A Marfrig anunciou uma proposta de incorporação da totalidade
das ações de emissão da BRF ainda não detidas pela companhia.
“A operação prevista no protocolo e justificação consiste na
incorporação, pela Marfrig, da totalidade das ações de emissão da
BRF não detidas pela Marfrig na data de fechamento, tendo como
contrapartida a entrega aos acionistas da BRF (com exceção à
Marfrig) de ações ordinárias de emissão da Marfrig, afirma o fato
relevante enviado ao mercado com os detalhes da operação.
Os acionistas da BRF (com exceção à Marfrig) receberão 0,8521
ações ordinárias de emissão da Marfrig (BOV:MRFG3) para cada 1 ação
ordinária de emissão da BRF (BOV:BRFS3) detida na data de
consumação da incorporação de ações.
As companhias destacaram que identificaram potenciais sinergias
no contexto da incorporação, que inclui aumento de receitas e
redução de custos no montante estimado de R$ 485 milhões por ano,
decorrente da aceleração de oportunidades de cross-selling,
incluindo volumes e demais frentes comerciais por meio da
capilaridade logística e força das marcas, e de sinergias na cadeia
de suprimentos.
As empresas também anunciaram a convocação de assembleia geral
extraordinária de acionistas da Marfrig e da BRF para o dia 18 de
junho, para deliberar sobre a incorporação das ações.
A Marfrig informou ainda que submeteu a sua assembleia a
proposta de aprovação da alteração da denominação social da Marfrig
de Marfrig Global Foods para MBRF Global Foods Company.
VISÃO DO MERCADO
A sexta-feira (16) é movimentada para as empresas do setor de
proteínas, em meio aos resultados do setor, notícias de união de
negócios entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) e por conta de uma
notícia bastante negativa: a confirmação pelo Brasil do 1º foco de
gripe aviária em granja comercial.
Mesmo assim, entre as ações de MRFG3 e BRFS3, o efeito da fusão
tem predominado no momento, com as expectativas já na véspera de
forte alta para a primeira e de queda para a segunda: às 10h27
(horário de Brasília), MRFG3 saltava 17,28%, a R$ 24,23, enquanto
BRFS3 caía 3,94%, a R$ 19,81.
Sobre a gripe aviária, o Brasil, maior exportador de carne de
frango do mundo, confirmou nesta sexta a primeira detecção do vírus
da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em granja
comercial, levantando a possibilidade de restrições por parte de
parceiros comerciais. A detecção ocorreu no município de
Montenegro, no Rio Grande do Sul, disse o Ministério da Agricultura
em comunicado.
As exportações brasileiras de carne de frango somaram US$ 10
bilhões em 2024, respondendo por cerca de 35% do comércio global,
com grande parte das vendas realizadas por BRF e JBS (JBSS3), que
exportam para cerca de 150 países.
“Todas as medidas necessárias para o contingenciamento da
situação foram rapidamente adotadas, e a situação está sob controle
e monitoramento dos órgãos governamentais”, disse a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em um comunicado.
O ministério disse que está tomando as medidas necessárias para
conter e erradicar o foco, além de realizar a comunicação oficial à
Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos parceiros
comerciais do Brasil e outros.
O país, que exportou mais de 5 milhões de toneladas de produtos
avícolas no ano passado, confirmou os primeiros surtos da gripe
aviária altamente patogênica entre aves selvagens em maio de 2023
e, desde então, registrou surtos na natureza em pelo menos sete
Estados.
Dentre as ações do setor, a BRF, dona da Sadia e Perdigão,
aparece como mais exposta a esses eventos, conforme analistas
recorrentemente apontam em eventos sobre o tema que já ocorreram
nos últimos anos.
Dia negativo para BRF, positivo para
Marfrig
A expectativa já era de um dia negativo para as ações BRFS3, uma
vez que analistas já apontavam uma queda desses ativos por conta da
operação de troca de ações entre Marfrig-BRF anunciada na véspera
por conta da junção de operações.
A Marfrig afirmou que vai incorporar a totalidade das ações de
emissão da BRF não detidas pela companhia, formando a MBRF, uma
empresa global do setor de carnes e alimentos processados com
receita de R$ 152 bilhões consolidada em 12 meses.
A transação prevê uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig
por cada ação da BRF detida, considerando já uma “distribuição
máxima” de proventos pelas companhias, sendo R$ 2,5 bilhões pela
Marfrig e R$ 3,5 bilhões pela BRF, segundo uma nota conjunta.
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Em relatório, a XP apontou que os termos são mais favoráveis ao
acionista controlador (Marfrig), projetando uma forte reação
positiva para as ações da MRFG3, com queda nas ações da BRFS3 como
reação.
A XP vê a aprovação como certa, uma vez que a Marfrig deverá
votar em ambas as assembleias. Já as sinergias operacionais
anunciadas (R$ 805milhões) ficaram abaixo da sua expectativa.
Apesar da complexidade e estágio inicial, e dado que a operação já
era amplamente antecipada, os analistas veem o anúncio como
positivo – com viés favorável à Marfrig.
Antes das sinergias, e supondo que não haja acionistas
dissidentes, o Bradesco BBI apontou estimar que os termos propostos
implicariam em alta de 8% para o MRFG3 e 9% de queda para o BRFS3
com base no fechamento de ontem. Nesse cenário, estima que o MBRF
teria um índice de alavancagem para 2025 de 3,5 vezes e um
EV/Ebitda (valor da empresa/lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações) para 2025 (pré-sinergias) de 5,7
vezes.
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“Os termos propostos parecem beneficiar os acionistas da Marfrig
mais diretamente, mas o upside para ambos os lados dependerá de
quanto das sinergias projetadas forem entregues. Do jeito que as
coisas estão, vemos o MBRF nascendo com múltiplos acima dos pares,
o que mantém nossas recomendações inalteradas (neutra)”,
avalia.
O Goldman Sachs ressaltou também que, na véspera, BRF e a
Marfrig apresentaram o que considera um conjunto consistente de
resultados, mas apontou que o debate de mais micro a curto prazo
provavelmente se concentraria no acordo de fusão proposto.
“Embora reconheçamos o potencial de extração de sinergia
identificado pelas equipes de gestão em nossa visão, a alavanca
mais importante para a criação sustentável de valor é a potencial
reclassificação que poderia ocorrer para a entidade combinada como
uma empresa menos alavancada, mais diversificada e menos
comoditizada. Continuamos observando uma melhor relação
risco-retorno para as ações da Marfrig”, apontou.
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Assim, a ação da BRF deve ser duplamente afetada hoje: por ser
mais exposta negativamente ao noticiário sobre gripe aviária e
pelos termos da junção de negócios não ser tão favorável para os
acionistas da companhia.

Informações Financenews
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2025 até Jun 2025
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jun 2025