Americanas deve R$ 71,87 milhões para cerca de 100 editoras de livros
24 Fevereiro 2023 - 9:11AM
ADVFN News
A Americanas deve R$ 71,87 milhões para cerca de 100 editoras de
livros, de acordo com a lista de credores que a varejista entregou
à Justiça ao pedir recuperação judicial. Os valores das dívidas
variam entre R$ 75 e R$ 7,68 milhões. O levantamento foi feito pelo
Estadão, com base na lista de credores da empresa.
O prejuízo milionário das editoras vem no mesmo ano em que a
Livraria Cultura teve a falência decretada pela Justiça por não
honrar os pagamentos acordados com os credores – depois, a livraria
conseguiu reverter o quadro, ao menos temporariamente, para voltar
ao status de empresa em recuperação judicial.
A maior credora da Americanas (BOV:AMER3) entre as editoras é a
Catavento, com R$ 7,68 milhões, seguida pela Intrínseca, que tem R$
5,9 milhões a receber, e pela Companhia das Letras, com R$ 5,3
milhões. A Panini aparece em quarto lugar, com R$ 5 milhões a serem
pagos pela varejista.
Quase 90% da dívida com o setor está concentrada em 20 empresas,
que têm R$ 1 milhão ou mais a receber da Americanas.
Com a Americanas em recuperação judicial, as dívidas com as
editoras, que representam 3% do faturamento anual do setor, devem
ser pagas no prazo a ser acordado com credores na votação do plano
de recuperação. Ou seja, as empresas terão de arcar com o prejuízo
pelos próximos meses ou mesmo anos.
O impacto financeiro do caso da Americanas é significativo para
o setor, que já enfrentava dificuldades para aumentar a receita. O
faturamento do mercado de livros no Brasil em 2022 foi de R$ 2,58
bilhões, e deve atingir R$ 2,6 bilhões em 2023, um crescimento de
2,3%, de acordo com dados da consultoria Statista.
A previsão do avanço do mercado para este ano é inferior à média
global, que é de 3,4%. No País, o gasto anual médio por consumidor
no mercado de livros é de R$ 56,46, enquanto chega a R$196 no
mundo. Até 2027, a consultoria prevê uma taxa composta anual de
crescimento de 1,77% no faturamento do segmento de livros no
Brasil.
Risco para as pequenas editoras
De acordo com Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional dos
Editores de Livros (SNEL), nenhuma das grandes editoras corre o
mesmo risco que as pequenas, mais sensíveis às perdas financeiras.
Cid diz que a Americanas era responsável por cerca de 10% do
faturamento das grandes – bem menos que a livraria Saraiva, outra
que entrou em recuperação judicial e que era responsável por 40% ou
50% do faturamento das editoras. Ainda assim, Cid avalia que a
recuperação judicial da Americanas pode levar o setor a registrar
crescimento zero em 2022.
“É um problema grave que pegou todo mundo de surpresa. O timing
foi péssimo, porque estava se aproximando do momento de as editoras
receberem pelas vendas da Black Friday e do Natal. Essas vendas
fizeram muita diferença no ano”, diz.
Cid afirma que os estoques que antes iam para a Americanas devem
ir para concorrentes no comércio eletrônico. Porém, a perda da
exposição dos livros nas lojas físicas é um golpe mais difícil para
o setor superar. “Algumas editoras haviam sentido insegurança com a
Americanas e reduziram o trabalho com a varejista. Mas a grande
maioria trabalhava com ela normalmente. Agora, a maioria vai
suspender as negociações com a empresa e outras vão trabalhar
apenas com pagamentos à vista”, diz.
Procuradas, as editoras citadas na reportagem não comentaram o
caso. A Americanas também não se pronunciou.
Em entrevista publicada pelo jornal O Globo, o fundador e
presidente da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, disse que o
efeito Americanas talvez seja menor que os fechamentos de grandes
livrarias. “A Americanas trabalha principalmente com best-sellers,
por isso é provável que as pequenas editoras não sejam tão afetadas
quanto foram pelas recuperações judiciais da Saraiva e da Cultura”,
disse. “Para as editoras grandes, é um baque, é péssimo, mas temos
condições de sobreviver. Será um ano menos lucrativo.”
Informações Broadcast
Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
Americanas ON (BOV:AMER3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024