BTG Pactual desenvolve duas novas modalidades de leilão de compra e venda de energia futura
14 Abril 2023 - 4:14PM
ADVFN News
Diante dos atuais baixos preços do megawatt-hora no mercado
livre de energia e das incertezas relacionadas à possível
manutenção desse atual patamar nos próximos anos, o BTG Pactual
desenvolveu duas novas modalidades de leilão de compra e venda de
energia futura, buscando responder a demandas específicas de
geradores e consumidores. Na prática, serão oferecidos contratos
que compartilham os riscos de perdas associados ao fechamento de
uma estratégia de contratação de energia em meio às incertezas para
o futuro.
A primeira modalidade desenvolvida foi a de compartilhamento de
Alta de Preço – o “Upside Sharing” -, que viabiliza o
compartilhamento dos ganhos entre comprador e vendedor caso o preço
de energia aumente. A alternativa visa atender especialmente aos
geradores, que hoje se veem diante do dilema de negociar a venda
futura de energia em um ambiente de preços mais baixos – sabendo
que em algum momento, incerto, essa tendência deve se reverter -,
ou esperar quando essa expectativa se concretiza.
“Neste caso, os vendedores venderiam a energia a determinados
preços indicados no edital do leilão e caso o preço futuro suba
versus essa referência, ele capturaria um porcentual desse ganho”,
explicou Fernando Cerri, sócio e responsável por estruturação da
mesa de energia do BTG Pactual (BOV:BPAC11). Na prática, se o preço
spot da energia (PLD) subir além do valor fixado no contrato, a
diferença até o valor efetivamente praticado no mercado será
compartilhada entre o vendedor e o banco, no porcentual que for
proposto pelo vendedor no leilão.
“Na perspectiva do gerador, ele vendeu a energia, cumprindo o
planejamento dele, mas num cenário em que o preço descole bastante,
ele estará protegido porque tem esse compartilhamento”,
reforçou.
A segunda modalidade de leilão vai na direção contrária: é o
compartilhamento de Baixa de Preço, ou “Downside Sharing”, que
permite o compartilhamento das perdas entre as partes em eventual
queda no preço. Neste caso, a ideia é atender especialmente aos
consumidores, que hoje ficam inseguros entre contratar o suprimento
futuro aproveitando os baixos preços atuais ou esperar uma possível
queda adicional.
Para atender a essa demanda, o BTG vai oferecer contratos a
preços já fixados e o comprador será ressarcido caso o preço spot
se realizar em valor mais baixo do que o contratado, em um
porcentual da diferença entre os valores, conforme o lance feito no
leilão.
Serão ofertados contratos anuais, para os anos de 2024 a 2030, a
preços que variam de R$ 70 a R$ 115 por MWh no Upside e de R$ 80 a
R$ 115 por MWh no Downside. No compartilhamento, tais preços serão
comparados com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) médio do
período de suprimento.
Preços baixos
Hoje, os preços de curto prazo praticados estão perto do piso
regulatório de R$ 69/MWh, influenciados pela boa hidrologia dos
últimos meses, que levou as hidrelétricas a níveis elevados de
armazenamento nos reservatórios. E a perspectiva é de que o aumento
da oferta de energia ao longo dos próximos anos e a expansão da
geração distribuída, associada a um ritmo lento da economia,
acarrete na manutenção de preços baixos nos próximos anos.
Atualmente, os preços de referência para a energia de longo
prazo calculados pela consultoria Dcide – que considera o período
de 2024 a 2027 – estão pouco acima dos R$ 90 por megawatt-hora
(MWh), de acordo com levantamento divulgado nesta semana. O patamar
é cerca de 50% abaixo do verificado há um ano.
Mas uma reversão dessa tendência não está descartada,
especialmente a depender da hidrologia e de uma retomada
econômica.
Expectativa
“Os clientes ficaram animados com esses produtos, porque
endereçam bem o dilema tanto do consumidor quanto do gerador, do
melhor timing para comprar ou para vender a energia, então é algo
que trouxe uma novidade para o mercado, em timing bom, onde existe
baixa volatilidade, preços comportados, e temos expectativa de ter
grande número de ofertas”, disse Artur Hannud, sócio do BTG Pactual
e responsável pelas iniciativas comerciais da mesa de energia do
banco. Ele classificou as modalidades ofertadas como inovadoras no
mercado brasileiro.
Hannud não revelou uma expectativa de volume a ser transacionado
nos certames, e salientou que não há volume máximo que o banco
esteja disposto a aceitar. Segundo ele, existe apenas um limite
mínimo de oferta, por contraparte, de 20 Mwmédios. Já o volume
máximo por comprador ou vendedor estará sujeito à análise de
crédito pelo banco.
Tanto geradores como consumidores, e mesmo os comercializadores
poderão participar de qualquer um dos leilões, tanto na ponta
compradora como na vendedora. O BTG figurará sempre como a
contraparte de cada contrato. Hannud destacou que não existe a
necessidade, por parte do banco, de ter operações correlatas de
diferentes clientes para que os lances sejam aceitos no leilão.
“Existe apetite por parte do BTG Pactual de poder honrar uma
proposta, seja no Upside, seja no Donwside Sharing, em que a gente
tome posição e provenha liquidez para o mercado, e não tenha
back-to-back automático em cima de outro lance, de outro cliente”,
explicou.
Estão aptos a participar dos leilões todos os players do mercado
de energia autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) e agentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
Os leilões ocorrerão na próxima quarta-feira, 19 de abril. As
ofertas serão recebidas até as 11h. A confirmação de que as
propostas foram aceitas deve ocorrer no mesmo dia, até as 16h. A
habilitação para participação está disponível até esta sexta-feira,
14, mas agentes que tenham feito negócios com o BTG nos últimos
seis meses não precisam passar por esse processo.
Informações Broadcast
BTG PACTUAL UNT (BOV:BPAC11)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
BTG PACTUAL UNT (BOV:BPAC11)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024