O preço da gasolina deve aumentar em diversos estados a partir
da próxima quinta-feira (1), devido à entrada em vigor da alíquota
única e fixa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS).
As alíquotas do ICMS sobre a gasolina passarão a ser ad rem
(fixa) em vez de ad valorem (um percentual sobre o valor do
combustível) a partir de 1 de junho, com nova tarifa de R$ 1,22 por
litro para todos os estados do Brasil. A nova alíquota é R$ 0,20
superior à média cobrada atualmente. Porém, o tamanho do reajuste
vai depender da unidade da federação e a intensidade do repasse vai
depender de cada posto.
A mudança levará a uma queda na cobrança do tributo em apenas em
três Estados: Alagoas, Amazonas e Piauí. A maior alta, de R$ 0,29
por litro, será no Mato Grosso do Sul. Já a maior queda, de R$
0,11, será no Piauí, conforme apontam dados da StoneX.
Nesse cenário, analistas avaliam quais são os possíveis impactos
para a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4), que anunciou neste mês
uma nova política de preços que ainda é alvo de dúvidas por parte
dos investidores. Se fosse seguido o Preço de Paridade de
Importação (PPI), não haveria espaço para novos cortes.
“Esta mudança resultará em um aumento médio de 3% no preço da
gasolina na bomba, que pode ser compensado por uma redução de 7%
nos preços da gasolina da Petrobras. Ainda que o aumento médio não
pareça significativo, este mudança terá impactos significativamente
diferentes entre os estados”, destaca o Itaú BBA.
Analistas de mercado não veem essa mudança no ICMS (e em julho,
a reoneração do PIS/Cofins) como algo que pode mudar a tese para as
ações da Petrobras, mas monitoram possíveis atuações da companhia
neste sentido.
O Bradesco BBI aponta que o mercado ficará atento ao que a
Petrobras fará com os preços dos combustíveis.
“Se a Petrobras compensasse isso no nível da refinaria, seus
preços seriam reduzidos em mais 11%, quando já estão 10% abaixo dos
preços da costa do Golfo nos Estados Unidos. Se isso acontecesse, o
preço das ações provavelmente cairia”, avaliam os analistas.
Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, neste
início de gestão, houve alguns testes, como anúncio da distribuição
de dividendos e o anúncio da política de preços (que foi menos pior
do que o esperado, ainda que gerando dúvidas), que ajudaram a
tranquilizar o mercado em relação à interferência política na
Petrobras. Assim, não vê a mudança na tributação causando mudanças
na tese da companhia.
“Este ponto dos impostos não deve gerar muitas surpresas. O
mercado espera que vá ter reoneração dos impostos e que parte do
impacto já foi mitigado pela redução anunciada recentemente. Se
tiver alguma medida para não repassar para o consumidor, vai pegar
o mercado de surpresa e as ações podem reagir negativamente. Caso
contrário, as ações devem reagir positivamente, porque o cenário
não está tão ruim quanto o esperado”, avalia o analista.
Também para Matheus Lima, analista da Top Gain, o tema não deve
gerar tantos impactos para a tese de investimentos na estatal. Ele
também acredita que esse aumento do tributo vai ser repassado para
os preços dos combustíveis.
Porém, avalia que há uma preocupação de possível intervenção do
governo na política de preços, o que levaria a companhia a espremer
a margem operacional.
Cesar Frade, mestre em economia e sócio da Quantzed, avalia que
o preço da gasolina vem caindo nos últimos meses, então um aumento
de R$ 0,20 não seria uma mudança muito drástica. “Na verdade, o
grande teste de fogo será o longo prazo ou uma alta bastante forte
do preço do petróleo, isso pode gerar um problema maior para a
Petrobras. Mas, fora isso, não é essa mudança no ICMS que vai mudar
isso”. aponta.
Ele também cita potenciais benefícios dessa mudança do ICMS. Ele
aponta que o fato da alíquota ser fixa significa que,
independentemente da variação do combustível da Petrobras, haverá
um valor a ser acrescentado, o que tira um peso do preço das
variações dos combustíveis para a companhia.
Com a mudança tributária, pode-se reduzir a sonegação fiscal e o
custo logístico de distribuição, também diminuindo eventuais perdas
tributárias.
Fabricio Silvestre, economista do TC, também avalia que a medida
se equilibra com a última redução de preços nos derivados de
petróleo promovido pela Petrobras e deve ter pouco impacto sobre o
bolso do consumidor.
“Para a economia como todo, como o preço tende a ficar
relativamente estável na análise conjunta com a medida da
Petrobras, temos poucos efeitos reais sobre a economia. A mudança
do tributo contribui para reequilibrar a relação entre as receitas
e as despesas do Estado, portanto, favorece a melhora de percepção
de risco das contas públicas”, aponta ainda.
Não é o “grande teste”, mas deve ser
monitorado
Assim, até por este não ser visto como o “grande teste de fogo”
para a Petrobras – e sim um cenário de alta de preços do petróleo
no longo prazo -, uma possível reação da companhia agora para
conter os preços teria uma leitura bastante negativa por parte dos
investidores e analistas de mercado, que seguem bastante cautelosos
com a tese de investimentos na estatal.
De acordo com compilação feita pela Refinitiv, de 12 casas que
cobrem o papel PETR4, 8 recomendam manutenção, 1 recomenda venda e
3 têm visão positiva, de compra, para o ativo.
No fim da semana passada, o UBS BB reiterou recomendação de
venda para os ativos, apesar de ver os recentes anúncios de
dividendos e mudança na política de preços como melhores do que o
esperado. Os analistas avaliaram também que o ambiente
macroeconômico, com o real mais valorizado e o petróleo Brent
enfraquecido, tem permitido a estatal cortar preços de combustíveis
e contribui para que o discurso público contra a empresa
diminua.
Porém, Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos,
analistas que assinam o relatório, reiteraram cautela, também muito
à espera da divulgação da política de dividendos (a ser anunciada
em julho). O caso-base é de um pagamento de 40% do fluxo de caixa
livre (FCF, na sigla em inglês), o que levaria a um rendimento de
cerca de 3% (dividend yield, dividendo em relação ao preço da ação)
por trimestre. Para os analistas, isso seria negativo para a ação,
com risco de queda (para valores ainda mais baixos) de rendimentos
e/ou menor visibilidade nos pagamentos.
Assim, analistas avaliam que a tese de investimentos na estatal
passará ainda por muitos testes, com vários deles devendo acontecer
nos próximos meses.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024