O JPMorgan revisou suas projeções para o setor de planos de
saúde, destacando que a rentabilidade da indústria está em processo
de recuperação, com a expectativa de que o retorno sobre o
patrimônio (ROE) volte aos níveis históricos neste ano. Contudo,
com as taxas de juros mais altas do que o inicialmente previsto, o
banco alerta que os retornos deverão continuar abaixo do custo de
capital, impactando a rentabilidade do setor.
De acordo com os analistas, a desaceleração econômica prevista
pode afetar o crescimento da base de beneficiários no curto prazo.
O cenário regulatório e o aumento da judicialização são fatores que
também geram incertezas no setor.
O JPMorgan observa que o ajuste nos preços contribuirá para a
recuperação do segmento, com aumentos previstos de 15% para planos
corporativos e de 6% para planos individuais neste ano. A
introdução de coparticipação, conforme o banco, pode redistribuir
custos e reduzir a utilização dos serviços.
Esse movimento deve impactar a taxa de sinistralidade médica
(MLR), que deverá cair para 83%, uma melhoria de 100 pontos-base em
relação ao acumulado de 12 meses até o terceiro trimestre de
2024.
Dentro desse contexto, as empresas com balanços mais
equilibrados devem se destacar. É o caso da Rede D’Or (BOV:RDOR3) e
Hapvida (BOV:HAPV3), que continuam como preferidas pelo banco,
classificadas como overweight (OW, exposição acima da média do
mercado, equivalente à compra), devido ao crescimento anual de
lucro por ação (EPS) de cerca de 20% nos próximos cinco anos e
forte geração de caixa. A recomendação indica que o banco espera
que as ações superem o desempenho do mercado.
Os estrategistas também observam que a Rede D’Or conseguiu
expandir sua presença no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e
São Paulo, após aquisições e parcerias, como a realizada com o
Bradesco. É por isso que eles projetam crescimento de 17% ao ano
para a empresa, com um aumento do lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda) de 18% nos próximos cinco anos,
e revisaram seu preço-alvo de R$ 45 para R$ 37.
A Hapvida, por sua vez, enfrenta entraves relacionados à
judicialização e sinistralidade médica, mas mantém um crescimento
projetado de 21% ao ano, com um múltiplo de P/E de 10x para
2025.
Em contrapartida, empresas como Oncoclínicas (BOV:ONCO3) e Viveo
(BOV:VVEO3) tiveram suas recomendações rebaixadas para underweight
(UW), devido à alta alavancagem e à menor previsibilidade de fluxo
de caixa. A recomendação significa que o JPMorgan espera que essas
ações tenham um desempenho inferior ao do mercado. A Qualicorp
(QUAL3) também foi mantida com recomendação negativa, devido ao seu
modelo de negócios considerado mais complexo e arriscado.
Desempenho
O Itaú BBA também revisou suas projeções no setor de saúde: a
Fleury (BOV:FLRY3) e Odontoprev (BOV:ODPV3). O banco ajustou os
preços-alvo para o final deste ano e manteve as recomendações.
Fleury segue com indicação de compra, mas o valor justo foi
reduzido de R$ 23 para R$ 17 por ação. Para Odontoprev, a
recomendação continua neutra, com preço-alvo elevado de R$ 12 para
R$ 14. Os analistas justificam a revisão por causa do ambiente
macroeconômico instável, o que consequentemente leva investidores a
buscarem ativos mais defensivos.
Para Fleury, o banco estima um crescimento de 7% na receita do
quarto trimestre de 2024 (4T24), impulsionado pelo bom desempenho
das unidades de atendimento ao público, com destaque para a marca
Fleury e as operações em São Paulo.
Mesmo com alguma alavancagem operacional, a rentabilidade ainda
deve ser afetada por glosas médicas, ou seja, por recusa ou redução
do pagamento de um serviço médico por parte de uma operadora de
saúde, resultando em um lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização (Ebitda) de R$ 403 milhões e margem estável em
22,1%.
O lucro líquido estimado para o período é de R$ 93 milhões,
avanço anual de 15%. Para 2025, o banco prevê crescimento
semelhante na receita, com aumento mais tímido da marca Fleury,
compensado por um desempenho melhor da a+ SP. Os analistas dizem
que a pressão sobre a rentabilidade pode continuar, já que a
participação da marca Fleury, que tem margens mais altas, deve
diminuir no mix de receitas. Ainda assim, o banco acredita que a
empresa pode compensar parte desse efeito com melhorias nas margens
de outros segmentos.
A projeção para a margem Ebitda deste ano ficou em 25,8%, sem
variação em relação ao ano anterior, mas com revisão para baixo de
3% no Ebitda esperado. O BBA diz que a atualização das estimativas
macroeconômicas também levou a um corte de 13% na previsão de lucro
para este ano e 12% para 2026, baseado num cenário de taxa Selic
mais alta, agora projetada em 15% para o próximo ano, ante 10,5% na
previsão anterior de outubro de 2024.
Mesmo com essas revisões, o Itaú BBA avalia que os papéis já
precificam esse novo contexto e vê potencial de valorização de 37%,
considerando também a atratividade da empresa em distribuição de
dividendos, com projeção de rendimento de 9% este ano e 11% em
2026.
Boa opção
Para Odontoprev, a expectativa é de um crescimento de 6% na
receita do 4T24, impulsionado pelo aumento na base de clientes. O
banco observa que a sazonalidade do período pode favorecer a taxa
de sinistralidade odontológica, mas ressalta que os custos por
beneficiário vieram melhores que o esperado no terceiro trimestre,
criando uma base de comparação mais difícil. Com isso, a taxa de
sinistralidade projetada para o trimestre é de 39,1%, melhora de
1,1 ponto percentual em relação ao ano anterior.
Excluindo um efeito não recorrente positivo registrado no quarto
trimestre de 2023, o Itaú BBA acredita que a empresa apresentará um
forte crescimento de lucro no período. Para este ano, a projeção de
receita subiu 9% na comparação anual, com a expectativa de que o
crescimento da base de clientes seja impulsionado pelo segmento de
pequenas e médias empresas e pela marca Bradesco Dental.
A taxa de sinistralidade acumulada até o 4T24, calculam os
estrategistas, ficou em 37,8%, abaixo da projeção do banco, mas a
abordagem mais conservadora levou à manutenção da estimativa de
39,2% para o próximo ano. A margem Ebitda ajustada para este ano
foi estimada em 31%, sem variação em relação ao ano anterior. A
posição de caixa líquido da companhia pode favorecer os resultados
em um ambiente de juros elevados, beneficiando o lucro líquido, que
deve atingir R$ 601 milhões no ano, crescimento anual de 11%.
Embora o banco veja a Odontoprev como uma boa opção em períodos
de maior instabilidade econômica, considera que a ação já negocia
com múltiplos elevados em relação a outras empresas do setor de
saúde no Brasil.

Informações Infomoney
Oncoclinicas Brasil Serv... ON (BOV:ONCO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2025 até Mar 2025
Oncoclinicas Brasil Serv... ON (BOV:ONCO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Mar 2025