A Gerdau teve uma queda de 39% no lucro líquido ajustado entre
janeiro e março de 2025, para R$ 758 milhões.
A receita líquida da empresa atingiu, nos três primeiros meses
do ano, R$ 17,3 bilhões ante R$ 16,2 bilhões do mesmo período do
ano passado, tendo uma alta de 4,9%. O ebitda ajustado foi de R$
2,4 bilhões no 1T25, ao passo que em igual período do ano passado,
havia sido de R$ 2,8 bilhões, resultando em uma queda de 14,6%.
A margem ebitda ajustada no trimestre apurado foi de 13,8%, ante
17,4% do mesmo período do ano passado, resultado em uma retração de
3,5 pontos percentuais.
De acordo com a companhia, o primeiro trimestre de 2025 foi
marcado por maior volatilidade nos mercados, devido ao ambiente
desafiador entre oferta e demanda de aço e aos desdobramentos da
política tarifária dos Estados Unidos.
“Em meio a uma série de incertezas que envolvem a dinâmica do
comércio global, a indústria do aço continua pressionada pelo
excesso de capacidade, especialmente da China, cujo excedente de
produção vem sendo destinado a outros mercados”, informou a
GGBR4.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil (IABR),
a demanda aparente por aço no Brasil permaneceu robusta nos
primeiros três meses do ano, ao mesmo tempo que a oferta de aço,
impulsionada principalmente pelas importações, manteve-se elevada.
A penetração do aço importado atingiu 22,0% no 1T25, nível ainda
muito acima da média histórica, o que intensificou a competição
desleal no mercado local.

Nos Estados Unidos, o crescimento da demanda em relação ao 4T24
é explicado, em parte, pela retomada sazonal típica, mas também
pela reação dos clientes às mudanças na política comercial dos EUA,
aumentando os níveis de estoque e favorecendo a compra de aço
produzido internamente. Os anúncios realizados pelo presidente dos
EUA nos últimos meses influenciaram positivamente a demanda por aço
no curto prazo, na avaliação da companhia.
No 1T25, a produção de aço bruto foi 9,8% superior ao 4T24,
influenciada pela retomada sazonal do período. Em relação ao
primeiro trimestre do ano passado, a produção foi 3,4% inferior
devido algumas paradas programadas nas plantas.
“A utilização da capacidade de produção de aço bruto foi de 76%
no 1T25, superior em 7 p.p. ao 4T24 e inferior em 1 p.p. ao 1T24.
As vendas de aço totalizaram 2,9 milhões de toneladas no 1T25, 5,1%
e 4,9% superior ao 4T24 e 1T24, respectivamente, puxadas pelos
melhores volumes das operações na América do Norte em ambas as
comparações”, diz trecho do balanço.
O Resultado financeiro foi negativo em R$ 308 milhões no 1T25,
principalmente pelo efeito da desvalorização do dólar frente ao
real (-7,3%) e demais moedas nos países onde atuamos e pelos
ajustes por inflação sobre os itens não monetários 1 das
controladas na Argentina.
As Despesas com vendas, gerais e administrativas (DVGA)
totalizaram R$ 543 milhões no 1T25, 7,4% inferior ao 4T24,
influenciadas principalmente pelas reduções de despesas nos
Segmentos Brasil e América do Sul.
No 1T25, os investimentos em CAPEX somaram aproximadamente R$
1,4 bilhão, sendo que, desse total, 40% foram destinados à
Manutenção e 60% destinados à Competitividade, reforçando os
avanços do CAPEX Estratégico da Companhia. Para o ano de 2025, o
Conselho de Administração da Gerdau S.A. aprovou em 19 de fevereiro
de 2025, o plano de investimentos em CAPEX 2 no valor de R$ 6,0
bilhões.
A Dívida bruta registrada em 31 de março de 2025 era de R$ 14,5
bilhões, 6,4% superior em relação ao trimestre anterior em função
de tomadas de aproximadamente R$ 1,2 bilhão em empréstimos
bilaterais com instituições de primeira linha, compensada pela
valorização do real frente ao dólar (+7,3%). Comparada ao 1T24, a
Dívida bruta era 31,4% superior devido às emissões de debêntures
realizadas em 2024 e ao efeito da valorização do dólar frente ao
real (+14,9%). O aumento da Dívida líquida em relação ao 4T24
também foi influenciado pela redução de aproximadamente R$ 1,4
bilhão na posição do caixa no 1T25.
