Braskem inaugura terminal de US$ 450 milhões no México para suprir falta de etano e reforçar produção de polietileno
07 Maio 2025 - 11:03AM
ADVFN News
As operações da Braskem no México estão prestes a ganhar um
esperado reforço para a produção de polietileno na fábrica de
Coatzacoalcos, cidade de difícil pronúncia no estado de Veracruz. O
Terminal Química Puerto México (TQPM), investimento previsto há
quatro anos, por fim será inaugurado nesta quarta-feira (7). O
projeto demandou recursos da ordem de US$ 450 milhões e foi
concebido para trazer, dos Estados Unidos, uma matéria-prima que
anda em falta na planta mexicana: o etano.
O composto químico é ponto de partida para a produção do
polietileno, resina industrial utilizada na produção de uma
infinidade de itens de plástico do dia a dia e altamente demandado
pela indústria de embalagens. Mas a carência de etano se acentuou
nos últimos anos, fazendo com que a fábrica de Veracruz chegasse a
operar na metade de sua capacidade e até paralisasse a
produção.
“Hoje a gente não consegue passar de 80% da capacidade. [….]
Empresa de capital intensiva precisa rodar a plena carga”, afirmou
Isabel Figueiredo, CEO da Braskem Idesa, em encontro com
jornalistas na sede da empresa, na Cidade do México.
O TQPM promete acabar com esse gargalo, com estrutura para
receber navios vindos do Texas, onde estão os maiores produtores e
exportadores de etano do mundo – e a uma distância de apenas dois
dias de navegação pelo Golfo do México. A Braskem investiu mais de
US$ 200 milhões em duas embarcações com estrutura apropriada para
transportar a matéria-prima, que é embarcada em estado liquefeito e
acondicionada em temperaturas negativas. Os navios serão dedicados
para a logística do TQPM.
A Braskem (BOV:BRKM5) toca a operação no México com uma sócia
minoritária local, a Idesa, petroquímica que atualmente é
controlada pelo Grupo Carso, de Carlos Slim. Para a construção do
Terminal, a Braskem Idesa fez joint venture com um terceiro nome, a
Advario, divisão holandesa da alemã Oiltanking, especializada em
construção, financiamento e operação de terminais portuários.
Fornecimento de estatal mexicana comprometeu
produção
Braskem e Idesa se juntaram em 2009 para participar dos leilões
da Petróleos Mexicanos (Pemex) e venceram o certame. No acordo,
assinado no ano seguinte, a estatal mexicana se comprometia a
fornecer 66 mil barris diários de etano à Braskem Idesa por duas
décadas.
A fábrica de etileno em Coatzacoalcos começou a operar em 2016,
às custas de um investimento de US$ 5,2 bilhões. Os problemas de
fornecimento de etano pela Pemex começaram dois anos depois e
escalaram, gerando ruídos com o governo de Andrés Manuel López
Obrador. O presidente no poder à época chegou a questionar a
legitimidade do contrato que classificou como “leonino”, alegando
que a Braskem Idesa adquiria o etano por apenas uma fração do que a
matéria-prima custava no mercado.
Em 2021, as partes chegaram a um acordo com um aditivo
contratual que reduziu a obrigação de fornecimento da Pemex para 30
mil barris por dia até a entrada em operação do TQPM. A estatal
mexicana também acertou que iria contribuir com projeto, concedendo
áreas para a construção do terminal.
A nova estrutura portuária tem capacidade para importar 80 mil
barris diários de etano equivalente. “O terminal consegue nos
fornecer além da nossa capacidade hoje”, explicou Isabel
Figueiredo. A capacidade total de produção da Braskem Idesa hoje é
de 1 milhão e 50 mil de toneladas de polietileno por ano. Com a
nova estrutura, a empresa estuda a possibilidade de expandir a
capacidade de produção para até 125%.
“Isso ainda não está decidido, tem que ser aprovado pelo
conselho. Mas faz muito sentido, pois vamos ter etano disponível, e
a nossa planta de polietileno foi concebida para conseguir operar
além da capacidade nominal”, explica a CEO.
No momento de partida do Terminal, a Pemex deixa de ter a
obrigação de fornecer etano para a Braskem Idesa. Mas a executiva
diz que a empresa vai tentar seguir comprando a matéria-prima da
estatal. “É o [etano] mais competitivo, pois vem de dutos. Sempre
vai ser nossa melhor alternativa. E nós já dissemos isso à Pemex,
que estamos dispostos a comprar”.
Foco no mercado mexicano
A operação no México responde por aproximadamente 15% dos
volumes e faturamento global da Braskem e o aumento da produção
tende a elevar esse percentual. Hoje, 60% do polietileno que sai da
planta de Veracruz é vendido dentro do próprio país, o que faz a
empresa ser o player local com maior participação de mercado –
cerca de 20%. “Os 80% restantes vêm praticamente dos Estados
Unidos”, explica Isabel.
O que não abastece o mercado interno, é exportado,
principalmente, para América Central, Caribe e a porção norte da
América do Sul, regiões em que as facilidades logísticas tornam a
exportação mais competitiva.
“A gente quer focar no mercado mexicano, porque ele é
deficitário e importa 80% do que consome. Temos vantagens em
relação ao produto que vem de fora. Estamos aqui, garantimos
disponibilidade e entrega, porque somos um produtor local”, diz a
CEO.
Questionada sobre como a guerra tarifária iniciada pelo
presidente americano Donald Trump poderia impactar a logística no
novo Terminal, a executiva diz não estar preocupada. “Dificilmente
o governo mexicano vai colocar alguma taxação no etano [dos Estados
Unidos], porque o próprio governo mexicano depende muito de gás
americano”, diz.
Por outro lado, mercados que por ventura decidirem taxar o
polietileno americano, podem se tornar potenciais compradores da
Braskem Idesa. “O México tem acordos bilaterais com mais de 50
países do mundo. Não vai faltar mercado para a gente”, conclui a
executiva.

Informações Infomoney
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