A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, reportou prejuízo
líquido de R$ 1,024 bilhão no primeiro trimestre do ano, recuo de
35,2% em relação ao mesmo período de 2022, quando a empresa teve
resultado negativo de R$ 1,58 bilhão. A perda foi maior do que a
esperada pelo consenso Refinitiv, que projetava prejuízo líquido de
R$ 514 milhões.
Por outro lado, a empresa indicou crescimento de 9,4% na receita
líquida no mesmo comparativo, para R$ 13,2 bilhões – o consenso
indicava faturamento de R$ 12,9 bilhões no trimestre.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda, em inglês) ajustado somou R$ 607 milhões, alta de 300% na
base anual, com margem de 4,6%, ante uma expectativa de R$ 721,3
milhões.
O CEO da BRF, Miguel Gularte, apontou problemas conjunturais, em
especial a alta oferta de carne de frango no mercado global, que
entregou margem negativa no período. Outro ponto é o peso do alto
nível de juros no Brasil que afeta o consumo das famílias no
mercado interno.
No Brasil, a BRF avançou 9,1% em receita líquida operacional com
relação ao 1T22. No mercado externo o crescimento foi de 11,8%,
alcançando R$ 6,1 bilhões.
Para o próximo trimestre, o CEO sinaliza potencial de melhora
nos indicadores operacionais, sobretudo no custo do produto vendido
(CPV), que deverá recuar em função da forte queda nos preços dos
grãos, em especial do milho, no mercado brasileiro.
Ganho operacional
A empresa destacou ainda que obteve cerca de R$ 418 milhões em
ganhos operacionais por meio de melhor execução comercial. A
empresa afirmou que conseguiu reduzir em 4 pontos percentuais os
descontos concedidos por conta da vida útil dos produtos no mercado
doméstico em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Conforme o InfoMoney noticiou em março, a companhia havia
identificado problemas na gestão de estoques, que gerava
importantes perdas de rentabilidade.
“A estratégia de preços, em conjunto com uma gestão disciplinada
dos nossos estoques, vem possibilitando a recuperação da
rentabilidade mesmo frente a um cenário desafiador”, afirmou Miguel
Gularte, em conversa com jornalistas.
Gularte disse ainda que segue em curso uma estratégia para
aprofundar ainda mais captura de sinergias entre BRF e a Marfrig
(MRFG3) – as duas empresas são comandadas pelo empresário Marcos
Molina.
“Temos possibilidade de obter melhores preços em fretes
internacionais, compra de insumos, embalagens. Existem grandes
oportunidades de captura”, lembrou.
Desinvestimentos
O CFO da companhia, Fábio Mariano, reforçou que segue em curso o
plano de desinvestimentos da BRF, que estima arrecadar R$ 4
bilhões, segundo estimativas do mercado.
Marino afirmou que “qualitativamente” as conversas e que, até o
momento, houve apenas um deal: a venda de uma fazenda por cerca de
R$ 110 milhões.
“Mas a companhia não tem pressa, era a expectativa de que as
negociações ocorressem ainda neste semestre”, explicou. Além da
venda de ativos considerados não-essenciais, a empresa colocou à
venda créditos tributários e sua divisão de pet food.
Caso de gripe aviária
Por fim, a gestão da BRF demonstrou confiança no programa de
emergência adotado pelo Ministério da Agricultura após a divulgação
de casos de gripe aviária em aves silvestres.
Gularte reforçou a posição setorial, divulgada pela Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que afirmou que o caso
verificado em aves migratórias, portanto fora do sistema de
produção de alimentos, não afeta o abastecimento do mercado interno
e que não deve alterar a dinâmica externa, conforme recomendações
da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) para este tipo de
caso.
Com o surgimento da notícia, os papéis da companhia chegaram a
recuar cerca de 7%, mas encerraram o pregão em baixa de 1,35%, a R$
7,31.
Os resultados da BRF (BOV:BRFS3)
referentes suas operações do primeiro trimestre de 2023
foram divulgados no dia 15/05/2023.
Teleconferência
Em teleconferência do analista, o CEO da BRF, Miguel Gularte,
lembrou destacou o “ajuste fino” feito na operação e na gestão de
estoques de produtos na virada do ano, o que ofertou fôlego extra
para melhorar a eficiência comercial.
“O nosso patamar de Fifo [indicador de estoques que significa ‘o
primeiro que entra é o primeiro que sai’] está em níveis
sustentáveis, mas vemos que ainda dá para melhorar. Com mais opções
de exportação se abrindo, podemos ver uma situação melhor”, avaliou
Gularte.
No trimestre, a BRF obteve o incremento de 16 novas fábricas
habilitadas para exportar, sendo uma unidade em Cuba, uma na
Argentina, outra no México e outras 13 reversões de embargos na
China. Em fato subsequente, a empresa anunciou na manhã desta
terça-feira (16) a reabilitação de sua planta em Lucas do Rio Verde
(MT), uma das principais da companhia, para exportar aos
chineses.
“Essa é uma das plantas com maior capacidade de produção. É
bastante representativo para nossa produção de frangos quanto de
suínos”, reforçou o CFO da BRF, Fábio Mariano.
O executivo destacou ainda o potencial que essas plantas podem
ter para retomar o desempenho das exportações da empresa. No 1T23,
as exportações de carne de frango – principal proteína vendida pela
empresa ao exterior – apresentaram margem Ebitda negativa de 1,7%,
queda de R$ 106 milhões.
Outro ponto que está no radar do mercado é uma tendência de
melhora nos custos da BRF em função da queda nos preços do milho e
do farelo de soja, insumos que representam cerca de 30% dos gastos
operacionais da empresa.
Fabio Mariano, CFO da BRF, lembrou que a empresa vem se
preparando desde o ano passado para um cenário de queda dos grãos e
que os primeiros sinais nos custos começam a vir. No primeiro
trimestre, o custo do produto vendido (CPV) somou R$ 11,5 bilhões,
avanço anual de 5,3%, mas queda de 6,7% em relação ao 4T22.
“Nós fizemos um trabalho importante com relação ao giro dos
estoques, reduzindo a posição alongada no estoque de grãos, para
justamente se antecipar ao cenário de retração nos custos”,
afirmou.
No entanto, o reflexo do menor custo do insumo tende a demorar
cerca de um semestre para se materializar completamente no balanço,
aponta o Bradesco BBI, que tem uma visão positiva sobre a BRF.
“O Ebitda abaixo do esperado não muda nossa visão, pois
esperamos que a BRF se beneficie gradualmente do menor custo dos
grãos, além das iniciativas de desinvestimento da empresa para
reduzir sua alta alavancagem financeira [de 3,35 vezes a dívida
líquida pelo Ebitda], que tem sido uma das principais preocupações
dos investidores”, acrescentou.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
O Bradesco BBI ressalta que o Ebitda da BRF, ainda assim, ficou
3,2 p.p. acima do seu principal concorrente no 1T23, mostrando
potencialmente alguns benefícios dos ganhos de eficiência da nova
gestão. O banco espera melhoria das margens da BRF nos próximos
trimestres com custos de insumos mais baixos.
Bradesco BBI tem recomendação de compra com
preço-alvo de R$ 17,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
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De Fev 2024 até Mar 2024
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
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