Eneva vai buscar sócio para ativos de geração renovável para reduzir alavancagem
09 Março 2023 - 01:04PM
ADVFN News
A Eneva (BOV:ENEV3) está buscando um sócio para desenvolver sua
plataforma de energia renovável e pretende conquistar novos
contratos para seus projetos termelétricos em um leilão de potência
previsto pelo governo para novembro deste ano, disse o CFO da
companhia, Marcelo Habibe.
As apostas fazem parte do plano estratégico da Eneva de
diversificar suas fontes de receita, disse Habibe, acrescentando
que a empresa “não vai parar por aí” e continuará olhando para
crescimento, como a aquisição do Polo Bahia Terra, cuja negociação
foi congelada pela Petrobras por 90 dias.
No caso da geração de energia renovável, a Eneva está terminando
de erguer o parque solar Futura I, na Bahia, com 670 megawatts (MW)
de potência, e procura um sócio para desenvolver outras fases do
complexo, que poderia ter sua capacidade instalada até
quadruplicada.
“Esse sócio entraria aportando capital, ajudando a desenvolver
esses projetos. A gente entra com nossa inteligência de engenharia,
de negociação, de implantação de projetos e regulatório”, explica
Habibe.
Segundo ele, a decisão de trazer um parceiro ocorre em um
momento de retornos “muito apertados” para empreendimentos de
geração renovável, diante do cenário de oferta abundante de
projetos e custos mais elevados. “Um sócio que… tem apetite para
retornos mais baixos, que possam ser adequados para ele.”
Outro foco da Eneva neste ano será o leilão organizado pelo
governo para contratação de reserva de potência elétrica, previsto
para ocorrer em novembro. A ideia da companhia é participar do
certame com usinas que têm contratos perto do vencimento –Parnaíba
I, Parnaíba III e Termofortaleza– e também com projetos de novas
termelétricas.
Para o CFO da companhia, a demanda deste leilão deve superar a
oferta de projetos, de maneira que haverá espaço para que a
companhia possa conquistar novos contratos e viabilizar a expansão
de seus complexos termelétricos, principalmente da Celse (SE),
adquirida no ano passado por 6,1 bilhões de reais.
O Ministério de Minas e Energia ainda não lançou diretrizes para
o leilão de novembro, mas se forem mantidas as regras do certame
passado, as térmicas contratadas receberiam uma receita fixa pela
disponibilidade dos ativos e também uma variável, de acordo com a
geração realizada.
Avanços nessas duas frentes de negócio permitirão que a Eneva
seja uma empresa com receita cada vez mais diversificada e
previsível e menos dependente do despacho termelétrico, que varia
conforme as condições hidrológicas e maior ou menor uso da geração
hidrelétrica.
A empresa já conquistou importantes marcos no ano passado em
termos de diversificação de seu portfólio, com aquisições para
entrar em renováveis e instalar um hub de gás em Sergipe, além de
iniciar vendas de gás diretamente a clientes como Vale e
Suzano.
“Quando olhamos para frente, com projetos adquiridos e projetos
vencidos nos leilões, em 2027 quando tudo estiver de pé, a
companhia passa a ter receita fixa de mais de 10 bilhões de reais e
um Ebitda fixo de 6 bilhões”, afirma Habibe, lembrando que em 2021
os indicadores somaram 2,3 bilhões de reais e 1 bilhão de reais,
respectivamente.
A companhia prevê investir 3,6 bilhões de reais em 2023 e cerca
de 11 bilhões de reais até 2030, considerando os projetos já
contratados e em execução.
NEGOCIAÇÃO COM PETROBRAS
A Eneva aguarda uma decisão sobre o programa de desinvestimentos
da Petrobras, que foi suspenso por 90 dias a pedido do Ministério
de Minas e Energia por conta de uma reavaliação da Política
Energética Nacional.
“É um período agora de sentar e esperar, se a Petrobras decidir
por retomar, em 90 dias a gente volta a conversar sobre o Polo
Bahia Terra”, disse Habibe.
A empresa negocia a compra de Bahia Terra em consórcio com a
PetroRecôncavo. As empresas ofertaram mais de 1,4 bilhão de dólares
pela aquisição de 100% das participações da Petrobras no polo
baiano, que compreende um conjunto de concessões de campos
terrestres de exploração e produção (E&P) e instalações
associadas localizadas nas Bacias do Recôncavo e de Tucano.
O CFO da Eneva afirmou que faz “todo o sentido” a Petrobras
desinvestir desse e de outros ativos, uma vez que a estatal deveria
concentrar esforços e capital em sua expertise com água profundas e
ultraprofundas.
Ele lembrou ainda que o polo Bahia Terra foi recentemente
interditado pela agência reguladora ANP por questões de segurança,
um indicativo, segundo ele, de falta de investimentos pela
Petrobras.
“É um ganha-ganha que faz sentido para todo mundo… Agora, a
Petrobras tem que entender dessa forma também.”
(Matéria da Reuters)
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