A Vamos, empresa de locação de caminhões, máquinas e equipamentos do grupo Simpar registrou lucro líquido consolidado de R$ 213,2 milhões no quarto trimestre de 2024. O resultado exclui o negócio de concessionárias, que foi desmembrado da companhia, em dezembro do ano passado, com a criação da Automob. A cifra é 17,6% maior que a obtida um ano antes, também levando em conta apenas as operações continuadas, de locação e venda de seminovos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 882,4 milhões. O valor cresceu 27,6% em bases anuais, com impulso do negócio de locação, de acordo com a Vamos.

A receita líquida consolidada da empresa no trimestre foi de R$ 1,2 bilhão, com alta de 20,3% em relação ao mesmo período do anterior. O negócio de locação da Vamos gerou R$ 1,122 bilhão para a empresa no período, com um crescimento anual de 27,4% A venda de ativos, por sua vez, somou R$ 164,8 milhões (e R$ 705 milhões no ano).

No acumulado de 2024, o lucro líquido da Vamos foi de R$ 779,2 milhões, com alta anual de 56,6%. O Ebitda ficou em R$ 3,395 bilhões, crescendo 31,8%. E a receita líquida somou R$ 4,699 bilhões, avançando 32,4%.

A frota de locação da companhia terminou o ano passado com 51,6 mil ativos, 12,9% a mais do que em 2023.

Intensiva em capital, a Vamos adquire veículos para honrar contratos de locação e prevê investimento total da ordem de R$ 5 bilhões este ano, enquanto monitora sua alavancagem. No final do ano passado, a relação entre dívida líquida e Ebitda voltou a subir ligeiramente, para 3,3 vezes.

Ao fazer a cisão de concessionárias, parte do caixa da companhia foi com o negócio incorporado pela Automob. “Naturalmente, também teve a pressão do juro mais alto. […] Mas é uma variação marginal”, afirmou Gustavo Couto, CEO da Vamos, ao InfoMoney.


“Vamos ter, sim, um processo de desalavancagem na companhia em 2025”, garantiu o executivo. Couto explica que do capex total previsto, apenas R$ 2,1 bilhões serão dinheiro novo. “Os outros R$ 2,9 bilhão estão vindo de ativos que já estão dentro de casa”.

O CEO se refere ao Sempre Novo, modalidade que redireciona usados com baixa quilometragem para novos contratos de aluguel. “Eu trago receita nova, melhorando capital de giro, com um investimento que fiz em anos anteriores.”

A extensão de contratos de aluguel para além do período padrão, de cinco anos, é outra prática que tem ajudado a Vamos a gerenciar melhor seus investimentos. Para 2025, a companhia espera alugar R$ 1 bilhão de ativos pelo Sempre Novo e estender outros R$ 700 milhões em contratos com ativos que já estão em uso pelos clientes.

O executivo afirma que, depois da cisão do negócio de concessionárias, a Vamos ganhou mais liberdade de ação, conforme o esperado.

“Já assinamos contratos com as maiores redes de concessionárias, que até então nos viam como concorrentes e estamos vendo aumento de vendas com essas alianças comerciais”, explica.

Os resultados da Vamos Locação (BOV:VAMO3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2024 foram divulgados no dia 24/03/2025.

VISÃO DO MERCADO

As ações do Grupo Vamos operavam com forte valorização na sessão desta terça-feira (25), após a empresa de locação de caminhões, máquinas e equipamentos divulgar seu primeiro balanço após a segregação com Automob. Às 12h15 (horário de Brasília), ação da companhia saltava 15,85%, cotada a R$ 4,97.

No 4T24, a Vamos reportou um lucro líquido de R$ 213 milhões, superando em 16% o consenso do mercado. No entanto, a retomada de ativos desacelerou, caindo 14% no trimestre e ficando 30% abaixo da média dos primeiros nove meses de 2024.

Ao longo do ano, as retomadas totalizaram R$ 1,2 bilhão, o que contribuiu para a contração do spread RoIC (retorno sobre capital investido) de 9,2 pontos percentuais (pp) em 2023 para 6,6 pp em 2024.

Por outro lado, segundo o Bradesco BBI, a Vamos segue demonstrando capacidade de repassar o aumento do custo de capital, dando os primeiros sinais de uma inflexão. No 4T24, o capex contratado somou R$ 1.021 milhões, com yield mensal de 2,8%, acima dos 2,5% registrados no 3T24 e 4T23. A orientação de capex líquido para 2025 permanece inalterada em R$ 2,1 bilhões, reforçando a confiança do BBI no modelo de negócios da empresa.

O BBI mantém a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a Vamos, com preço-alvo de R$ 9,00 para o final de 2025.

O JPMorgan, por sua vez, destaca que os números publicados não são totalmente comparáveis às projeções do banco e do consenso Bloomberg, devido ao spin-off da divisão de concessionárias no final de 2024.

O Ebitda reportado, excluindo concessionárias, foi de R$ 882 milhões ante R$ 898 milhões projetados pelo JPMorgan, que incluía R$ 22 milhões das concessionárias. O lucro líquido foi de R$ 213 milhões, acima da projeção do JPMorgan de R$ 153 milhões (incluindo concessionárias), impulsionado por um resultado financeiro líquido melhor do que o esperado.

A Vamos reportou um capex implementado de R$ 1,016 bilhão no 4T24 e um capex contratado de R$ 1,021 bilhão, totalizando R$ 5,0 bilhões em 2024, com R$ 250 milhões do Sempre Novo e R$ 401 milhões de renovações contratuais. A retomada de ativos somou R$ 232 milhões no 4T24, totalizando R$ 1,22 bilhão no ano, com 49% das retomadas ligadas a contratos de 2022, especialmente no Centro-Oeste.

Já o inventário fechou o trimestre em R$ 2,846 bilhões, sendo 48% do Sempre Novo, 33% ativos novos e 19% veículos usados para venda. A alavancagem encerrou o 4T24 em 3,3 vezes, levemente acima dos 3,2 vezes no 3T24.

O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10.

O BTG avalia que os resultados do 4T24 ficaram alinhados com suas estimativas, apesar do lucro líquido acima do esperado. Com a conclusão da reestruturação societária — e a cisão da Vamos Concessionárias — a companhia passará a se dedicar exclusivamente ao negócio de locação, reduzindo a ciclicidade de suas operações.

Olhando à frente, o BTG espera que o mercado acompanhe de perto: (i) a realocação de ativos, (ii) a execução da estratégia Sempre Novo, (iii) as tendências de demanda por locação, (iv) a disciplina de preços e (v) a gestão da estrutura de capital.

Apesar do valuation atrativo, o BTG disse entender que o mercado deve aguardar maior consistência operacional antes de retomar a confiança na tese. O banco reiterou classificação de compra e preço-alvo de R$ 15.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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