Se Ibama negar a licença ambiental, Petrobras terá que realocar US$ 3 bilhões
30 Maio 2023 - 9:30AM
ADVFN News
Se for mantida a decisão do Ibama de negar a licença ambiental
para a Petrobras explorar a bacia da foz do Amazonas, na Margem
Equatorial brasileira, a empresa terá de decidir onde aplicar os
US$ 3 bilhões destinados para a exploração da área. Na revisão do
Plano Estratégico 2023-2027, esses recursos poderão tanto
impulsionar a transição energética quanto ajudar na volta da
internacionalização da estatal, em busca de novas reservas.
A revisão do plano precisa ser entregue pela diretoria ao
conselho de administração até julho, mas a previsão é de que a
versão 2024-2028 seja entregue apenas em novembro. “Não podendo
fazer exploração na área, metade do potencial exploratório da
Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) desaparece. A empresa vai ter de
rever o plano estratégico e decidir se vai usar esse investimento
no Brasil ou não”, diz Edmar Almeida, professor do Instituto de
Energia da PUC-Rio.
Ele explica que não faz sentido destinar esses recursos para o
pré-sal, segundo maior destino dos investimentos em exploração da
companhia, mas que já não possui áreas interessantes para explorar.
O caminho seria buscar reservas fora do Brasil. As melhores
alternativas, pela escala do volume de possíveis reservas, seriam a
Margem Equatorial, via Guiana ou Suriname, e a Namíbia, na
África.
“Do ponto de vista exploratório, no pré-sal o grande esforço já
foi feito. Em termos de exploração não tem muito mais do que a
Petrobras já está fazendo”, constata.
A Margem Equatorial contém cinco bacias, do Rio Grande do Norte
ao Amapá, e é considerada a última grande fronteira no Brasil para
a descoberta de reservas de petróleo. Sem ela, a estatal teria de
buscar a internacionalização para aumentar seus números, diz
Almeida.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates,
admitiu em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em
tempo real do Grupo Estado, que é possível explorar a Margem
Equatorial via Guiana ou Suriname se não for permitida a exploração
na parte brasileira da área. Ele disse também que ainda existem
algumas oportunidades em outras bacias da Margem, como a Potiguar,
e talvez na Bahia, mas nada se compara à bacia da foz do
Amazonas.
Nesta quarta-feira, 31, uma audiência pública da Comissão de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Câmara dos
Deputados, vai debater a intenção da Petrobras de explorar petróleo
e gás na bacia foz do Amazonas, uma das cinco bacias sedimentares
da Margem Equatorial.
Novo pré-sal
Na Guiana e no Suriname já foram descobertos reservatórios com
mais de 10 bilhões de barris de petróleo, o que poderia gerar uma
produção média de 1 milhão de barris por dia, mesmo nível dos
melhores poços do pré-sal, como Tupi e Búzios, na bacia de
Santos.
Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), no pico de
produção, em 2029, a parte brasileira da margem poderia atingir 1,1
milhão de barris por dia, elevando o total diário produzido no País
para quase 7 milhões de barris.
Nos últimos quatro anos, a estatal teve seus investimentos
reduzidos e se concentrou no pré-sal e nos planos para explorar a
Margem Equatorial. A previsão era de que o primeiro poço fosse
perfurado em novembro passado, e, por isso, uma sonda foi instalada
no local.
Na falta da licença, a estatal iniciou esta semana as atividades
para levar o equipamento para a bacia de Campos e, depois, para a
Potiguar, enquanto aguarda a solução do impasse. O custo estimado
da manutenção da sonda inoperante é de cerca de US$ 1 milhão,
segundo a consultoria Wood Mackenzie.
Para o coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Meio
Ambiente do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ,
Emilio Lebre La Rovere, os estudos ambientais não foram feitos
corretamente no governo anterior e dificilmente no curto prazo a
Petrobras deve obter o licenciamento. “A curto prazo, não me parece
provável (ter exploração). A área é muito sensível ambientalmente.
O Ibama pediu oito vezes informações complementares e, pelo visto,
a Petrobras não conseguiu fornecer, assim como a Total (que
devolveu o bloco)”, diz.
Informações Broadcast
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024