Diante dos atuais baixos preços do megawatt-hora no mercado livre de energia e das incertezas relacionadas à possível manutenção desse atual patamar nos próximos anos, o BTG Pactual desenvolveu duas novas modalidades de leilão de compra e venda de energia futura, buscando responder a demandas específicas de geradores e consumidores. Na prática, serão oferecidos contratos que compartilham os riscos de perdas associados ao fechamento de uma estratégia de contratação de energia em meio às incertezas para o futuro.

A primeira modalidade desenvolvida foi a de compartilhamento de Alta de Preço – o “Upside Sharing” -, que viabiliza o compartilhamento dos ganhos entre comprador e vendedor caso o preço de energia aumente. A alternativa visa atender especialmente aos geradores, que hoje se veem diante do dilema de negociar a venda futura de energia em um ambiente de preços mais baixos – sabendo que em algum momento, incerto, essa tendência deve se reverter -, ou esperar quando essa expectativa se concretiza.

“Neste caso, os vendedores venderiam a energia a determinados preços indicados no edital do leilão e caso o preço futuro suba versus essa referência, ele capturaria um porcentual desse ganho”, explicou Fernando Cerri, sócio e responsável por estruturação da mesa de energia do BTG Pactual (BOV:BPAC11). Na prática, se o preço spot da energia (PLD) subir além do valor fixado no contrato, a diferença até o valor efetivamente praticado no mercado será compartilhada entre o vendedor e o banco, no porcentual que for proposto pelo vendedor no leilão.

“Na perspectiva do gerador, ele vendeu a energia, cumprindo o planejamento dele, mas num cenário em que o preço descole bastante, ele estará protegido porque tem esse compartilhamento”, reforçou.

A segunda modalidade de leilão vai na direção contrária: é o compartilhamento de Baixa de Preço, ou “Downside Sharing”, que permite o compartilhamento das perdas entre as partes em eventual queda no preço. Neste caso, a ideia é atender especialmente aos consumidores, que hoje ficam inseguros entre contratar o suprimento futuro aproveitando os baixos preços atuais ou esperar uma possível queda adicional.

Para atender a essa demanda, o BTG vai oferecer contratos a preços já fixados e o comprador será ressarcido caso o preço spot se realizar em valor mais baixo do que o contratado, em um porcentual da diferença entre os valores, conforme o lance feito no leilão.

Serão ofertados contratos anuais, para os anos de 2024 a 2030, a preços que variam de R$ 70 a R$ 115 por MWh no Upside e de R$ 80 a R$ 115 por MWh no Downside. No compartilhamento, tais preços serão comparados com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) médio do período de suprimento.

Preços baixos

Hoje, os preços de curto prazo praticados estão perto do piso regulatório de R$ 69/MWh, influenciados pela boa hidrologia dos últimos meses, que levou as hidrelétricas a níveis elevados de armazenamento nos reservatórios. E a perspectiva é de que o aumento da oferta de energia ao longo dos próximos anos e a expansão da geração distribuída, associada a um ritmo lento da economia, acarrete na manutenção de preços baixos nos próximos anos.

Atualmente, os preços de referência para a energia de longo prazo calculados pela consultoria Dcide – que considera o período de 2024 a 2027 – estão pouco acima dos R$ 90 por megawatt-hora (MWh), de acordo com levantamento divulgado nesta semana. O patamar é cerca de 50% abaixo do verificado há um ano.

Mas uma reversão dessa tendência não está descartada, especialmente a depender da hidrologia e de uma retomada econômica.

Expectativa

“Os clientes ficaram animados com esses produtos, porque endereçam bem o dilema tanto do consumidor quanto do gerador, do melhor timing para comprar ou para vender a energia, então é algo que trouxe uma novidade para o mercado, em timing bom, onde existe baixa volatilidade, preços comportados, e temos expectativa de ter grande número de ofertas”, disse Artur Hannud, sócio do BTG Pactual e responsável pelas iniciativas comerciais da mesa de energia do banco. Ele classificou as modalidades ofertadas como inovadoras no mercado brasileiro.

Hannud não revelou uma expectativa de volume a ser transacionado nos certames, e salientou que não há volume máximo que o banco esteja disposto a aceitar. Segundo ele, existe apenas um limite mínimo de oferta, por contraparte, de 20 Mwmédios. Já o volume máximo por comprador ou vendedor estará sujeito à análise de crédito pelo banco.

Tanto geradores como consumidores, e mesmo os comercializadores poderão participar de qualquer um dos leilões, tanto na ponta compradora como na vendedora. O BTG figurará sempre como a contraparte de cada contrato. Hannud destacou que não existe a necessidade, por parte do banco, de ter operações correlatas de diferentes clientes para que os lances sejam aceitos no leilão. “Existe apetite por parte do BTG Pactual de poder honrar uma proposta, seja no Upside, seja no Donwside Sharing, em que a gente tome posição e provenha liquidez para o mercado, e não tenha back-to-back automático em cima de outro lance, de outro cliente”, explicou.

Estão aptos a participar dos leilões todos os players do mercado de energia autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e agentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Os leilões ocorrerão na próxima quarta-feira, 19 de abril. As ofertas serão recebidas até as 11h. A confirmação de que as propostas foram aceitas deve ocorrer no mesmo dia, até as 16h. A habilitação para participação está disponível até esta sexta-feira, 14, mas agentes que tenham feito negócios com o BTG nos últimos seis meses não precisam passar por esse processo.

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