A Unipar, maior produtora de cloro-soda da América do Sul e vice-líder em PVC, encerrou o quarto trimestre com lucro líquido de R$ 148,3 milhões, uma queda de 25% na comparação com o terceiro trimestre e de 78,4% em relação ao ganho apurado um ano antes.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) trimestral somou R$ 287 milhões, com recuos de 56,1% e 75,1%, respectivamente.

O recuo dos preços internacionais do PVC e a menor demanda da resina, em particular na construção civil, explicam esse desempenho.

De outubro a dezembro, a companhia registrou receita líquida R$ 1,4 bilhão, com baixa de 26,1% frente aos três meses anteriores e de 28,9% na comparação com o mesmo intervalo de 2021.

O resultado financeiro líquido foi positivo em R$ 26,1 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo perdas financeiras de R$ 46 milhões da mesma etapa de 2021.

O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 505,7 milhões no quarto trimestre de 2022, uma retração de 46% na comparação com igual etapa de 2021. A margem bruta foi de 35,2% no 4T22, queda de 11,2 p.p. frente a margem do 4T21.

Em 31 de dezembro de 2022, o caixa líquido da companhia era de R$ 22,2 milhões, uma redução de 84,9% na comparação com a mesma etapa de 2021.

Para a assembleia geral ordinária da Unipar, a ser realizada em 20 de abril, a administração propôs, dentre outras matérias, a distribuição adicional de R$ 192,3 milhões referentes ao exercício de 2022 e reserva de lucros, que totalizará R$ 1,3 bilhão de dividendos.

2022

No acumulado de 2022, contudo, a Unipar alcançou algumas marcas históricas, beneficiada pelo melhor desempenho operacional de suas unidades industriais, preços mais elevados da soda cáustica e maior volume de vendas. Os resultados operacionais e financeiros da maior produtora de cloro-soda e vice-líder em PVC na América do Sul foram históricos, apesar de a empresa sentir, no quarto trimestre, os efeitos negativos da inflação e do aumento dos juros na demanda global e nos preços do PVC.

A receita líquida da companhia cresceu 15,6% frente ao exercício anterior, alcançando o recorde de R$ 7,3 bilhões. O Ebitda consolidado também foi recorde, em R$ 2,6 bilhões, com alta de 15% frente ao resultado de 2021, que havia sido beneficiado por ganhos não recorrentes no valor de R$ 884,1 milhões.

O lucro líquido consolidado, por sua vez, chegou a R$ 1,3 bilhão, alta de 14%. Junto com os resultados, a companhia informou que o conselho de administração aprovou a distribuição de mais R$ 192 milhões em proventos, que somam aos R$ 1,125 bilhão já distribuídos aos acionistas no ano passado.

No ano, a taxa média de utilização da capacidade instalada chegou a 84% nas fábricas brasileiras e em Bahía Blanca, na Argentina, nível recorde e acima dos 78% registrados em 2021.

Investimentos mais altos em 2023

“Nosso caminho de crescimento implica um investimento maior nos próximos anos”, disse o presidente-executivo da Unipar, Mauricio Russomanno, evitando fazer projeções precisas. O executivo lembrou que a companhia investiu cerca de 150 milhões de reais em 2019, ano em que a Unipar iniciou o atual processo de transformação, algo que inclui a primeira fábrica da companhia no Nordeste.

“Estamos avaliando outras regiões do país. Em vez de mandar produto de São Paulo, podemos fazer na própria região e sobra mais capacidade” para atender o mercado do Sudeste, disse o executivo.

A Unipar é a segunda maior fabricante de PVC da América do Sul, material usado em uma série de aplicações na construção civil, incluindo tubulações, que tem visto a demanda crescer diante do processo de concessões de saneamento iniciado com o novo marco aprovado em 2020.

A nova fábrica do grupo, que está sendo construída no polo petroquímico de Camaçari (BA) com investimentos de 234 milhões de reais, terá capacidade de produção de 20 mil toneladas de cloro e 22 mil toneladas de soda ao ano. A previsão é de início da operação no primeiro semestre de 2024.

“Temos como missão dobrar a companhia nos próximos 10 anos”, disse Russomanno. “Estamos em estudos para mais fábricas de cloro e soda pelo Brasil.” Segundo ele, além do crescimento orgânico, o plano da Unipar envolve também aumento de portfólio de produtos na cadeia de cloro e soda e aquisições de empresas.

A companhia, que tem entre os principais rivais na cadeia de cloro e soda a Braskem, terminou 2022 atingindo nível de ocupação de capacidade instalada de 84% ante 78% em 2021.

Diante das incertezas nos cenários nacional e internacional, com a alta de juros e agora a crise no setor bancário, o presidente da Unipar afirmou que a companhia poderá exportar mais neste ano caso a demanda interna não cresça. Além do Brasil, a Unipar tem um centro de produção em Bahia Blanca, na Argentina, onde a empresa ainda tem capacidade para aumentar produção, afirmou.

Os produtos da Unipar entram em uma série de fases da indústria residencial, desde tubulações de PVC, no início das obras, até pisos vinílicos e esquadrias com proteção térmica nas fases de acabamento, e com isso a empresa segue se beneficiando do boom de lançamentos da construção ocorrido durante a pandemia.

“Entramos (em 2023) com um cenário mais complexo e mais desafiador do que terminamos ano passado, porque as taxas (de juros) estão em nível muito elevado”, disse Russomanno.

A Unipar, que tem entre seus principais acionistas o investidor Luiz Barsi Filho, com quase 14% de participação em ações ordinárias, terminou o ano com dívida líquida negativa, disse Russomanno.

“Temos capacidade de alavancagem e situação financeira confortável”, afirmou o executivo, sobre eventuais oportunidades de aquisição, que seriam focadas em empresas similares, com geração de caixa recorrente e voltadas ao mercado “B2B”.

Os resultados da Unipar (BOV:UNIP3) (BOV:UNIP5) (BOV:UNIP6) referentes suas operações do quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 20/03/2023.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters e TC

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