Os resultados da Gerdau (BOV:GGBR3)
(BOV:GGBR4)
referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2025 foram
divulgados no dia 28/04/2025.
Teleconferência
A Gerdau segue otimista sobre o desempenho de suas operações na
América do Norte, diante de uma carteira de encomendas elevadas,
apesar de preocupações sobre incertezas geradas pela política
comercial dos Estados Unidos, afirmaram executivos da siderúrgica
brasileira nesta terça-feira.
O vice-presidente de finanças da Gerdau, Rafael Dorneles Japur,
afirmou que a carteira de encomendas da companhia nos EUA segue
acima de 70 dias, nível considerado “robusto” pelo executivo.
“Não temos percebido redução nos volumes de vendas”, afirmou o
executivo durante conferência com analistas sobre os resultados da
companhia no primeiro trimestre, divulgados na noite de
segunda-feira.
“Claro que alguns setores estão mais preocupados que outros (com
as tarifas de importação), como a indústria automotiva, mas, de uma
forma geral, entendemos que estamos com um nível de atividade
robusto”, acrescentou Japur.
Segundo a companhia, o portfólio de produtos da empresa nos EUA
tem encontrado demanda resiliente nos setores voltados a obras de
construção não-residencial e energia solar, que têm sido
favorecidos pela preferência do mercado por produtos nacionais em
detrimento dos importados.
No primeiro trimestre, a receita líquida da Gerdau da América do
Norte cresceu quase 11% sobre um ano antes, para R$8,8 bilhões,
apoiada em parte pela valorização do dólar frente o real, que
compensou quedas de preços no mercado.
VISÃO DO MERCADO
Na visão da XP Investimentos, a Gerdau reportou resultados
ligeiramente melhores do que o esperado, com lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês)
ajustado de R$ 2,4 bilhões estável na base trimestral (+4% versus a
projeção da XP e +5% acima do consenso), refletindo um desempenho
em recuperação na América do Norte, mas parcialmente compensado por
um desempenho mais fraco no Brasil.
Os analistas destacam: (i) melhoria do desempenho na unidade da
América do Norte, devido aos melhores volumes de vendas (+15%
frente o 4T24) e preços (+2% na base trimestral em dólares),
juntamente com menor Custo dos Produtos Vendidos por tonelada, ou
CPV/t (-3% trimestre a trimestre) em dólar); (ii) desempenho mais
fraco na unidade do Brasil, refletindo preços mais baixos (-4% na
base trimestral) e maior CPV/t (+3% ante o 4T24), devido à parada
para manutenção na usina de Ouro Branco; e (iii) fluxo de caixa
livre, ou FCF, negativo de R$ 1,2 bilhão, refletindo maior capex,
ou investimento em capital, desembolsado no trimestre anterior e no
consumo de capital de giro. A Gerdau ainda anunciou dividendos de
R$ 0,12 por ação (dividend yield, ou dividendo sobre o preço da
ação, anualizado de 3,1%) a serem pagos em 19 de maio.
O Bradesco BBI aponta que, no geral, a Gerdau apresentou
resultados trimestrais fracos, porém estáveis, com os números mais
fracos no Brasil sendo compensados por um desempenho mais forte nos
Estados Unidos.
“Naquela região, os volumes aumentaram 15% em relação ao
trimestre anterior, beneficiados por uma combinação de sazonalidade
mais forte e alguma atividade de reposição de estoque antes da
implementação de tarifas mais elevadas – levando a carteira de
pedidos da Gerdau a atingir 70 dias, o maior nível desde 2022”,
aponta o banco.
Ao mesmo tempo, as margens expandiram em relação ao trimestre
anterior, para 13,7% (2,9 pontos percentuais maior em relação ao
trimestre anterior), com o custo caixa/tonelada caindo 2% em
relação ao trimestre anterior e o preço realizado subindo 1%. Do
lado negativo, o Ebitda no Brasil continuou em queda, atingindo R$
1,1 bilhão, com margem Ebitda de 14,1%. Essa deterioração foi
impulsionada, principalmente, por preços domésticos mais baixos (4%
menores em relação ao trimestre anterior) e maior custo
caixa/tonelada mais altos (2% maiores em relação ao trimestre
anterior) –com a empresa citando condições de mercado mais difíceis
em meio à persistente alta penetração de importações e ao
crescimentoda oferta doméstica de vergalhões.
