A Via, dona das Casas Bahia e Ponto, anunciou a mudança de seu diretor-presidente. Roberto Fulcherberguer deixará o cargo de CEO após mais de três anos e será substituído por Renato Franklin a partir de 1 de maio de 2023. Mais cedo, foi anunciada a saída de Franklin do cargo de CEO da Movida (MOVI3).

“Fulcherberguer encerra seu ciclo na companhia após mais de três anos de inestimável empenho, dedicação e contribuição à Via, pelos quais a companhia consigna sua mais profunda gratidão e admiração”, afirmou a Via no comunicado.

A varejista afirmou que o ingresso de Franklin “inaugura um novo capítulo na história da Via”. “Renato atuou por mais de dez anos na Vale (BOV:VALE3), ocupando diversas posições, entre elas gerente-geral de procurement. Em sua última experiência, Renato atuou como CEO da Movida por mais de oito anos, liderando seu processo de IPO”, destacou a Via.

Até a posse e “como forma de assegurar uma transição tranquila e consistente”, Abel Ornelas Vieira, diretor comercial e de operações, e Sérgio Leme, diretor administrativo e de relações com investidores, compartilharão o comando interino da companhia.

Segundo a ata da reunião do Conselho de Administração da Via que deu aval para a troca, Fulcherberguer renunciou ao cargo. Ele estava no comando da Via desde meados de 2019.

Cabe destacar que no dia 9 de março, junto com os resultados do quarto trimestre de 2022, a Via (BOV:VIIA3) anunciou a saída de Helisson Lemos do cargo de VP de Inovação Digital, o que foi lido como negativo por analistas. Durante teleconferência de resultados, contudo, o próprio Fulcherberguer havia afirmado que a saída de Lemos era “o amadurecimento de um ciclo” e “tinha cumprido sua função”.

VISÃO DO MERCADO

Citi 

O Citi avalia que, durante seus 3 anos como CEO, Fulcherberguer trouxe avanços importantes e conseguiu reformular a marca da empresa, com conquistas importantes na estratégia online, incluindo a escalada do negócio 3P (ou marketplace) basicamente do zero e reformulação do modelo de loja.

“Ainda temos dúvidas sobre o momento/ razão dessas mudanças de gestão, especialmente porque elas aconteceram em meio a mudanças consideráveis ​​no cenário competitivo. Aguardamos maiores detalhes da Via; tudo o que sabemos até agora é que o conselho está procurando iniciar um novo capítulo, conforme o comunicado à imprensa”, apontam os analistas.

O Citi espera que, com base em sua vasta experiência em companhias abertas, Renato Franklin mantenha um diálogo transparente com o mercado.

Citi tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 2,40…

Goldman Sachs

O Goldman Sachs aponta que os principais desafios que Franklin enfrentará ao assumir o comando da Via incluirão, em sua opinião: (1) a mudança online contínua das principais categorias de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, (2) a capacidade de atrair tráfego recorrente de clientes nos seus sites, apesar da frequência de compra relativamente baixa de suas categorias principais, (3) gerenciar despesas financeiras relativamente elevadas (7% da receita líquida em 2022) dada a posição alavancada da empresa (2,2 vezes a dívida líquida incluindo aluguéis sobre Ebitda ajustado ou 4,9 vezes em uma definição clássica que não considera recebíveis como caixa) e (4) enquanto que, apesar de o desempenho das vendas nas lojas físicas ter mostrado melhora nos resultados mais recentes, o tráfego e as vendas ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia.

“Também acreditamos que a demanda por bens duráveis permanecerá limitada ou volátil nos próximos meses, dada a elevada alavancagem das famílias e o apetite limitado da maioria dos varejistas (incluindo a Via) para adicionar risco com produtos BNPL [Buy Now Pay Later, forma de pagamento a prazo que permite aos compradores efetuarem compras online e pagarem em parcelas mais tarde]”, apontam os analistas.

Do lado positivo, a reestruturação em curso na principal concorrente da Americanas (AMER3) pode criar oportunidades para ganhos de participação de mercado. A Via está, em teoria, bem posicionada para capturar parte desse mercado, com uma posição de marca forte com clientes de baixa renda e possui amplo know-how em empréstimos para esses grupos de consumidores.

“No entanto, notamos que o crescimento neste segmento de varejo tende a vir com altas exigências de capital de giro (especialmente através de longos períodos de recebíveis), e a atual estrutura de capital pode limitar sua flexibilidade financeira para buscar tais oportunidades”, apontam os analistas.

Goldman Sachs tem recomendação de venda com preço-alvo de R$ 2,00…

JP Morgan 

O JPMorgan aponta que, dentro de um contexto mais amplo da atual situação e estratégia da empresa, vê sua renúncia como inesperada já que se segue à renúncia de Helisson Lemos – VP de Inovação Digital, em 9 de março (juntamente com os resultados do 4T22), que foi uma peça chave por trás dos esforços de transformação digital da empresa e da estratégia omnichannel.

“No geral, esperamos que as ações reajam negativamente ao anúncio, uma vez que (1) em menos de um mês houve duas mudanças importantes na administração no contexto de que (2) a empresa enfrenta um ambiente macro desafiador com consumidores alavancados junto com (3) um balanço patrimonial alavancado, tendo desempenho inferior aos pares em termos de crescimento recentemente enquanto imprime geração tímida de fluxo de caixa livre, principalmente suportada pela monetização de créditos fiscais e pontuais/antecipação da extensão de acordos comerciais”, apontam os analistas do JP.

Informações Infomoney

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