A Raízen, assinou um contrato de afretamento com a KCC
Chartering, subsidiária da norueguesa Klaveness Combination
Carriers (KCC), o que permitirá que navios híbridos saiam do Brasil
com açúcar e tragam combustíveis importados.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:RAIZ4) nesta
quarta-feira (15).
Com a iniciativa, que permitirá redução de emissões e ganhos de
eficiência, os navios da KCC poderão levar açúcar brasileiro da
Raízen para seus clientes no Oriente Médio, por exemplo, e retornar
com combustíveis derivados do petróleo para a América do Sul.
Assim, as embarcações poderão ficar constantemente carregadas,
na ida e na volta, transportando produtos diferentes, ressaltaram
executivos de ambas as empresas à Reuters. O contrato é válido por
três anos.
A Raízen –uma joint venture da Shell com a Cosan– também atua no
suprimento de combustíveis na Argentina e no Uruguai, cujos
mercados assim como o Brasil também são deficitários em relação a
esses produtos e poderão ser abastecidos pelos navios híbridos.
A combinação de cargas, com mínimo de lastro e tempo de espera
entre as viagens, poderá reduzir em até 40% as emissões de CO2 por
tonelada transportada, dependendo da rota e em comparação a
navios-tanque padrão e navios graneleiros realizando as mesmas
atividades comerciais, afirmou.
“Não tem só a ver com a redução de emissões, tem a ver com fazer
o melhor para o mundo, sendo competitivo e eficiente. Isso nos
aproxima muito dos nossos clientes e amplia nossas relações, porque
é um ganha, ganha, ganha”, afirmou à Reuters o vice-presidente de
Trading da Raízen, Paulo Neves.
Normalmente, os navios podem ficar cerca de 40% de seu tempo
viajando vazios e fazendo operações de embarque e desembarque. No
acordo com a KCC, a expectativa é reduzir esse percentual a cerca
de 5% a 10%.
“A lógica do navio é igual a do avião, não pode parar, tem que
rodar o tempo inteiro”, frisou Neves.
Pelo negócio, a Raízen contará com oito navios híbridos da KCC a
seu serviço, o equivalente a metade da atual frota da companhia
afretadora. Cada embarcação pode transportar mais ou menos 75 mil
toneladas de carga seca e 65 mil toneladas de carga líquida.
O número de navios do negócio é relativamente pequeno,
considerando que a Raízen opera atualmente com cerca de 400 navios
afretados. No entanto, Neves frisou a característica única do
acordo, que tem ainda o potencial para crescer, trazendo mais
resultado com o tempo.
“Esse caso é emblemático porque a gente é muito feliz de
encontrar uma empresa com um DNA tão parecido com o nosso,
construindo uma solução que é mais eficiente para todo mundo… e,
além de tudo, o nosso cliente que já tem um açúcar vencedor da
Raízen, terá esse açúcar com uma pegada de carbono menor”, disse
Neves.
“Eu demorei até a acreditar que a gente ia conseguir colocar
açúcar e líquidos no mesmo navio.”
Para alternar entre um produto e outro, os porões de carga do
navio passam por uma limpeza técnica, que é inspecionada no porto
de descarga, após concluída a operação de descarregamento. São
utilizados produtos específicos para garantir as condições de
recebimento da próxima carga.
Dependendo do tipo de carga, ela pode até ser feita durante a
própria viagem do navio em direção ao próximo porto de carregamento
mas, usualmente para a Raízen, acontece no porto de descarga,
explicou a companhia.
Ambições futuras
A Raízen e a KCC planejam aumentar ainda mais as reduções de
emissões ao estabelecer ambições para uma cooperação de longo prazo
em iniciativas de eficiência operacional e energética, bem como
possíveis testes de novos tipos de combustível.
O CEO da KCC, Engebret Dahm, destacou que a empresa unirá
esforços com a Raízen para enfrentar ineficiências na área de
transporte e cumprir compromissos conjuntos em relação à
descarbonização.
Dahm destacou que a indústria marítima não está incluída no
Acordo de Paris e que as iniciativas globais para a descarbonização
dependem em grande parte de regulamentos que precisam ser acordados
entre países, o que muitas vezes pode não ser muito eficiente.
“É preciso liderar, agir. Você não pode esperar que os governos
ajam. Você precisa agir cedo… Essa é a filosofia da minha empresa
e, pelo que aprendi sobre Raízen, também é a filosofia dela. E é
por isso que eu acredito que essa é uma parceria muito boa”, disse
Dahm.
A solução ocorre ainda em um momento em que as grandes
distribuidoras de combustíveis no Brasil investiram alto em
infraestrutura e logística para importar produtos como diesel e
gasolina, depois que a Petrobras reduziu sua atribuição no
abastecimento do país nos últimos anos, incluindo a venda de
refinarias.
Neves destacou que o mercado brasileiro hoje depende também de
outros players privados além da Petrobras. “Olhando do ponto de
vista estrutural, de uma forma muito rápida, a gente imagina que o
Brasil continua deficitário esse ano, continua precisando
importar”, concluiu.
Informações Reuters
Raizen S.A PN (BOV:RAIZ4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
Raizen S.A PN (BOV:RAIZ4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024