica de tissue em Aracruz” diz Morgan Stanley.

Morgan Stanley mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 60,00…

Informações Broadcast

SUZANO PAPEL ON (BOV:SUZB3)
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