Brasil tem 50 frigoríficos aptos a exportar para China e quer aval para habilitar novos
25 Março 2023 - 03:57PM
ADVFN News
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
apresentou, a pedido do governo chinês, uma lista com 50
frigoríficos brasileiros que já cumpriram requisitos sanitários
exigidos para ingressar no mercado asiático e aguardam a
habilitação para começar a exportar carne para o país.
Ao mesmo tempo, o ministro Carlos Fávaro levou aos chineses um
pleito para que o Brasil possa usar o mecanismo de pre-listing, uma
espécie de listagem prévia, que acelera a autorização para a
exportação. Esse modelo de “fast-track” elimina etapas burocráticas
feitas pela aduana da China e poderia aumentar o fluxo de
exportações.
Atualmente, somente as autoridades agrícolas e sanitárias dos
Estados Unidos têm aval similar e aplicam o modelo, conforme
representantes do governo brasileiro. Os norte-americanos são
responsáveis por coletar documentos, inspecionar e habilitar os
frigoríficos exportadores em seu território, seguindo as exigências
dos chineses. Esse trabalho é reconhecido pelos chineses. O modelo
pre-listing dispensa avaliação final por parte de autoridades de
Pequim.
Segundo técnicos do Mapa, é como se os chineses dessem um voto
de confiança às autoridades sanitárias do Brasil e reconhecessem os
procedimentos do sistema de inspeção adotados no País, para que os
frigoríficos se adequem aos requisitos de exportação exigidos.
Nesse modo usado pelos EUA, e desejado pelo Brasil, quem habilita o
frigorífico é o país exportador.
Atualmente, quando um frigorífico brasileiro manifesta interesse
em vender seus produtos no mercado chinês, ele precisa passar por
algumas etapas técnicas: preenchimento e envio ao Mapa de
formulários com informações requisitadas pela China; verificação de
conformidade pelo Mapa; videoauditoria na planta exportadora;
cadastramento de dados e documentos no sistema chinês digital,
conhecido como “janela única”; validação das informações pelo Mapa;
e finalmente o envio para checagem da autoridade aduaneira, a GACC
(General Administration of Customs China). Nessa última fase, os
chineses podem requisitar mais informações ou mesmo uma auditoria,
até mesmo presencial. E não há prazos garantidos.
Dada a burocracia, o Mapa passou a apresentar ao governo chinês
“lotes” de frigoríficos que já estavam com os procedimentos
realizados, à espera de habilitação. O critério era ordem
cronológica de início do processo, o que gerava uma longa espera.
Os pedidos eram atendidos em tempo discricionário da China.
Nos últimos anos, segundo técnicos da pasta, os chineses
passaram a pedir nos bastidores que o ministério deixasse de enviar
pedidos de habilitação dos exportadores de carne. Isso coincidiu
com um distanciamento político no governo Jair Bolsonaro,
provocações ideológicas e incidentes diplomáticos com a China.
Com o uso da pre-listing, o tempo de espera entre a solicitação
de exportação e a habilitação se reduz, porque o próprio governo
brasileiro se encarregaria de avaliar se todos os requisitos estão
cumpridos. A China ficou os últimos quatro anos sem habilitar
nenhuma planta no Brasil. Não haveria também necessidade de envio
de blocos de frigoríficos para análise final dos chineses.
A liberação almejada, porém, ainda deve demorar, conforme
expectativa de técnicos do ministério. “É importante, estamos
conversando. Mas é passo a passo”, diz Fávaro. “Estamos num modelo
quase da pre listing, quando eles pediram que enviássemos todos os
50 frigoríficos aptos. Mas a decisão é deles ainda. Os americanos
só apertam o botão. Nós não temos ainda.”
Desta vez, o governo chinês pediu ao Brasil que fizesse o
levantamento de uma só vez de todos os frigoríficos com
documentação e inspeções resolvidas, aguardando a liberação das
autoridades chinesas. Isso gerou expectativa de uma liberação sem
precedentes. Os 50 já foram apresentados aos chineses, conforme
Fávaro. O governo brasileiro agora aguarda a decisão, mas evita
falar em números, para não jogar pressão sobre as negociações.
Outros 120 exportadores estão preparando documentação, em
processo de cadastramento e inspeção.
Desde 2019, segundo o ministro e empresários, nenhum novo
frigorífico havia sido habilitado a exportar para a China. Nesta
semana, após reunião com seu homólogo chinês, Fávaro anunciou a
derrubada do embargo geral da exportação de carne bovina brasileira
à China. A suspensão estava em vigor desde fevereiro, por causa de
um caso atípico de mal da vaca louca. No mesmo dia, o governo
chinês também confirmou a habilitação de quatro novas unidades de
carne bovina e a reabilitação de uma de carne bovina e outra de
frango, num total de seis.
“É a primeira vez que habilitamos estabelecimentos exportadores
durante a missão oficial. Nunca houve isso”, disse Fávaro. Para não
pressionar os chineses, ele evitou dizer quantos mais espera que
possam ser autorizados, mas disse que há 50 em igualdade de
condições de serem selecionados pela China.
Além do uso da pre listing, o governo brasileiro quer mudar o
protocolo de suspensão das exportações, quando um caso de vaca
louca é descoberto. Assinado em 2015, ele prevê o embargo geral de
todo o embarque de carne do País para a China. Os brasileiros
querem que a suspensão recaia somente sobre uma região onde o caso
foi detectado. Eles argumentam que nunca se verificou no Brasil um
caso transmissível da doença, que levasse risco a humanos. O
protocolo prevê o envio de carne somente de animais abatidos até os
30 meses de idade, mais uma precaução contra a vaca louca – esse
critério não é exigido de vizinhos como a Argentina.
Executivos de frigoríficos brasileiros compõem a maior parte da
delegação empresarial na China. São ao menos 43 na comitiva oficial
reconhecida pelo ministério. Eles aguardam pela mudança no
procedimento de habilitação, entre outros pleitos.
A China é o principal destino da carne brasileira. No caso de
bovinos, as exportações são concentradas em carne culinária e
ingrediente, para uso na indústria e consumo final. Já os Estados
Unidos e a Austrália vendem mais cortes nobres de churrasco.
Empresas do setor Frigorífico: JBS (BOV:JBSS3), BRF (BOV:BRFS3)
e Minerva Foods (BOV:BEEF3)
*Informações do Estadão
MINERVA ON (BOV:BEEF3)
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MINERVA ON (BOV:BEEF3)
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