O Morgan Stanley revisou o cenário para as empresas estatais estaduais e rebaixou a recomendação das mineiras Cemig e Copasa de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para equalweight (exposição em linha com o mercado, equivalente à neutra), destacando a alta recente e os possíveis obstáculos no caminho da privatização.

Já a Sabesp (BOV:SBSP3) é a estatal preferida do banco, uma vez que os analistas destacam que o valuation atual ignora o lado positivo da privatização/recuperação em potencial, bem como o menor risco com um período esperado de estabilidade regulatória/política.

O preço-alvo de CMIG4 foi de R$ 10,00 para R$ 11,50 e o da SBSP3 foi de R$ 57,00 para R$ 59,00, enquanto CSMG3 teve o preço-alvo mantido em R$ 19,00.

O tema da privatização não pode ser ignorado, na avaliação da equipe de análise, uma vez que as empresas de energia e saneamento estatais, particularmente aquelas expostas à privatização, tiveram um dos melhores desempenhos de ações ao longo dos últimos doze meses.

Quatro das cinco empresas com melhor desempenho no setor são estatais. A Cemig lidera o grupo (+33% ONs e +19% PNs), seguida pela Copasa (+28%) e Copel (+17%), todas superando significativamente o índice de Utilities (-9%) e o Ibovespa (- 9%). As ações da Sabesp ficam atrás do grupo e praticamente estáveis no período, embora superando os índices.

“Acreditamos que a Sabesp pode ser a próxima estatal a passar por uma reavaliação significativa das ações”, avalia o banco, que cita quatro fatores para uma visão construtiva.

Em primeiro lugar, está a opcionalidade de privatização. Os analistas veem um alto comprometimento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para realizar a privatização da companhia em 2024, sendo que a International Finance Corporation (IFC), vinculada ao Banco Mundial, foi contratada para conduzir o processo de modelagem.

O segundo ponto são as melhorias operacionais, com iniciativas para melhorar a eficiência, como redução de headcount, o que não é capturado no cenário-base do banco.

Em terceiro lugar, está a estabilidade regulatória. A revisão tarifária extraordinária da semana passada foi positiva para a empresa, apesar da pendência da implementação da nova estrutura tarifária. A próxima revisão tarifária deve ocorrer em 2025 e as eleições estaduais em 2026, criando um período de visibilidade regulatória e política. “Saudamos também a manutenção do papel da Agência Nacional de Águas (ANA) na definição das diretrizes regulatórias nacionais, conforme definido pelo recente Decreto 11.467/2023”, apontam os analistas.

Por fim, está o perfil de risco-recompensa atrativo. A SBSP3 atualmente é negociada a um múltiplo de 0,69 vez o EV/RAB (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base de ativos regulatórios) esperado para 2023, em linha com sua média histórica, oferecendo 15% de alta em relação ao preço-alvo atual do banco e de 91% de alta no cenário de privatização.

Já Cemig (BOV:CMIG3) (BOV:CMIG4) e Copasa (BOV:CSMG3) tiveram a recomendação cortada após uma significativa alta das ações. O risco-retorno está menos atrativo, avaliam os analistas, especialmente considerando as diversas incertezas sobre o processo de aprovação de privatizações no Estado de Minas Gerais (MG).

Os principais riscos, na visão dos analistas, são os seguintes: Aprovação pelo legislativo estadual: privatizações em MG requerem 60% de aprovação dos deputados, e o banco acredita que o governador tem apoio potencial de 43% (base) até 66% (considerando deputados independentes), sendo que há questionamentos se uma “super maioria” é possível para temas mais delicados como privatizações; Perfil de risco-recompensa menos atraente: esses dois nomes tiveram os dois melhores desempenhos de ações do setor nos últimos doze meses e o Morgan acredita que o caminho da privatização agora é mais questionável como um fator de reclassificação, principalmente porque Minas conta com uma jurisdição mais rígida comparado a São Paulo e Paraná.

Já no Paraná, o banco segue com recomendação equalweight tanto para Copel (BOV:CPLE6) quanto para Sanepar (BOV:SAPR11). Embora a Copel tenha o processo de privatização mais avançado (já aprovado pela legislatura do estado), o excesso de ações com a potencial oferta que permitirá a privatização (potencialmente chegando a R$ 4,0 bilhões) pode impedir uma reavaliação das ações antes do negócio.

“Esse risco parece mais relevante para a Copel em comparação com outros casos, pois o potencial negócio parece mais próximo (ainda em 2023) e porque os preços da energia, que estão em um momento de baixa, se tornarão um catalisador de valor ainda mais relevante após a privatização e renovação da geração de concessões”, avalia.

Em relação à Sanepar, apesar do valuation barato, os analistas veem desvantagens relativas em relação à sua cobertura de estatais, como menor liquidez das ações, maiores riscos regulatórios e nenhuma opção de privatização.

O banco elevou o preço-alvo para Copel de R$ 8,50 para R$ 9,00; já a unit da Sanepar seguiu com preço-alvo de R$ 25,00.

Informações Infomoney
COPEL PNB (BOV:CPLE6)
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COPEL PNB (BOV:CPLE6)
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