Braskem: preço cobrado pelos bancos atrasa o avanço das negociações em torno da venda da empresa
19 Setembro 2023 - 01:46PM
ADVFN News
Enquanto a Petrobras segue em seu processo de due diligence na
Braskem, outra questão ainda atrasa o avanço das negociações em
torno da venda da empresa petroquímica pela Novonor: o preço
cobrado pelos bancos. Segundo fontes ouvidas pelo IM Business, as
instituições credoras ainda mostram resistência a aceitar os
valores propostos pelos três interessados na companhia.
A divergência se agrava à medida que a ação se desvaloriza. E
também diante da ofensiva do senador Renan Calheiros, que reuniu
assinaturas para abrir uma CPI para investigar a responsabilidade
da Braskem (BOV:BRKM5) no afundamento do solo em Maceió, no Estado
de Alagoas – e vai tentar pressionar a empresa por uma multa
adicional.
Cinco instituições financeiras – Itaú, Bradesco, Santander,
Banco do Brasil e BNDES – são credores da Novonor e têm em mãos,
como garantia, 38% do capital da Braskem detidos pela empreiteira.
Cabe a esses bancos, em última instância, a decisão do negócio. E,
segundo interlocutores, esses bancos buscam reduzir ao máximo o
desconto a ser aceito na venda das ações da Braskem, enquanto os
riscos de gastos adicionais vindos da disputa em Alagoas, somados
ao cenário desafiador vivido pelo setor petroquímico, impactam o
valor do ativo.
Na visão de agentes que acompanham de perto a negociação, “a
demora no processo de venda fragiliza a companhia.” Para esses
interlocutores, manter a Braskem à venda por mais tempo atrasa
investimentos estratégicos, em um momento em que a empresa lida com
desafios relacionados ao setor. “Não quiserem vender a companhia
quando a ação estava a R$ 45, essa demora só piora as condições
para a venda’, define uma das fontes.
A dívida da Novonor junto aos bancos é avaliada em torno de R$
15 bilhões e é corrigida a uma taxa de mais de 120% o CDI. A oferta
da Unipar e da J&F, que já venceram, consideram um desconto
(hair cut) R$ 5 bilhões nessa dívida. As negociações não avançaram
e, desde a proposta mais recente feita pela Unipar, em junho, a
ação da Braskem acumula uma queda de cerca de 20%. Em grande
medida, essa desvalorização da empresa tem a ver com o cenário
negativo para o setor.
Em último balanço, a Braskem reportou uma queda do lucro antes
de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em
inglês) recorrente de 82% ante igual período do ano passado, para
R$ 703 milhões, resultado atribuído ao encolhimento do nível do
consumo mundial — em particular na China –, com efeito direto sobre
preços e margem. Segundo afirmou na ocasião o diretor financeiro da
companhia, Pedro Freitas, não há razão para esperar uma melhora
desse quadro no segundo semestre.
Outro fator que impacta o valor da companhia neste momento é a
pressão vinda do governo de Alagoas. A companhia já havia fechado
um acordo com a prefeitura de Maceió no valor de R$ 1,7 bilhão como
indenização pelo afundamento do solo em bairros atingidos pela
exploração da companhia, dos quais R$ 700 milhões já haviam sido
provisionados. Mas o governo de Alagoas, juntamente com Renan
Calheiros, tentam impedir a venda e ampliar o valor da
indenização.
A Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) divulgou nesta segunda-feira
(18) um fato relevante em que reafirma que está fazendo a avaliação
da Braskem para decidir se exercerá o direito de tag along ou de
preferência, no caso da venda da companhia. No comunicado, reiterou
que não houve qualquer decisão da Diretoria Executiva ou do
Conselho de Administração em relação ao tema. Mas circulam
informações de que a companhia gostaria de se aliar a um grande
grupo – como é o caso da Adnoc, petroleira estatal dos Emirados
Árabes, que junto com o fundo americano Apollo fez uma proposta
pela Braskem -, que poderia abrir caminho para grandes projetos no
exterior.
A Adnoc é considerado hoje o candidato mais forte a levar a
Braskem. Fontes próximas à negociação afirmam que a Adnoc assumiu o
controle das negociações junto ao governo brasileiro e já
manifestou que estaria disposta a firmar uma parceria com a
Petrobras na gestão da Braskem – ao contrário do que havia afirmado
no início das negociações.
Segundo o jornal Valor Econômico, o Apollo já teria, inclusive,
se retirado da transação.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2023 até Dez 2023
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2022 até Dez 2023