A CVC Brasil registrou um prejuízo líquido de R$ 128 milhões no
primeiro trimestre de 2023, número 23,3% menor do que o prejuízo de
R$ 166,8 milhões do mesmo período do ano passado.
A receita líquida da companhia de turismo, por sua vez, ficou
praticamente estável na base anual, saindo de R$ 292,8 milhões para
R$ 295,5 milhões – alta de apenas 0,9%.
“A receita líquida cresceu por crescimento das reservas. Em
parte, contudo, isso foi contraposto pelos efeitos no take rate
decorrentes do mix de negócios e de produtos, especialmente na
operação brasileira, com o aumento das vendas de produtos
marítimos, embarques de produtos vendidos na Black Friday e menor
ocupação em produtos exclusivos”, diz a CVC no documento publicado
na noite desta terça-feira (9).
As Reservas Confirmadas e Consumidas cresceram respectivamente
44% e 33% na comparação anual pela retomada de vendas de todas as
unidades de negócio. Destaca-se, nas Reservas Consumidas, a
participação do produto marítimo, com 800% de crescimento, e a
continuidade pela demanda de viagens internacionais, com avanço de
71% no mesmo período.
O take rate (parcela do que a companhia recebe que fica no
negócio) teve impacto por um desempenho aquém do esperado em
produtos exclusivos, alto consumo das reservas confirmadas do
período de Black Friday e participação recorde de produto marítimo.
O indicador ficou em 7,4%, com queda de 2,3 pontos porcentuais.
As despesas com vendas cresceram mais do que as receitas, saindo
de R$ 57 milhões para R$ 61,5 milhões, alta de 7,9%. Os gastos
gerais e administrativos, contudo, recuaram 0,7%, de R$ 218,2
milhões para R$ 216,6 milhões.
“As despesas com marketing cresceram no primeiro trimestre de
2023 pela realização de campanhas de incentivos de produtos
exclusivos para a alta temporada e ativações para o negócio de
baixa temporada, suportando estratégia de preço diferenciada e
renegociada com certos fornecedores”, segundo a companhia. “As
despesas gerais e administrativas ficaram praticamente em linha por
conta da racionalização e maior controle de despesas fixas”.
A CVC registrou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 15,8 milhões, caindo
52,5% no ano.
A companhia lembra ainda que a conclusão do reperfilamento de
suas debêntures aconteceu em 6 de abril, quando os debenturistas
concordaram com os termos e condições propostos.
O fluxo de caixa nas atividades operacionais do trimestre foi
negativo em R$ 199,3 milhões, e está impactado essencialmente,
segundo a companhia, pelos efeitos da sazonalidade usual do negócio
no primeiro trimestre do ano, pelo crescimento das operações e pela
adequação do caixa médio e de final de período.
A companhia teve um resultado financeiro negativo em R$ 96,7
milhões, número 8,9% maior do que os R$ 88,8 milhões do primeiro
trimestre de 2022.
“O aumento deve-se, principalmente, aos efeitos da alta do CDI
médio que incide sobre a dívida líquida (10,3% ao ano no primeiro
trimestre de 2022 para 13,7% ao ano agora) e encargos sobre as
antecipações de recebíveis”, explica a CVC. Foram R$ 853,3 milhões
o montante de antecipações realizadas neste trimestre, “em virtude
de necessidade de caixa do período dado a sazonalidade do negócio e
crescimento das operações”.
Ao final 31 de março de 2023, o saldo em debêntures somava R$
925,9 milhões, superior aos R$ 896,7 milhões verificados ao fim de
2022, e fazem ainda referência a dívida anteriormente detida pela
Companhia (uma vez que a renegociação foi ratificada em Assembleia
ocorrida apenas no início de abril).
Grande parte da diferença do prejuízo da CVC na comparação ano a
ano se dá, então, pela reversão do imposto de renda – que foi
negativo em R$ 62,1 milhões em 2022 e positivo em R$ 5,1 milhões
neste ano. A companhia afirma que as alíquotas, por conta da Lei do
PERSE (voltada ao setor de turismo e eventos), foram zeradas, com a
entrada de um montante pela compensação de créditos de prejuízo
fiscal.
Os resultados da CVC Brasil (BOV:CVCB3)
referente suas operações do primeiro trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 09/05/2023.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
“No geral, o 1T23 foi mais um trimestre difícil para a CVC
(CVCB3)”, entende o Bradesco BBI. “Nas operações, o principal
destaque dos ganhos foi a falha na taxa de take de 200bps, que
levou a um crescimento estável da receita líquida e recuperação
limitada da margem Ebitda. No futuro, o principal tema a ser
investigado é a posição de caixa, que permaneceu sob pressão”.
O BBI resume que a CVC continua enfrentando um constante
trade-off entre geração de caixa e crescimento para os próximos
trimestres. “A empresa está chegando ao fim de um ciclo de
investimentos pesados e o reperfilamento da dívida é um passo na
direção certa para a estabilidade de caixa até o final de
2023”.
JP Morgan
Para o J.P. Morgan, a CVC apresentou resultados fracos, com
comissões abaixo das expectativas, por conta de pior mix de
produtos mesmo com a demanda por viagens e reservas robustas no
período
Os analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Guilherme Vilela
escrevem que as vendas vieram 14% abaixo do esperado, refletindo as
menores comissões, enquanto as despesas superaram expectativas.
Com isso, o prejuízo líquido por ação de R$ 0,45 veio pior do
que a projeção de R$ 0,25, também impactado pela alavancagem
elevada da companhia e a necessidade de descontar recebíveis.
“Vemos a companhia continuando a navegar um cenário de consumo
difícil, com limitação de crédito no Brasil”, comentam. O banco não
descarta que a empresa precise de uma injeção de capital em breve
para apoiar seu crescimento.
J.P. Morgan tem recomendação de venda com preço-alvo de R$
3,19…
Santander
Para o Santander, o balanço foi abaixo do esperado, com prejuízo
líquido e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) piores do que as projeções e rentabilidade permanecendo
sob pressão.
Os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo escrevem
que a CVC apresentou um consumo de caixa de cerca de R$ 290 milhões
durante o primeiro trimestre, desempenho operacional pouco
inspirador e dinâmica de capital de giro pressionada.
Segundo eles, as reservas cresceram, com bons resultados no
Brasil e na Argentina. Por outro lado, a receita foi decepcionante,
e pode ser atribuída à taxa de aceitação pouco inspiradora do
trimestre, causada pelo mix de vendas com maior relevância de
cruzeiros, pressionado por reservas vendidas durante a Black Friday
e maior penetração de viagens internacionais.
As despesas vieram dentro do previsto, mostrando um controle
rígido, enquanto o Ebitda veio aquém da projeção como resultado de
receitas mais baixas, com impactos negativos na alavancagem
operacional, dizem eles.
Santander tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 4,50…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
CVC BRASIL ON (BOV:CVCB3)
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