A divulgação dos balanços do primeiro trimestre de 2025 já
movimenta o mercado nesta segunda metade de abril, mal encerrada a
temporada de resultados do 4T24. As expectativas, no entanto, já
apontam para um cenário mais desafiador.
Segundo o Banco Safra, a projeção de resultados positivos para o
1T25 caiu para 39,7%, frente aos 50,4% registrados no 4T24. Por
outro lado, a previsão de resultados neutros aumentou de 41,5% para
47,6%, enquanto os negativos subiram para 11,9% (ante 8,1%). A
análise destaca que surpresas positivas devem ser menos frequentes,
refletindo a desaceleração econômica provocada por menor estímulo
fiscal e juros elevados, que afetam famílias e empresas.
O Morgan Stanley observa que os resultados do 1T25 devem atrair
atenção especial dos investidores, em razão dos impactos das taxas
de juros mais altas e da volatilidade cambial. A expectativa é de
um trimestre praticamente estável, com destaque positivo para as
empresas exportadoras de commodities — especialmente petróleo e gás
— que devem registrar um crescimento de 47% no lucro por ação
(LPA). Já as empresas domésticas devem ter queda de 8% nos lucros
em dólar.
A equipe do banco estima que as empresas brasileiras
apresentarão resultados mistos: queda de 4% na receita, recuo de 8%
no EBITDA, mas alta de 14% no lucro líquido anual.

Para o Bradesco BBI, a temporada de resultados do MSCI Brasil
começa em 24 de abril com a Vale (BOV:VALE3), e o país deve liderar
o crescimento global de lucros este ano. A política monetária mais
restritiva tende a esfriar a economia e reancorar a inflação. Com
isso, o banco revisou a projeção de crescimento do PIB de 2025 de
1,9% para 1,8%, considerando também impactos da guerra comercial e
redirecionamento das exportações chinesas.
O BBI também reduziu a estimativa da taxa Selic terminal no
ciclo atual, de 15,25% para 14,75%. O banco vê uma disparidade
importante entre ações exportadoras e as cíclicas domésticas. O
consenso de mercado prevê crescimento de 7% nos lucros, com o setor
doméstico avançando 19% (superior aos 17% do 4T24) e 70% das
empresas do MSCI Brasil com lucros em alta.
- Setores com Destaque Positivo e Negativo
Entre os destaques positivos para o 1T25, o Safra aponta os
seguintes setores:
Construtoras: bom desempenho no segmento de
baixa renda.
Distribuidores de combustíveis: impacto
positivo da queda no biodiesel e alta no diesel.
Shoppings: ocupação elevada, vendas acima da
inflação e despesas controladas.
Varejo de luxo: melhora nas vendas e estoques,
com alavancagem operacional crescente.
Petróleo e gás: aumento de produção deve elevar
os lucros, principalmente das empresas menores.
Locação de veículos: elevação de tarifas e
normalização de ativos impulsionam margens, especialmente para a
Vamos (VAMO3).
Já o Bradesco BBI prevê surpresas negativas no setor industrial,
especialmente com o impacto dos investimentos da Embraer (EMBR3) na
Eve (subsidiária de eVTOL). No setor de petróleo e gás, espera-se
crescimento dos lucros, enquanto o consenso projeta queda.
Resultados Mistos no Setor Financeiro e de
Varejo
Para os grandes bancos, o Bradesco BBI acredita
que não haverá grandes surpresas no 1T25, com destaque para
discussões sobre mudanças contábeis e novo crédito consignado
privado. A carteira de crédito deve crescer de forma mais tímida,
refletindo a sazonalidade.
No varejo, a XP vê uma temporada mista. Players
de baixa/média renda devem apresentar bom desempenho, enquanto os
de alta renda seguem pressionados. No e-commerce, as margens são
priorizadas, e o calendário afeta o desempenho dos supermercados.
Smart Fit, Assaí, Track&Field, farmácias regionais e vestuário
de média renda são os principais destaques da XP, com Lojas Renner
podendo surpreender positivamente. Por outro lado, RD Saúde, Grupo
SBF, Petz e Enjoei devem ter desempenho mais fraco.
Shoppings, Saúde e Perspectivas para 2025 e
2026
O Santander reforça a resiliência dos shoppings no 1T25, com
crescimento robusto nas vendas mesmas lojas, ocupação elevada e
inadimplência controlada. Apesar disso, a Selic elevada e a
alavancagem devem pesar nos resultados.
Na saúde, a XP projeta desempenho misto:
Rede D’Or (BOV:RDOR3): alta no ticket médio, mas margens
pressionadas por menor ocupação.
Fleury (BOV:FLRY3): crescimento com PSC e Novos Elos, mas
efeitos negativos do fim da operação com o Sírio-Libanês.
Hypera (BOV:HYPE3): ainda afetada pela otimização do capital de
giro, mas com melhora no fluxo de caixa.
Expectativas para o Futuro
De acordo com o BofA, o mercado espera apenas 6% de crescimento
nos lucros das indústrias domésticas brasileiras (excluindo bancos)
em 2025, bem abaixo dos 16% projetados há seis meses. Para os
bancos, a expectativa de crescimento no LPA caiu de 12% para 9%. Já
para 2026, o consenso aponta alta de 26% nos lucros das empresas
domésticas e de 11% para o setor financeiro.
Com informações infomoney
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2025 até Jun 2025
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jun 2025