No segmento sul-americano, os resultados da empresa caíram 17%
em relação ao trimestre anterior, para R$ 188 milhões, impactados
pela redução dos volumes de vendas no Peru, preços mais baixos na
Argentina e demanda mais fraca do setor de infraestrutura no
Uruguai. Como resultado desta combinação, a Gerdau queimou caixa
(R$ 1,3 bilhão), elevando sua alavancagem financeira para 0,69 vez
a relação Dívida Líquida/Ebitda (de 0,48 vez no 4T24).
Para o BBI, apesar da Gerdau ter divulgado um conjunto de
resultados amplamente em linha com o esperado, a reação do mercado
dependeria fortemente do tom da administração durante a
teleconferência (ao 12h, horário de Brasília) – com os investidores
provavelmente focados nas tendências do 2T25, devido especialmente
às crescentes preocupações com as operações brasileiras e à fraca
geração de caixa. Diante disso, mantém postura cautelosa em relação
ao setor siderúrgico e a recomendação apenas neutra.
A Genial Investimentos ressalta como destaque positivo foi a ON
América do Norte, mas com um efeito dual (foi herói e vilão ao
mesmo tempo). Embora o resultado da unidade de negócios tenha
acelerado na base trimestral em virtude do sólido crescimento de
embarques (como comentaremos mais a frente), por outro lado na base
anual teve um desempenho anêmico, que foi dragado pelo aumento de
custos anual, principalmente pelos gastos com sucatas e patamar
mais robusto da taxa de câmbio do dólar a R$ 5,85 versus R$ 5,08 no
1T24, implicando em níveis mais altos de CPV/t convertidos em
reais.
Outro ponto relevante para o lado negativo foi a queima de fluxo
de caixa livre acima do esperado, atingindo R$ 1,3 bilhão (+28%
pior do que a estimativa da Genial) em virtude do alto dispêndio de
capex de R$ 1,8 bilhão (+20% versus a projeção da Genial), que pode
ser ruim no pensamento majoritariamente de curto prazo dos
investidores.
O Goldman Sachs aponta que as expectativas de lucro da Gerdau
foram recentemente revisadas para baixo, mas as compras nos EUA
superaram as expectativas e compensaram a fraqueza do Brasil. O
preço das ações da Gerdau caiu 13% no acumulado do ano, contra +12%
do Ibovespa.
No entanto, também espera que os investidores questionem a
sustentabilidade dos lucros e o momentum nos EUA. A administração
observou que parte da força do volume se deveu à reposição de
estoques em antecipação à maior efetividade das tarifas S32, mas
uma desaceleração esperada no investimento e no consumo na América
do Norte no segundo semestre pode reverter as tendências
atuais.
Ao mesmo tempo, os indicadores de demanda permanecem
relativamente fortes no Brasil, mas a competição contínua com
importações e uma desaceleração macroeconômica esperada devem
limitar a recuperação das margens.
“Também observamos o potencial da Gerdau para disputar
participação no mercado doméstico em um ambiente de demanda
enfraquecida. Por fim, o elevado compromisso de investimento em
2025-26 (com depreciação de 2 vezes) em tempos de incerteza quanto
aos lucros deve manter os investidores à margem”, afirmam os
analistas.
Apesar de uma recompra agressiva e bem-vinda realizada no 1T,
acredita que o momentum provavelmente diminuirá, visto que a
geração de fluxo de caixa livre será limitada e a alavancagem
líquida já está acima da meta da administração.
O banco tem recomendação de compra com base na boa posição
competitiva estrutural e no potencial para forte geração de fluxo
de caixa livre (maior do que 15%) assim que o investimento em
capital se normalizar (após 2027). Mas a cautela com as elevadas
incertezas macroeconômicas e o escopo limitado para o FCF devem
manter os investidores à margem no curto prazo, aponta o
Goldman.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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