A Vale, a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a União Federal, por meio do Ministério dos Transportes, estabeleceram as bases gerais para a repactuação dos Contratos de Concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).

O comunicado foi feito pela companhia (BOV:VALE3) na segunda-feira (30).

Book de ofertas: a mais completa do mercado financeiro, acompanhe as ofertas de compra e venda de um ativo e todos os negócios realizados no dia.

Os referidos contratos contam com termos aditivos estabelecidos em 16 de dezembro de 2020, os quais fixaram a prorrogação antecipada das concessões citadas até 2057. A mineradora afirmou que a repactuação será feita em conformidade com os termos dos Contratos de Concessão, que seguem vigentes, visando promover sua modernização e atualização.

Sob as bases gerais da repactuação, a Vale se compromete com um aporte global máximo de aproximadamente R$ 11 bilhões, a título da revisão de levantamento da base de ativos da EFC e EFVM, da otimização de obrigações contratuais e do replanejamento de investimentos. Os termos da transação resultam no aumento de R$ 1,7 bilhão em provisão referente a concessões ferroviárias. O aporte global compreende todos os investimentos e obrigações previstas para a companhia nos Contratos de Concessão e garante a aplicação de soluções consensuais definitivas quanto à otimização de obrigações contratuais, incluindo obras e investimentos.

“As bases gerais da repactuação dos Contratos de Concessão estabelecidas hoje cumprirão formalizações usuais e serão submetidas à avaliação e à anuência das autoridades competentes, e a sua conformação se dará por meio de uma solução consensual a ser debatida com os órgãos envolvidos junto ao Tribunal de Contas da União”, explicou a mineradora em um comunicado, ressaltando que a repactuação, uma vez finalizada, trará definitividade ao tema de obrigações e investimentos da Vale em suas duas concessões ferroviárias.

VISÃO DO MERCADO

Para analistas de mercado, o valor negociado ficou abaixo das expectativas mais conservadoras, o que reforça a avaliação positiva. A Genial Investimentos diz que o aporte resultará em um impacto limitado no fluxo de caixa e um Valor Presente Líquido (VPL) detrator abaixo do esperado. A corretora reiterou recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 78,50.

Na mesma linha, o Bradesco BBI avaliou o desenvolvimento como “ligeiramente positivo”, ao remover mais um risco para a empresa. O banco ressaltou que parte dos valores já foi quitada em 2024 (R$ 4 bilhões), e o restante será diluído ao longo de 30 anos, minimizando o impacto no caixa. Além disso, a mudança no cálculo do Índice de Saturação Ferroviária (ISF), agora baseado em uma média móvel, segundo os analistas, pode gerar economia ao longo do período.

O Morgan Stanley, que mantém recomendação equalweight (exposição em linha com o mercado) para os ADRs (American Depositary Receipts, ou ações negociadas nos EUA) com preço-alvo de US$ 11,30, também considerou o compromisso de cerca de R$ 11 bilhões favorável, especialmente em comparação com a cobrança de R$ 25,7 bilhões apresentada pelo governo em janeiro. Esse valor incluía uma revisão do capex (investimentos não amortizados) que, segundo o Ministério dos Transportes, havia sido incorretamente descontado pela mineradora na renovação das concessões em 2027.

A repactuação ocorre após meses de negociações envolvendo a cobrança adicional, que expôs divergências sobre a avaliação dos ativos ferroviários. Com o acordo, a Vale encerra uma incerteza que poderia gerar impactos mais severos no curto e longo prazo. A iniciativa também tem a ver com um ajuste estratégico na relação com o governo, visando fortalecer a previsibilidade regulatória para suas operações.

Os analistas concordam que, apesar do aumento nas provisões, o resultado final é amplamente favorável à companhia. O mercado agora volta sua atenção para os desdobramentos da implementação do acordo e para as perspectivas de fluxo de caixa da Vale em 2025 e nos anos seguintes, com a expectativa de continuidade na geração de valor para seus acionistas.

Informações Financenews
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2025 até Mar 2025 Click aqui para mais gráficos VALE ON.
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Mar 2025 Click aqui para mais gráficos VALE ON.